Com que camisa eu vou?

Com que camisa eu vou?

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:09

Imagine que você está num processo de seleção e o entrevistador solta esta: "Em nossa empresa os funcionários têm de vestir a camisa, se possível tatuar a marca da empresa. Queremos compromisso irrestrito com nossos valores! Você topa?". E, então, o que você faz? Promete vestir a camisa até as últimas conseqüências? CUIDADO! Na grande maioria das vezes, para subir na escada corporativa, uma das regras básicas é QUEBRAR AS REGRAS E REDEFINIR OS VALORES! A lógica é simples: fazer o mesmo e o esperado poderá levá-lo à competência; fazer a diferença, o não esperado, o outrora proibido, multiplicará sua chance de alcançar a excelência e a notoriedade. Não há nenhum problema em você vestir a camisa de valores da empresa, desde que você tenha a sua própria por baixo. Ou seja, deixando a camisa de valores da empresa colar em você, é provável que você se transforme num clone dela, pronto a repetir ou perpetuar o já estabelecido. É possível que assim, contribuindo com idéias e ações balizadas somente pelos valores já existentes, você seja co-responsável pela EVOLUÇÃO da empresa. Mas, certamente, jamais será o protagonista de sua REVOLUÇÃO, jamais estará no foco da ação. Essa tarefa cabe aos atores que ousam rebelar-se contra o pensamento vigente, que rompem com o status quo. É lógico que você precisa ser sábio para mostrar sua camisa na hora e da forma certa.

Não foi respeitando cegamente todas as regras e valores da espartana e politicamente incorreta Marinha norte-americana dos anos 50 que Carl Brashear se tornou o primeiro negro americano a entrar na divisão de mergulhadores e o primeiro negro Comandante-Chefe daquela arma. Só chegou lá por perseguir obstinadamente seus objetivos, mas balizado também nos valores que cria. Está tudo registrado no filme "Homens de Honra". Sim, é verdade que Carl poderia ter se dado mal, ser chutado para fora. E em sua jornada de sucesso teve de enfrentar prisão, humilhações, e tribunal (até porque se não tiver tribunal não é filme americano). Mas correr riscos é uma realidade inevitável para quem deseja ir além. Por isso poucos chegam lá.

Hunter (Patch) Adams poderia ter sido mais um pacato e respeitado médico no hospital da Escola de Medicina da Virgínia, EUA. Mas não se conformou com essa idéia, muito menos com os valores que norteavam a conduta de atendimento aos pacientes daquela instituição. Quebrou as regras, redefiniu alguns valores e foi aclamado, de pé, por sua turma de graduação e por seus pacientes como um herói. Também virou filme. Nas organizações brasileiras existem inúmeros Brashear´s e Adam´s, infelizmente não retratados pelo cinema nacional.

Se você quiser, pode usar mil e uma desculpas para provar que em seu caso é impossível vestir e fazer valer sua própria camisa, que na sua empresa a cultura é outra, que seu chefe é um tirano, blá, blá, blá... Mas, a verdade é uma só: se você quiser brilhar e entrar para o hall da fama, ou você com obstinação muda a empresa, ou muda de empresa, antes que ela rasgue sua camisa.

Paulo Angelim   é consultor, conferencista e palestrante nacional em Vendas e Motivação e autor dos livros "Desenvolvimento profissional: Alcance o sucesso sem vender a alma" e "Morra e Mude".

Contato:   www.pauloangelim.com.br

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