Consumidores de regiões menos favorecidas pagam tarifas de energia mais caras, aponta estudo

Consumidores de regiões menos favorecidas pagam tarifas de energia mais caras, aponta estudo

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:31

Consumidores de regiões menos favorecidas pagam tarifas de energia mais caras, aponta estudo

Os consumidores residenciais brasileiros convivem com uma assimetria tarifária que, em alguns casos, chega a resultar em valores 58% mais caros que a maior tarifa cobrada por uma distribuidora no país. A conclusão consta de pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel/UFRJ) e será objeto de discussão no workshop Assimetria Tarifária na Distribuição, que o grupo realiza hoje, dia 10 de dezembro.

"O objetivo é demonstrar que nós temos grandes diferenças nas tarifas, nas diversas áreas de concessão no país", disse nesta terça-feira, dia 9 de dezembro, o economista Joazir Nunes Fonseca, pesquisador do Gesel.

Fonseca afirmou que a diferença de tarifas é geral. No caso da classe residencial, em particular, existem 64 distribuidoras operando nas diversas regiões brasileiras. "Existe um distanciamento enorme entre os mercados em termos de quanto custa a tarifa residencial. É isso que a gente chama de assimetria tarifária", explicou.

O economista advertiu que, embora não exista um padrão desse tipo de comportamento, a maioria das empresas com tarifas mais baratas está localizada nas regiões mais ricas do país, Sul e Sudeste, enquanto algumas empresas com tarifas mais elevadas estão no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. "Mas isso não é um padrão", destacou.

"Eu tenho, por exemplo, tarifas bem em conta no mercado paranaense e em São Paulo e tenho tarifas bastante caras em Rondônia, no Acre, em Alagoas, Sergipe e no Piauí". O que se observa no momento, disse o economista, é que algumas empresas de mercados mais favorecidos estão com tarifas residenciais mais em conta, em comparação a mercados menos favorecidos, de maior dificuldade.

O cruzamento de informações feito pelo estudo do Gesel/UFRJ conclui que onde as tarifas estão mais altas, "é bem comum você encontrar Índices de Desenvolvimento Humano (IDHs) mais baixos. E IDHs mais elevados onde as tarifas estão mais em conta".

O ideal, ressaltou Fonseca, é que houvesse uma simetria tarifária no Brasil. Essa solução, contudo, não é tão fácil  de ser alcançada, uma vez que o atual modelo tarifário do setor elétrico estabelece que cada empresa tenha a sua tarifa em função de seus custos e de suas características. O economista lembrou que "houve um tempo em que todo mundo pagava a mesma tarifa". Hoje, o modelo do setor permite que haja essas diferenças tarifárias.

O workshop vai debater a questão, visando propor soluções que serão encaminhadas à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo o economista, acabar com a assimetria tarifária não é uma tarefa simples porque  "fatalmente, você teria que mexer em alguns mecanismos do modelo tarifário".

Uma proposta em análise prevê a  criação de contas de compensação, como a Conta de Consumo de Combustíveis Fósseis (CCC), paga por todas as distribuidoras. O caixa gerado pela CCC é distribuído para as empresas que têm um gasto maior para a compra de energia, principalmente no sistema isolado, que usa muita energia com fonte de óleo combustível.

Fonseca lembrou que um dos princípios do atual modelo do setor elétrico é a modicidade tarifária, ou seja, garantir tarifas módicas para os consumidores. Por outro lado, advertiu que também os contratos de concessão têm de ser respeitados. E eles prevêem o equilíbrio econômico-financeiro das empresas. "Quer dizer, não é uma equação tão simples", concluiu.

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