A situação de emprego no Brasil, no meio da crise global, só melhorou para quem ganha até um salário mínimo e é jovem (até 24 anos). Depois dessas faixas, todos os outros trabalhadores com carteira assinada saíram perdendo.
A conclusão é de um estudo apresentado hoje, 29 de abril, pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão do governo, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.
O melhor resultado na criação de empregos entre outubro do ano passado e março deste ano ficou na faixa de quem ganha de meio a um salário mínimo. Foram abertos 118.638 postos de trabalho para eles, o que equivale a 6,5% da população empregada nessa faixa.
O pior resultado no mesmo período foi para quem ganha de 2,01 a 3 salários mínimos, intervalo onde houve fechamento de 256.141 postos de trabalho.
A faixa etária que está sendo mais beneficiada na crise é a de até 17 anos. Entre outubro e março, foram criados 101.468 postos de trabalho, o equivalente a 27,4% da população empregada nessa porção. Na faixa entre 18 e 24 anos, foram criados 42.455 postos.
Acima de 25 anos, todos perderam postos, A faixa que teve mais perda percentual foi a de mais de 65 anos, com redução de 15.837 postos ou 5,3% dos empregados.
O maior número absoluto de demissões ocorreu na faixa de 30 a 39 anos: foram 298.376, o que representa 2,6% dos empregados nesse intervalo.
Uma explicação dada pelo Ipea para o crescimento de vagas na faixa até 17 anos, é que ela concentra geralmente salários menores. As empresas preferem demitir profissionais mais velhos, que ganham mais.
O Ipea observa, no entanto, que, mesmo antes da crise, as faixas salariais acima de 2 salários mínimos já estavam perdendo postos de trabalho, na comparação com outubro de 2007 a março de 2008. Mesmo assim, a tendência de demissões "se torna mais explícita após outubro de 2008", avalia o documento divulgado pela entidade.
Segundo o instituto, foram os "investimentos governamentais que deram impulso à geração de postos de trabalho para populações mais jovens e com menor nível de rendimento."
Escolaridade
Apesar dos resultados ruins para quem ganha mais, a lógica se inverte quando se trata de escolaridade. Os que estudaram menos perderam mais empregos entre outubro de 2008 e março deste ano. Os analfabetos tiveram uma redução de 29.283 postos, ou 11,9% da população empregada nessa faixa.
Quem tem nível superior completo ganhou 17.919 vagas, o equivalente a 1,1% do total de empregados nesse intervalo.
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