Para agricultor familiar, crise derrubou preço dos produtos e fez subir custo
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Manoel José dos Santos, disse nesta segunda-feira, dia 10 de novembro, que para a agricultura familiar, a crise internacional não representa uma crise de créditos, mas de preços.
"O crédito disponibilizado para a agricultura familiar é satisfatório. Para o nosso setor, os problemas decorrentes da crise são outros. Pagamos preços muito altos por insumos, em decorrência da alta do dólar. Já produtos como milho e leite tiveram os preços muito reduzidos, e isso pesará na hora de vendê-los", disse Santos."Em termos de crédito, o que nos preocupa está associado à Lei de Crimes Ambientais, porque o Brasil passou séculos financiando desmatamentos, sem qualquer tipo de controle ambiental e, de uma hora para a outra, resolve tirar o crédito de pequenos e médios agricultores que não conseguirem cumprir a nova lei, sem dar a eles qualquer condição de adaptação gradativa", argumentou.
Para o coordenador de Política Agrária da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar do Brasil (Fetraf), Gilmar Pastório, as sementes transgênicas são os maiores responsáveis por levar a crise internacional à agricultura familiar na Região Sul.
"Ainda não sentimos falta de linhas de crédito. O que sentimos, principalmente no Sul, é a ausência de sementes que não sejam transgênicas. O Brasil caiu numa armadilha, e nós havíamos antecipado ela desde o governo Fernando Henrique Cardoso até o atual". Segundo Pastório, "98% das sementes no Sul são transgênicas, o que torna a produção, no mínimo, 70% mais cara".
"Não se compra apenas sementes para plantar transgênicos. São necessários adubos e venenos específicos para elas, e os preços destes estão associados ao dólar, bem como os royalties que pagamos. E com o dólar baixo na hora da comercialização dos produtos, a coisa piorará ainda mais", alegou.
"Se os produtores rurais tivessem em mãos as sementes de dez anos atrás, os impactos da crise seriam minimizados", avaliou Pastório.
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