Os dólares continuaram ingressando na economia brasileira em novembro, que registrou um movimento positivo de divisas (entrada menos saída de recursos) de US$ 2,22 bilhões no período, segundo números divulgados pelo Banco Central nesta quarta-feira (8). Esse foi o terceiro mês consecutivo de entrada de dólares na economia brasileira.
Contas comercial e financeira
A entrada de US$ 2,22 bilhões no Brasil em novembro aconteceu por meio da conta financeira, que registra as remessas, as aplicações financeiras e os investimentos estrangeiros, entre outros, e também da conta comercial - que contabiliza o fechamento de contratos de câmbio para exportações e importações.
Pela conta comercial, houve o ingresso de US$ 502 milhões em novembro. Já pela conta financeira, segundo o BC, houve a entrada líquida (acima do volume de retiradas) de US$ 1,72 bilhão no mês passado, ou US$ 87,9 milhões por dia útil.
Isso representa uma queda frente ao patamar de outubro deste ano (média diária de US$ 257 milhões). Entretanto, ainda permanece acima da média de US$ 29 milhões por dia útil registrada até o fim de agosto, antes da operação de capitalização da Petrobras.
Início de dezembro, parcial do ano e compras de dólares pelo BC
No início do mês de dezembro, porém, dados do BC mostram que houve uma reversão do fluxo de dólares, que passou a ficar negativo, ou seja, com mais saída do que ingresso de recursos. Neste mês, na parcial até o dia 3 (última sexta-feira), houve a retirada de US$ 1,24 bilhão do Brasil.
Já o resultado parcial de todo ano de 2010, até 3 de dezembro, mostra que o movimento ainda está positivo. Neste caso, a entrada líquida de recursos na economia brasileira somou US$ 25 bilhões.
Dados da autoridade monetária revelam ainda que a instituição efetuou a compra de mais US$ 2,35 bilhões em novembro deste ano e de US$ 294 milhões nos três primeiros dias úteis de dezembro. Na parcial deste ano, até a última sexta-feira, o BC comprou US$ 39,6 bilhões no mercado à vista de câmbio.
Aumento do IOF e Estados Unidos
Para tentar evitar uma entrada maior de recursos no Brasil, o governo anunciou, em outubro, o aumento do IOF para aplicações de estrangeiros em renda fixa de 2% para 6%, além da elevação do tributo sobre a margem de operações no mercado futuro. O dólar barato torna as vendas externas brasileiras mais caras e as importações mais baratas.
No início de novembro, porém, o Banco Central norte-americano (o Federal Reserve) anunciou a intenção de de adquirir mais US$ 600 bilhões em títulos públicos até a metade do próximo ano, no chamado "quantitative easing", o equivalente a US$ 75 bilhões por mês até março de 2011.
Isso significa que estes valores estão retornando para o mercado financeiro em mais um capítulo da chamada "guerra cambial". Há o temor de que os detentores destes recursos possam buscar remunerações mais atrativas para seu investimento, e o Brasil, que passa por um momento de forte expansão econômica combinada com juros reais de 5,3% ao ano - os mais elevados do planeta - poderia ser um dos principais destinos destes valores.
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