Inflação atinge maior nível para meses de novembro em 8 anos

Inflação atinge maior nível para meses de novembro em 8 anos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:04

A inflação oficial medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acelerou para 0,83% em novembro, ante 0,75% em outubro. Com esse resultado, a inflação acumulada no ano até novembro é de 5,25%, superando o resultado de 4,31% registrado nos 12 meses de 2009.

Essa é a maior variação para novembro desde 2002. Naquele ano o indicador teve variação de 3,02% no mesmo período. A taxa verificada também é maior para um único mês em 2010 e a mais elevada desde abril de 2005 quando a variação foi de 0,87%. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em doze meses, o IPCA registra variação de 5,63%, ante alta de 5,20% nos doze meses imediatamente anteriores.

A economista Luiza Rodrigues, do banco Santander, avalia que a inflação seguirá em níveis elevados nos próximos meses, mas as pressões não estarão mais concentradas apenas nos alimentos, como vem ocorrendo. “A demanda continuará aquecida e a alta dos preços deve se disseminar em vários setores”, diz. “O desemprego está no menor nível da história e a renda em elevação. O desmprego em queda e a remuneração em alta devem manter o consumo aquecido e pressionando a inflação”, acrescenta.

As projeções do Santander apontam para uma alta para o IPCA de 0,55% em dezembro. No ano, a inflação acumulada deve ficar em 5,7%. Em 2011 o Santander prevê uma inflação acumulada de 5%.

Para a analista de inflação do Itaú Unibanco, Laura Haralyi, o avanço verificado nos indicadores de preços em 2010 teve uma contribuição muito forte dos alimentos."Mas em 2011 essa pressão deve diminuir, mas vai haver um imapcto maior dos preços administrados e bens industrializados", avalia. As projeções do Itaú apontam para uma elevação de 0,56% para o IPCA em dezembro, com uma variação no ano de 5,90%. Para 2011, o banco projeta uma inflação de 5,7%.

De acordo com os analistas a inflação oficial ficou muito próxima na média das projeções que indicavam uma alta de 0,85% no IPCA para novembro.

Esse resultado joga ainda mais pressão sobre o Banco Central que adotou um discurso de que a taxa de inflação estaria convergindo para o centro da meta de 4,5% em 2010, após as sucessivas elevações na taxa Selic a partir do segundo trimestre.

Mas apesar do avanço da inflação, existe um consenso no mercado financeiro de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic em 10,75% ao ano após a reunião de hoje e promover uma retomada no ciclo de alta no encontro que acontece nos dias 18 e 19 de janeiro de 2011.

Pressão dos alimentos

A alta do IPCA, mais uma vez, foi motivada pelo grupo alimentação e bebidas, cujos preços aceleraram ainda mais, passando de 1,89% em outubro para 2,22% em novembro. Com isto, o impacto dos alimentos no resultado do mês chegou a 0,51 ponto percentual, o que significa que o grupo respondeu por 61% do índice. O mês de novembro registrou a maior taxa do grupo alimentação e bebidas desde dezembro de 2002, quando a alta foi de 3,91%.

O consumidor passou a pagar, em média, 10,67% a mais por um quilo de carne, cujos preços já registram aumento de 26,79% em 2010. O item carnes teve a maior contribuição individual do mês, 0,25 ponto percentual, tomando conta de 30% do índice do mês. A carne-seca ficou 7,05% mais cara em novembro e 18,48% no ano. O frango passou a custar 3,35% a mais, registrando alta de 9,42% no ano.

Outros alimentos continuaram apresentando fortes aumentos de preço, como o açúcar cristal, que passou para 8,57% em novembro, ao passo que o refinado foi para 6,52%. Alguns produtos alimentícios ficaram mais baratos, com destaque para o feijão carioca. Após a forte alta de 31,42% concentrada no mês de outubro, fazendo acumular alta de 109,78% até aquele mês, em novembro os preços apresentaram queda. O quilo do feijão carioca ficou 6,64% mais barato em relação a outubro. Mesmo assim, considerando o preço do quilo, quase dobrou em relação a dezembro de 2009, e está 95,85% mais caro. Tomate (-3,84%), arroz (-1,22%) e cebola (-3,95%) também apresentaram preços em queda.

Já os produtos não alimentícios tiveram variação foi 0,41% em novembro, a mesma de outubro, embora a maioria dos grupos de produtos e serviços pesquisados tenha apresentado alta de um mês para o outro. A variação do grupo transporte foi bem mais reduzida (0,13%), destacando-se a queda nas passagens aéreas (-1,26%) e no seguro voluntário para veículos (-7,37%), além da redução no ritmo de crescimento de preços dos combustíveis (0,95%). O etanol desacelerou para 2,97%, levando a gasolina para 0,81%. O grupo artigos de residência (-0,12%) mostrou queda de um mês para o outro, puxado pelos preços dos itens eletrodomésticos (-0,92%), tv, som e informática (-2,43%), além de desaceleração de outros, a exemplo do mobiliário (0,75%).

Inflação nas capitais

Entre os índices regionais, Fortaleza com inflação de 1,55% em novembro apresentou o avanço mais expressivo, tendo em vista os alimentos (3,75%) e os artigos de vestuário (5,16%). As regiões metropolitanas de Recife (0,63%) e São Paulo (0,62%) apresentaram os menores índices, onde os alimentos variaram 1,86% e 1,87%, respectivamente.

O cálculo da inflação pelo IPCA refere-se às famílias com rendimento mensal de 1 a 40 salários mínimos e abrange nove regiões metropolitanas do Brasil (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém, Goiânia e Distrito Federal).

Variação do INPC

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), também calculado pelo IBGE, registrou avanço de 1,03% em novembro, ficando acima da taxa de 0,92% do mês anterior em 0,11 ponto percentual.

Com o resultado de novembro o acumulado do ano ficou em 5,83%, acima da taxa de 3,86% relativa a igual período de 2009.

Considerando os últimos doze meses, o índice ficou em 6,08%, acima dos 5,39% referentes aos doze meses anteriores. Em novembro do ano passado, o INPC havia registrado alta de 0,37%.

Os produtos alimentícios passaram para 2,35% em novembro, enquanto os não alimentícios foram para 0,46%. Dentre os índices regionais, o maior ficou com Fortaleza (1,82%), tendo em vista os alimentos (3,56%) e os artigos de vestuário (5,15%). O mais baixo foi o de Porto Alegre (0,68%), onde os alimentos (1,15%) subiram menos.

Por: Ilton Caldeira

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