Depois da Bud, brasileiros compram mais um ícone americano

Depois da Bud, brasileiros compram mais um ícone americano

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

O trio de investidores brasileiros formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira se especializou em comprar ícones da cultura americana. Em meados de 2008, foi a Anheuser-Busch, dona da Budweiser, uma das cervejas mais populares no país, arrematada por US$ 50 bilhões. O negócio deu origem à maior cervejaria do mundo, a Anheuser-Busch Inbev, que tem mais de 200 marcas em seu portfólio.

O investimento de US$ 4 bilhões na compra do Burger King, segunda maior rede de fast food do mundo, segue o mesmo enredo. O hambúrguer é considerado um dos símbolos do capitalismo americano. Mais do que isso, é um negócio bastante lucrativo. Só nos Estados Unidos, o mercado de fast food movimentou US$ 178 bilhões em 2009 – no Brasil, esse número chegou a R$ 11,9 bilhões no mesmo período.

Apesar de ser considerado um ícone da cultura americana, a origem do fast food pode ser encontrada nas barracas de pão e vinho instaladas nas ruelas da Roma antiga e nas lojas de noodles prontos para comer em cidades asiáticas. A forma como conhecemos hoje esse tipo de comida, no entanto, surgiu nos Estados Unidos. Fundada em 1921 em Wichita, no Kansas, a rede de restaurantes White Castle tinha como objetivo acabar com a sensação de que o hambúrguer era um tipo de comida feito de resto de carne e em lugares com pouca higiene.

Para tentar mudar isso, Walter Anderson e seu sócio, Edgar Ingram, construíram as lojas usando porcelanato branco e vestiram os funcionários com uniformes que deveriam estar sempre impecáveis. Foi um sucesso. Hoje, a White Castle tem 400 lojas e vende 500 milhões de sanduíches ao ano.

Os fundadores do White Castle deram o pontapé inicial para a criação de um mercado que ganhou força na década de 1950, com a criação do McDonald’s e do Burger King, e que hoje movimenta centenas de bilhões de dólares. Só nos Estados Unidos, são quase 304 mil restaurantes, que deixaram de vender hambúrguer para oferecer comida mexicana, tailandesa, pizza e outros tantos tipos de alimentos.

Quase quatro milhões de pessoas trabalham nessa indústria americana e geram uma receita de US$ 178 bilhões, equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) do Estado do Rio de Janeiro. A cultura americana de restaurantes que servem comida com rapidez e a preços relativamente baixos se espalhou pelo mundo. No Brasil, estudo da Associação Brasileira de Franquias (ABF) aponta que existem 41 cadeias de fast food que, juntas, somam 5,3 mil lojas e faturaram R$ 11,9 bilhões no ano passado.

Ônus do sucesso

Apesar de gerar muitos empregos e riquezas, a popularização dos restaurantes fast food trouxe pelo menos um grande problema. Por usarem muita gordura para preparar com rapidez os alimentos, as redes passaram a ser apontadas como as grandes responsáveis pela epidemia de obesidade que tomou conta de alguns países. De acordo com estudo publicado pela Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, 34% dos adultos acima de 20 anos são obesos. Outros 34% estão acima do peso. É um número duas vezes maior do que o registrado na década de 1960, quando as cadeias de fast food passaram a se popularizar. No Brasil, a situação se repete.

Estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 14,5% dos brasileiros acima de 20 anos são obesos. Há 35 anos, esse número estava pouco acima de 5%.

O  foi parar nas telas dos cinemas. No documentário Super Size Me, de 2004, o diretor americano Morgan Spurlock mostra o que pode acontecer com uma pessoa se ela comer durante 30 dias consecutivos, nas três refeições do dia, os sanduíches vendidos no McDonald’s. Durante a gravação, Spurlock chegou a consumir cinco mil calorias por dia – 2,5 vezes mais do que uma dieta considerada balanceada.

O resultado? Onze quilos a mais na silhueta e sintomas de depressão, letargia e dores de cabeça. Um médico chegou a descrevê-lo como um viciado. O documentário trouxe à tona a discussão sobre a obesidade causada pelas redes de fast food e ajudou a acelerar a mudança no cardápio de algumas lanchonetes, como o próprio McDonald’s. Hoje, é comum encontrar saladas e até frutas no menu desses restaurantes.

Vida nova

O mercado de fast food é novidade na vida de Lemann, Telles e Sicupira, que adquiriram por US$ 4 bilhões nesta quinta-feira o Burger King, a segunda maior rede de fast food dos EUA. Os investidores começaram a trabalhar no setor financeiro no início dos anos 1970 antes de embarcar para a compra de ativos da chamada economia real - o que acontece anos depois com a compra da Lojas Americanas, em 1982, e da cervejaria Brahma, em 1989.

Dez anos depois, juntou a cervejaria à Antarctica, criando a AmBev, a maior empresa de bebidas das Américas. Em 2004, o trio deu uma grande tacada ao unir-se à cervejaria belga Interbrew, criando a InBev, a maior cervejaria do mundo. Não durou muitos anos para então adquirir a Anheuser-Busch, a maior cervejaria dos EUA, dona da marca Budweiser, a mais consumida no mundo.

Postado por: Thatiane de Souza

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