A possibilidade de o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficar acima do limite superior do sistema de metas de inflação, que é de 6,50% para este ano, é de 45% (cenário de referência - que considera juros e câmbio estáveis) e de 44% (cenário de mercado - que considera juros e câmbio previstos pelos analistas dos bancos), segundo informou o Banco Central por meio do relatório de inflação do terceiro trimestre, documento que foi divulgado nesta quinta-feira (28).
A última vez em que o IPCA ficou acima do teto do sistema de metas de inflação foi em 2003, quando o IPCA somou 9,3%, para uma meta ajustada de 8,5%. Nesta semana, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse ser "possível" que o IPCA fique abaixo do teto de 6,5% estabelecido pelo sistema de metas de inflação para este ano. Os analistas do mercado financeiro também previram nesta semana, pela primeira vez, o estouro do teto da meta de inflação de 2011.
Relatórios anteriores
Levantamento feito pelo G1 revela que a possibilidade de estouro do teto do sistema de metas de inflação neste ano vem crescendo desde setembro do ano passado, quando estava em 10% para o cenário de referência e de 12% para o cenário de mercado.
Em dezembro, a chance de o IPCA ficar acima de 6,5% estava em 13% em ambos os cenários, passando para 20% (referência) e 18% (mercado) em março deste ano. Já em junho, a possibilidade de "estouro" era de 22% (cenário de referência) e de 18% (mercado).
A pesquisa também mostrou que a possibilidade de estouro da meta de inflação neste ano é a maior desde 2004. Em setembro daquele ano, mesmo mês do atual relatório de inflação, o BC via a possibilidade de o IPCA ficar acima do teto do sistema de metas (naquela época de 7%) de 31% no cenário de referência. Não foi disponibilizada previsão com base no cenário de mercado.
Em 2008, a possibilidade de ultrapassar o teto, também no relatório de setembro, era de 25% em ambos os cenários. Nos anos de 2005, 2006, 2007 e 2009, a possibililidade de o teto ser superado, também em setembro de cada ano, era muito pequena.
Sistema de metas de inflação
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Neste momento, a autoridade monetária já está nivelando a taxa de juros para atingir a meta do próximo ano.
Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.O BC busca trazer a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
Quando a meta de inflação é descumprida, o presidente da autoridade monetária tem de escrever uma carta aberta ao ministro da Fazenda explicando as razões que motivaram o "estouro" da meta formal. No começo deste ano, a inflação avançou com mais intensidade por conta do aumento dos preços das "commodities" (produtos com cotação no mercado internacional, como alimentos, petróleo e minério de ferros).
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