Há 26 anos, 16 mulheres norte-americanas com uma média de idade de 70 anos se uniram para investir em ações. Juntas, fundaram o mais famoso clube de investimentos do mundo, o Beardstown Ladies. Na ocasião, viraram celebridades, lançaram livro e até vieram ao Brasil para a divulgação. Os mercados cresceram bastante nas duas primeiras décadas, e o exemplo das senhorinhas da cidade de Beardstown, no centro-leste dos Estados Unidos, incentivou muitas pessoas a montar seus grupos. Hoje, diante da grande volatilidade dos mercados globais, elas contam ao iG suas estratégias para reduzir as perdas e afirmam que continuam a incentivar pessoas de diversos lugares a criar clubes.
Carnell Korsmeyer, uma das criadoras do Beardstown Ladies, hoje com 83 anos, conta que as atuais participantes algumas da terceira geração das fundadoras - monitoram todas as empresas que estão no portfólio do clube. Dessa forma, conseguimos reduzir as perdas, diz. Segundo ela, cada membro tem a responsabilidade de acompanhar um ativo ou mais. Em reuniões mensais, as investidoras apresentam relatórios para que todas estejam bem informadas sobre as companhias. Fazemos uma reunião todas as primeiras quintas-feiras de todos os meses, acrescenta Betty Sinnock, que interrompeu os cuidados com o jardim de sua casa para contar ao iG sobre as atividades do grupo. Atualmente, as 15 cotistas do Beardstown Ladies seis delas do primeiro grupo estão fazendo treinamentos para aprender a operar com derivativos. Vamos à biblioteca, estudamos e compartilhamos tudo umas com as outras, conta Betty. Segundo ela, todas as participantes já fazem análises de riscos e múltiplos (como relações entre preço, lucro e outras variáveis) e em casos mais complexos, elas contam com a ajuda do corretor de valores que cuida do clube.
Esse aprendizado é apontado tanto por Betty como por Carnell como uma das principais vantagens dos clubes de investimento. É uma maneira econômica e de risco relativamente baixo para aprender sobre o investimento, diz Carnell. A cada mês, as participantes fazem um depósito de apenas US$ 25, o equivalente a R$ 44,80. A troca de informações e ideias entre as participantes é o segundo ponto forte apontado pelas investidoras. Além disso, é reconfortante ter outras pessoas no mesmo projeto, acrescenta Carnell. Por esses motivos, ela sugere a todas as mulheres brasileiras, e também a todas as outras pessoas, que formem ou participem ativamente de um clube de investimentos. Betty conta que até hoje elas recebem ligações e emails perguntando sobre o clube. Mas agora já existe uma popularização. Naquela época, recebíamos diversas cartas e telefonemas, de todo o mundo. Eram pessoas querendo abrir seus clubes, diz Betty.
Quando questionada sobre o atual desempenho das bolsas de valores norte-americanas, Carnell preferiu não arriscar palpites ou entregar suas análises. Eu gostaria de ter uma bola de cristal para saber o que vai acontecer de agora em diante, tanto nos Estados Unidos como em toda economia mundial, disse Carnell.
Na década de 80, quando o clube foi criado, o mais antigo índice de ações norte-americanas, Dow Jones, teve valorização de 228%. Nos anos 90, a rentabilidade foi ainda maior, de 317%. O ganho das senhorinhas não chegou a ser tão robusto. Em 1994, elas lançaram um livro com dicas para ganhar no mercado de ações, o "The Beardstown Ladies' Common-Sense Investment Guide". Na ocasião, disseram ter registrado lucro anual de 23,4% durante dez anos. O livro foi um sucesso de vendas, mas o cálculo das Beardstown Ladies estava errado. Uma auditoria externa mostrou que, na realidade, o clube teve ganho de 9,1% ao ano. Elas assumiram o erro, foram alvo de críticas, mas não desanimaram. De 2000 a 2010, o Dow Jones perdeu 9,3% e este ano já caiu 6,3%, segundo dados da Economática. Carnell não revelou o desempenho recente do clube e enfatizou que o sentido do grupo vai muito além dos resultados financeiros.
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