A fabricante de material esportivo Olympikus não deverá ter perdas financeiras e a imagem arranhada por conta do escândalo envolvendo o goleiro Bruno, do Flamengo, acusado de participação no assassinato da ex-namorada Eliza Samudio. Segundo especialistas em marketing esportivo, a empresa agiu rapidamente ao anunciar o rompimento do contrato de patrocínio o único do goleiro -, na última quarta-feira, o que deve preservar a marca de associações negativas.
A empresa agiu rapidamente e evitou um arranhão na imagem, diz Rafael Plastina, diretor da Infomídia, especialista em gestão e marketing esportivo. Se fizer uma pesquisa hoje, muito provavelmente as pessoas que se lembram do Bruno não associarão a Olympikus ao goleiro. Pesquisa realizada pela Infomídia com quatro mil pessoas no Rio de Janeiro e em São Paulo mostrou que Bruno foi apenas o 15º atleta mais admirado pela população carioca, com 1,1% dos votos dos entrevistados. Não acredito que as pessoas vão boicotar a Olympikus apenas porque o Bruno está na cadeia acusado de participar da morte da ex-namorada, diz Clarisse Setyon, professora do curso de especialização em marketing esportivo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). A empresa é muito maior e mais forte do que o goleiro.
O contrato de Bruno com a Olympikus é recente. Em maio deste ano, a empresa passou a fornecer material esportivo para o goleiro. De acordo com os especialistas, isso faz com que a imagem dele ainda não esteja diretamente associada à marca. O link com a marca só acontece com o passar dos anos. É preciso continuidade para que haja associação da marca patrocinadora com o atleta, diz Plastina. Com o estouro do caso, o contrato de patrocínio de Bruno foi suspenso pela Olympikus até que as investigações da polícia sejam concluídas. Isso significa que a linha de produtos exclusivos do goleiro como luvas, camisas e chuteiras deixará de ser produzida nesse período. Procurada pela reportagem do iG , a fabricante de material esportivo não quis se pronunciar sobre o caso.
Para Amir Somoggi, consultor e professor de marketing esportivo e gestão do esporte, o goleiro Bruno foi o porto-seguro da Olympikus no Flamengo. A empresa se tornou a fornecedora oficial de material esportivo do clube em julho de 2009, quando fechou um contrato de aproximadamente R$ 21 milhões anuais. Hoje a marca Olympikus está mais associada ao Flamengo do que ao Bruno, diz Somoggi.
Apesar disso, Somoggi não acredita que a Olympikus saíra ilesa do caso Bruno. Para ele, o futebol gera uma série de benefícios para as empresas. Ao mesmo tempo, a exposição excessiva da marca torna-se um risco quando o atleta se envolve em polêmicas. Muita empresa tem medo de entrar no futebol por causa dos aspectos negativos do esporte, com cartolas corruptos e violência, diz Clarisse. Agora, o diretor de marketing vai pensar 15 vezes se vai haver um novo Bruno.
Lições
Apesar de não representar grandes perdas para a Olympikus, o caso Bruno pode ensinar uma série de lições para as empresas que investem em marketing esportivo. Segundo especialistas, as companhias vão dar mais importância para o comportamento dos atletas fora do campo de futebol. Tem de incentivar as empresas a valorizar a ética e a moral, diz Luiz Henrique Gullaci, professor de marketing da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutorando em administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP).
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