Investidor apostou na indústria após pacotes

Investidor apostou na indústria após pacotes

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:30

O ingresso de investimentos estrangeiros diretos (IED) no País tem chamado atenção dos analistas de mercado pelo lado positivo. Nos primeiros cinco meses do ano alcançou o volume de US$ 10,7 bilhões e no acumulado de 12 meses se aproxima da marca de US$ 44,4 bilhões. A distribuição desses recursos por setor mostra que a indústria concentrou o maior participação (54,5%). Ao grupo composto pela agricultura, pecuária e extrativa mineral coube 11% dos investimentos e o setor serviços representou 34,5% do total.

As projeções de IED para 2009, segundo análise da Tendências Consultoria, é de US$ 25 bilhões. "Ano passado tivemos um desempenho atípico chegando a US$ 45 bilhões, mas as previsões apontam para um aumento de volume em 2010, quando chegaríamos ao patamar de US$ 35 bilhões", disse André Sacconato, economista da Tendências. Segundo ele, nos últimos dois anos, o IED praticamente se multiplicou por três. No comparativo 2006 frente a 2007, o crescimento foi de 83%, US$ 18 bilhões e US$ 34 bilhões respectivamente.

"O que pode ser observado nesses primeiros do ano é que a indústria ganhou participação em parte, porque serviços caiu e agropecuária se manteve", afirmou Rogério César Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). "Mas permanece uma incógnita saber se esse movimento vai continuar", acrescentou. Segundo Souza, a perspectiva é que esse cenário se concretize.

"Primeiro veio o susto inicial da crise - reação generalizada - depois o Brasil começou a se destacar como um país de ambiente com regras claras para se investir e economia com fundamentos. Isso fez com que o capital se descolasse para cá", explicou o economista do Iedi. Outro fator, que Souza diz ter favorecido a indústria foi a percepção de alguns investidores estrangeiros de que o país poderia abrigar um pólo de tecnologia ou que disseminar os negócios tendo no Brasil um ponto de vendas seria vantajoso. A incerteza fica por conta dos resultados do desempenho das commodities, que compõem o primeiro setor do IED. "A agricultura tem um custo de entrada alto para o investidor e o setor envolver perspectivas difíceis de se fazer apostas", disse o economista da Tendências Consultoria, Bruno Rezende. Segundo ele, a volatividade dos preços das commodities - apesar de serem elas, que atualmente sustentam o setor - é um risco para os investimentos. Rezende diz que tanto a indústria e os serviços têm preços de entrada mais baixos e envolvem menos incertezas.

A fragilidade do setor (agricultura, pecuária e extrativa mineral) está concentrada nas incertezas que o câmbio provoca sobre os negócios e a sua suscetibilidade aos preços internacionais. "É o caso do etanol. Primeiro choveram investimentos, agora só os grandes players estão conseguindo sobreviver, porque o setor sucroalcooleiro o lucro só acontece em escala", contou.

Pedro Arantes, analista de mercado da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) considera que o agronegócio foi o setor que menos sentir os efeitos da crise financeira mundial.

Segundo ele, para o agronegócio o maior ingresso de investimento está na bolsa de valores, e não em investimentos estrangeiros diretos.

A conjuntura também é elemento fundamental, segundo analistas, na decisão de entrada de recursos no País. A extração de petróleo e gás natural, por exemplo, registrou avanço. No comparativo de maio a maio, o setor avançou quase o dobro em recursos, saindo da marca de US$ 73 milhões para US$ 130 milhões. O impacto das descobertas do pré-sal pode explicar esse movimento. Extração de minerais metálicos, no entanto, amargou uma queda significativa - de US$ 147 milhões em maio do ano passado, para US$ 44 milhões.

Para o setor comércio, apesar da queda em relação a 2008, o desempenho de alguns negócios, a exemplo de transportes, foram expressivos. Em maio do ano passado, entraram no Brasil US$ 3 milhões para o setor, este ano já soma US$ 192 milhões.

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