Entenda a chamada 'guerra cambial'

Entenda a chamada 'guerra cambial'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:08

Na próxima semana, líderes das principais economias do mundo estarão reunidos em Seul, na Coreia do Sul, para debater o futuro da economia mundial. Dois anos após o ápice da crise financeira, no entanto, o centro das discussões promete ser a chamada "guerra cambial".

Como consequência da reação dos Estados Unidos à crise, o dólar vem perdendo valor frente a uma série de moedas. Essa desvalorização prejudica as exportações dos demais países, que vêem seus produtos se tornarem mais caros no mercado externo. A reação vem na forma de medidas unilaterais.

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA) anunciou que irá adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos públicos até a metade do próximo ano, como forma de injetar recursos na economia local.

As economias emergentes avaliaram que a medida - que foi alvo de críticas em todo o mundo - torna improvável um acordo significativo para reduzir os desequílibrios globais na reunião do G20.

"Todo mundo quer que a economia americana se recupere, porém não adianta ficar jogando dólar de helicóptero", disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília, nesta quinta. Segundo o ministro, é improvável que tal medida estimule o crescimento da economia global, podendo, por outro lado, agravar os desequilíbrios mundiais, preocupação também compartilhada pela China.

"Enquanto o mundo não exercer restrição à emissão de moedas de reserva como o dólar -- e isso não é fácil -, a ocorrência de outra crise é inevitável", escreveu Xia Bin, assessor do banco central da China, em um jornal administrado pela autoridade monetária.

Reclamações sobre a política monetária dos EUA também partiram do mundo desenvolvido. O ministro da Economia alemã, Rainer Bruederle, afirmou estar preocupado com que os Estados Unidos estejam tentando estimular o crescimento ao injetar liquidez na economia. Sua colega francesa, Christine Lagarde, disse que a reação das economias emergentes mostra a necessidade de reformas.

O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, disse estar confiante de que os EUA ainda apoiam um dólar forte.

O secretário-geral da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Supachai Panitchpakdi, alertou que o resultado desse tipo de medida tem sido a transferência dos recursos para mercados emergentes em forma de capital especulativo. "Mais uma vez, o problema nos países ricos está sendo exportado."

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