Depois de cerca de um ano de conversas, a venda por 2,5 bilhões de reais da Mantecorp tornou a Hypermarcas a maior empresa nacional de medicamentos. Entre as 11 aquisições da empresa no ano, essa foi a sexta do setor de fármacos. Dentro dessa unidade de negócios, a Mantecorp era uma estratégia para alcançar nosso objetivo de ser a líder do setor no país, Porém, a conquista da liderança ainda está longe da companhia. Na competição com multinacionais, a Hypermarcas fica com a vice-liderança no país. Para reforçar sua posição, a companhia adquiriu da farmacêutica francesa Sanofi-Medley as marcas de medicamentos Digedrat (tratamento cardíaco), Peridal (gastroenterologia) e Lopigrel (pediatria) por 84 milhões de reais, em novembro.
Tanto interesse da Hypermarcas pelo mercado de medicamentos -- que corresponde a 45% do faturamento total da empresa -- se dá pelo potencial do mercado brasileiro. A estimativa é que, nos próximos anos, o crescimento da indústria venha sobretudo dos países emergentes. Nações como Brasil, China e Índia terão crescimento anual entre 14% e 17% até 2014, contra uma taxa de 3% a 6% nos países desenvolvidos, que já tem um mercado consolidado. Cada um desses países movimentará uma receita de até 15 bilhões de dólares até 2013. Nesse cenário, o Brasil será o oitavo maior mercado farmacêutico do mundo, ultrapassando o Reino Unido, já em 2011.
De olho nos genéricos
Agora está na hora de alinhar as operações, mas continuaremos de olho em novas oportunidades, diz Bergamo. O objetivo agora é ficar mais distante dos concorrentes. Oportunidades não faltam e os genéricos continuarão como parte importante da estratégia da empresa. O Brasil conta com cerca de 90 laboratórios de genéricos, sendo a maioria de pequeno porte -- é claro, estão na mira da Hypermarcas.
Ingressar nessa indústria do zero não é fácil. É preciso cumprir uma série de exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), como registro de produtos e testes. Todo o processo consome, pelo menos, quatro anos e alguns milhões de dólares. A Anvisa nos impede de crescer mais rápido com seus demorados processos, diz Bergamo. Segundo ele, a Hypermarcas terá cerca de 150 novos medicamentos registrados até junho de 2011 50 deles em genéricos.
Até 2012, 30 medicamentos perderão suas patentes no Brasil. Neste ano, por exemplo, venceu a patente do Viagra, para disfunção erétil. Em 2011, quem perde a patente é o Lipitor, que combate o colesterol. Ambos da americana Pfizer. Só no primeiro trimestre, foram comercializados 93,8 milhões de medicamentos genéricos no Brasil - um crescimento de 76% sobre o mesmo período do ano passado. E altas vendas são importantes para os laboratórios, já que por lei os genéricos são 35% mais baratos. Entre os dez produtos mais receitados no país, oito são genéricos.
Bergamo afirma que a Hypermarcas continuará com seus planos de investimento (o valor não é revelado) para a unidade fabril de Anápolis (GO). Segundo especialistas ouvidos por EXAME.com, a empresa teria de desembolsar, no mínimo, 110 milhões de reais para ter condições de brigar de igual para igual no setor farmacêutico apenas uma nova fábrica de comprimidos exigiria um aporte de cerca de 50 milhões de reais. A nossa proposta é ser um consolidador do setor, tanto em genéricos como em similares, diz Bergamo.
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