Mundo se move para reservas em várias moedas, diz Mantega

Mundo se move para reservas em várias moedas, diz Mantega

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:07

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nesta sexta-feira (12) em Seul, onde participou da reunião do G20, que discutiu temas da economia mundial, que a economia global pode estar se movendo para um sistema que suportaria múltiplas moedas de reserva, ao invés de uma – o dólar.

"É uma questão que está lá - se o dólar é uma moeda que deveria estar lá para o sistema de reserva, ou se deveria dividir esse papel com outras moedas", afirmou Mantega em entrevista. "Acredito ser praticamente inevitável que caminhemos para um sistema de múltiplas moedas", disse. "Isso começa a ser discutido, tornou-se um foco".

De acordo como ministro da Fazenda, manter reservas em dólar "dá prejuízo": "a tendência natural é que à medida que surjam outras economias, ocorra um sistema múltiplo de moedas. Mas não é uma coisa fácil nem rápida de se fazer. Mas manter a reserva em dólar dá prejuízo", disse ele.

"A diversificação de moedas é possível. Mas não é fácil porque o comércio está acostumado com o dólar. A tendência geral é do multilateralismo", defendeu Mantega. "Antigamente quem mandava na economia mundial eram dois ou três países, mas hoje há uma mudança. Agora não é mais assim", acrescentou.

Compromisso

Ao final da reunião do G20, os líderes das principais potências mundiais se comprometeram a evitar desvalorizações competitivas de moedas e a recomendar que os países "se abstenham" de tomar esse tipo de medida, uma das origens da chamada "guerra cambial". A decisão consta do comunicado final da quinta reunião de cúpula do grupo.

Outro ponto acordado foi o fortalecimento da cooperação internacional para reduzir os desequilíbrios globais.

No "Plano de Ação de Seul", incluído no comunicado, o G20 destaca que se movimentará para um "sistema de taxas de câmbio mais determinado pelo mercado".

"As economias avançadas, incluindo aquelas com moedas de reserva, permanecerão vigilantes à volatilidade excessiva e aos movimentos desordenados das taxas de câmbio. Estas ações ajudarão a reduzir o risco de excessiva volatilidade nos fluxos de capital que alguns países emergentes enfrentam", afirma o texto.

Após dois dias de discussões, as 20 maiores economias do planeta alertaram que políticas econômicas não coordenadas podem ter consequências desastrosas para todos.

Por este motivo, o G20 se comprometeu a "fortalecer a cooperação multilateral para reduzir os desequilíbrios excessivos na economia mundial".

O grupo de países ricos e emergentes também concordou em aplicar mecanismos para manter os níveis de conta corrente em categorias sustentáveis, de acordo com critérios que serão definidos por grupos de trabalho com apoio técnico do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Bancos

Os líderes adotaram o novo marco regulatório "Basileia III", que exige mais fundos próprios aos bancos considerados importantes para o sistema financeiro mundial, com o objetivo de que resistam de maneira melhor a possíveis futuras crises.

"Aprovamos o acordo alcançado no Comitê de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) sobre novas regras de capitais nos bancos e liquidez", afirma o comunicado final do encontro de cúpula do G20.

FMI

Os líderes manifestaram apoio à reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI) que deu a economias como China e Brasil maior peso de decisão no organismo.

A diretoria do FMI estabeleceu as mudanças, qualificadas de "históricas" pelo diretor da instituição, Dominique Strauss-Kahn, na reunião da semana passada.

"Esta reforma de resultados ambiciosos é uma etapa importante para um FMI mais legítimo, confiável e eficaz", destacaram os líderes do G20 no comunicado final.

A reforma aprovada no dia 6 de novembro pela diretoria do Fundo faz com que 110 dos 187 países membros do FMI tenham os direito de voto aumentados.

Os chefes de Estado e de Governo do G20 encarregaram seus ministros das Finanças e presidentes de Bancos Centrais a prosseguirem com a análise da reforma do FMI e do Banco Mundial.

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