Copom muda discurso e vê "sinais mais favoráveis" para inflação

Copom muda discurso e vê "sinais mais favoráveis" para inflação

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:38

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, colegiado responsável por fixar os juros da economia brasileira, que elevou a taxa básica para 12,25% ao ano na semana passada, mudou o discurso e informou nesta quinta-feira (16), por meio da ata do encontro, que cenário para a inflação, desde o fim de abril, mostrou "sinais mais favoráveis". Em abril, por exemplo, o próprio Copom ainda informava que o cenário para a inflação não havia "evoluído favoravelmente".

"No último trimestre de 2010 e no primeiro deste ano, a inflação foi forte e negativamente influenciada por choques de oferta domésticos e externos. As evidências sugerem que os preços ao consumidor já incorporaram grande parte dos efeitos diretos desses choques. Também foram relevantes efeitos diretos da concentração atípica de reajustes de preços administrados ocorrida no primeiro trimestre deste ano, que, em casos específicos, mostram sinais de reversão. O Comitê pondera que esses efeitos ainda deverão impactar indiretamente a dinâmica dos preços ao consumidor, entre outros mecanismos, via inércia", informou o BC.

'Período suficientemente prolongado'

Apesar da mudança de discurso, o Copom manteve a avaliação de que a implementação de "ajustes das condições monetárias", ou seja, aumentos na taxa básica de juros, por um "período suficientemente prolongado" continua sendo a estratégia mais adequada para "garantir a convergência da inflação para a meta [central de 4,5%] em 2012". A expectativa do mercado financeiro é de um novo aumento de 0,25 ponto percentual nos juros, para 12,50% ao ano, na reunião do Copom de julho.

Sistema de metas para inflação

Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas. Para 2011 e 2012, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Na última semana, os economistas do mercado financeiro baixaram sua previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2011 de 6,22% para 6,19%, informou o Banco Central. Para 2012, por sua vez, a previsão dos economistas dos bancos para o IPCA subiu de 5,1% para 5,13%.

A autoridade monetária também já sinalizou que não estaria mais buscando, por meio dos juros e do compulsório (instrumentos que tem à disposição), o centro da meta de inflação neste ano. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Carlos Hamilton Araújo, avaliou que seria "aceitável" um IPCA acima do centro da meta neste ano por conta da redução da oferta de alimentos - que pressionou para cima os preços no começo de 2011.

Medidas macroprudenciais e juros

O Banco Central avaliou também que as medidas macroprudenciais (aumento do compulsório e da exigência de mais capital para empréstimos a pessoas físicas, adotadas em dezembro do ano passado), assim como as "ações convencionais de política monetária", ou seja, as quatro elevações de juros autorizadas neste ano, "ainda terão seus efeitos incorporados à dinâmica dos preços".

"Embora incertezas crescentes que cercam o cenário global e, em escala bem menor, o cenário doméstico, não permitam identificar com clareza o grau de perenidade de pressões inflacionárias recentes, o Comitê avalia que o cenário prospectivo para a inflação mostra sinais mais favoráveis", acrescentou a autoridade monetária, por meio da ata da última reunião do Copom.

O cenário central de trabalho do BC, segundo a ata, também contempla "moderação na expansão no mercado de crédito". "Ainda sobre esse mercado, o Comitê considera oportuna a introdução de iniciativas no sentido de moderar concessões de subsídios por intermédio de operações de crédito", acrescentou.

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