PIB e crise pesaram para o corte do juro

PIB e crise pesaram para o corte do juro

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:14

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central informou nesta quinta-feira (15), por meio da ata de sua última reunião, quando os juros recuaram de 10,5% para 9,75% ao ano, um corte de 0,75 ponto percentual, que a intensificação do processo de corte nos juros ocorreu por conta da desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado, maior do que se previa antes, e de "eventos recentes que indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia".

"Esses e outros elementos, portanto, compõem um ambiente econômico em que prevalece nível de incerteza muito acima do usual. Para o Comitê, o cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. O Comitê nota também que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012, e são decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta", informou o BC na ata do Copom.

Sistema de metas de inflação

Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.

Sem 'mudanças substantivas' na expectativa de ajuste total no juro

Ainda segundo o Copom, o cenário central para a inflação evoluiu, em linhas gerais, conforme então esperado em  janeiro. "Dessa forma, não detecta mudanças substantivas nas estimativas para o ajuste total das condições monetárias subjacente a esse cenário", informou o BC.

Acrescentou que à vista disso, dois membros do Comitê ponderam que seria oportuna a manutenção do ritmo de ajuste da taxa Selic em 0,5 ponto percentual de corte, para 10% ao ano. Entretanto, a maior parte dos integrantes do Copom argumentou que desenvolvimentos do PIB brasileiro e da crise externa recomendam, neste momento, para "redistribuição temporal do ajuste total das condições monetárias como a estratégia mais apropriada".

Impacto da crise

O BC repetiu que a transmissão dos "desenvolvimentos externos" (crise financeira, que gera desaceleração da economia mundial) para a economia brasileira se materializa por intermédio de diversos canais, entre outros, redução da corrente de comércio, moderação do fluxo de investimentos e condições de crédito mais restritivas.

"O Comitê entende que os efeitos da complexidade que cerca o ambiente internacional se somam aos da moderação da atividade doméstica, que se manifesta, por exemplo, no recuo das projeções para o crescimento da economia brasileira neste e no próximo ano. Dito de outra forma, o processo de moderação em que se encontrava a economia brasileira já no primeiro semestre do ano passado foi potencializado pela fragilidade da economia global", explicou o BC na ata do Copom.

Previsões do BC

O Banco Central informou que, no cenário de referência (que pressupõe câmbio estável em R$ 1,70 por dólar e juros básicos em 10,5% ao ano, que vigoravam até a semana passada), sua projeção de inflação para 2012 se encontra abaixo da meta central de 4,5%. Entretanto, para 2013, sua estimativa, neste cenário, ainda está acima deste valor. No cenário de mercado, que considera as expectativas para juros e câmbio dos economistas do mercado para os próximos meses, a projeção de inflação do BC para este ano está ao redor da meta central e, para o próximo ano, também acima da meta.

"O Copom reafirma sua visão de que a inflação acumulada em doze meses, que começou a recuar no último trimestre, tende a seguir em declínio e, assim, a se deslocar na direção da trajetória de metas. O Comitê avalia que, por si só, a inversão na tendência da inflação contribuirá para melhorar as expectativas dos agentes econômicos, em especial dos formadores de preços, sobre a dinâmica da inflação nos próximos trimestres. Adicionalmente, o Comitê entende que essa melhora no sentimento será potencializada pelo processo, ora em curso, de reavaliação do ritmo da atividade, doméstica e externa, neste e nos próximos semestres", informou o BC.

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