Banco reduz piso e taxa para salvar os fundos

Banco reduz piso e taxa para salvar os fundos

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

A queda de 4,5 pontos da taxa Selic desde o início do ano já obriga as instituições financeiras a rever sua estratégia em fundos de investimentos. Itaú Unibanco, Bradesco e HSBC iniciaram o movimento. Além disso, o Banco do Brasil deverá anunciar, em breve, cortes em suas taxas de administração.

Segundo o professor de Finanças da Brazilian Business School, Ricardo Torres, com a queda da Selic, de 13,75% em janeiro aos atuais 9,25% ao ano, a rentabilidade das aplicações caiu muito devido às taxas praticadas. "Com um juro básico alto, acima dos 10% anuais, uma taxa de 2% passava despercebida. Agora, os fundos perderam muitos investidores", afirma. Segundo ele, a poupança passou a ser um grande concorrente.

"Com uma taxa fixa de 6% ao ano, mais TR, passou a ter um rendimento mais atraente para os investidores, por não ter cobrança de administração nem incidência de impostos", argumenta. Ao contrário das pretensões do BB, de agir sobre o custo de administração, Itaú Unibanco, HSBC e Bradesco promoveram cortes nos valores mínimos de entrada nas aplicações.

Segundo o diretor executivo responsável por Produtos de Investimentos do Itaú, Osvaldo Nascimento, as primeiros reduções da instituição se iniciaram em março. No varejo, por exemplo, o fundo Mega, com cobrança de 1,4% ao ano, primeiro caiu de R$ 100 mil para R$ 70 mil em março e, recentemente, para R$ 50 mil. Na linha Personnalité, o Maxim primeiro caiu de um mínimo de R$ 120 mil para R$ 80 mil, e depois para R$ 50 mil. "O mínimo engloba todas as aplicações do cliente. Se um correntista Personnalité, por exemplo, tiver R$ 50 mil divididos entre poupança e previdência, já poderia entrar com R$ 1.000 em um fundo Maxim", explica.

De acordo com o HSBC, desde o começo do ano o banco vem reduzindo o valor mínimo de aplicação inicial de fundos de investimento, entre DI, renda fixa e multimercados, que totalizam 12 fundos. Em abril, foram reduzidos os aportes iniciais dos fundos Renda Fixa Pré Max, de R$ 50 mil para R$ 15 mil, do Renda Fixa Performance Premier, de R$ 50 mil para R$ 15 mil, e do Multimercado Aquamarine, de R$ 25 mil para R$ 15 mil.

Já o Bradesco anunciou a queda do valor mínimo de aplicação em mais de 30 fundos de investimento, entre DI, renda fixa, multimercados e ações. Os valores para as aplicações adicionais também foram reduzidos.

O FIC Curto Prazo, por exemplo, passou de uma aplicação inicial de R$ 5 mil para R$ 500, mesma mudança realizada no FIA Ibovespa Ativo. Já o Referenciado DI Platinum passou de R$ 200 mil para R$ 80 mil.

Segundo o professor de Finanças do Insper, Liao Yu Chieh, muitos bancos contam com a ignorância de seus clientes em relação às cobranças para manter uma alta rentabilidade. "Com uma queda na entrada mínima sem mudança em taxa de administração, a instituição conta com a inércia dos que já estão na aplicação, para não buscarem uma rentabilidade maior, e atrai novos participantes", diz o acadêmico.

O novo cliente, segundo ele, busca a melhor taxa e condições para aplicar. "No entanto, muitos dos que lá já estão não acompanham as mudanças e não sabem quanto estão pagando de administração", acredita.

Para o executivo do Itaú Unibanco, as taxas ainda estão competitivas. "Um cliente que aplica o salário em fundos de investimento consegue liquidez e rentabilidade diária. A poupança só dá TR + 0,5% a cada 30 dias", compara. Assim, segundo ele, um cliente com uma grande movimentação não chega a esse patamar de rentabilidade. "Um cliente que movimenta muito a poupança irá receber uma rentabilidade zero. Nesse caso, é melhor uma taxa de administração alta, porém que garanta a rentabilidade. É preciso avaliar o portfólio do cliente e seu perfil de risco para orientar na aplicação", completa o executivo.

Para ele, o mercado está se movimentando para aplicações em renda variável. "Por isso, neste primeiro semestre, estamos aculturando nossos clientes com esse tipo de investimento. Criamos dois produtos com esse fim."

O executivo se refere ao principal garantido, em que, em caso de uma volatilidade controlada na Bolsa, o cliente recebe 109% do CDI. Em caso de alta volatilidade, para cima ou para baixo, recebe o que aplicou.

O outro produto é um fundo das ações que mais pagam dividendos, creditados mensalmente na conta do correntista, isento de impostos.

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