A duas semanas do GP, Interlagos corre para acompanhar o ritmo da F-1

A duas semanas do GP, Interlagos corre para acompanhar o ritmo da F-1

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:09

As críticas de Bernie Ecclestone, em agosto, foram ouvidas em silêncio, sem resposta. "O pior circuito da Fórmula 1", disse o chefão da categoria sobre Interlagos. Ao menos o ataque ligou o sinal de alerta: a pista, que completou 70 anos em maio, precisa se modernizar. As mudanças para o próximo GP do Brasil, no dia 7 de novembro, ainda são tímidas, mas os administradores garantem que este é apenas o início de um "projeto maior". A menos de duas semanas da prova, São Paulo vai fazendo reparos e ajustes para receber pela 29ª vez o circo da F-1. Para que as críticas saiam da pista e deem lugar aos elogios, no entanto, o caminho ainda é longo.

Interlagos não recebe uma prova de automobilismo desde o dia 5 de setembro, quando foi palco da segunda etapa paulista da Stock Car. No dia seguinte, engenheiros, pedreiros e tratores invadiram o circuito e o transformaram em um canteiro de obras. Não a pista propriamente dita, que passou por uma grande reformulação em 2007 e é classificada pelos gestores como uma das melhores do mundo. O restante do circuito, no entanto, foi reparado, modificado ou feito de novo.

Neste tempo, Interlagos vem sofrendo três grandes intervenções, todas solicitadas pela FIA. O setor da Subida do Café ganha 221 metros de softwall, espécie de muro preenchido com espuma que amortece o impacto em caso de colisão. As faixas do percurso recebem uma tinta antiderrapante, que, principalmente em caso de chuva, mantém o mesmo nível de aderência do asfalto. A pista também terá grama artificial em alguns setores mais críticos para que os pilotos consigam frear e não derrapem. Em todos os casos, o trabalho de implantação ainda não está pronto.

Outras obras já foram ou ainda estão sendo feitas, como a troca da barreira de pneus, algumas das zebras, a pavimentação da área de escape da Descida do Lago (outro pedido da FIA) e o tratamento de alguns pontos do asfalto, como no S do Senna, desgastado após um provável derramamento de óleo durante algum dos eventos do ano. Engenheiro-chefe do GP, Luis Ernesto Morales afirma que todas as interferências buscam a evolução do autódromo.

- Estamos sempre requalificando, visando ao aumento de segurança. Se a gente não fizesse isso em um autódromo que tem 70 anos de idade, não teríamos corridas aqui, principalmente uma do nível da Fórmula 1. Não foi malfeito. Está evoluindo.

Busca pela modernização

Evolução, aliás, é a palavra chave para o futuro do Autódromo. Este será o 103º Grande Prêmio de Fórmula 1 de Octávio Guazelli, o primeiro como gestor de Interlagos. Depois de passar pela engenharia de equipes como Ferrari e Minardi, o novo responsável pelo circuito paulista - assumiu em junho - garante que o local está praticamente pronto para a corrida do dia 7. Ele, porém, reconhece que há um longo caminho para que a pista alcance a tão sonhada modernização.

- Temos a necessidade de nos adequar. As equipes na Fórmula 1 cresceram muito. Já não temos espaço físico para suportar toda aquela parnafernália. É uma obra grande. Precisamos melhorar a infraestrutura. Interlagos sempre foi gerido no "vai que vai". Nunca teve uma coisa pensada, planejada. Mais do que uma pista, carregamos nas costas uma responsabilidade. Todos os grandes pilotos brasileiros passaram por aqui. A gente sabe que há interesses diferentes envolvidos, restrições. Tentamos fazer um equacionamento. Mas hoje a Prefeitura reconhece a importância do autódromo e quer fazer com que ele fique cada vez melhor. É uma posição privilegiada vir para cá como autoridade e tentar colaborar nesse desafio – diz Octávio.

O gestor enfileira a série de melhorias pelas quais Interlagos precisa passar. Do criticado paddock, que já não suporta a quantidade de equipamentos e o número de pessoas envolvidas em cada equipe, ao inexistente sistema de esgoto, passando pelo problemático acesso ao circuito. A lista, ele confessa, é grande. Um projeto de reformas, no entanto, deverá ser anunciado na semana do GP.

- A ideia é que durante os preparativos seja anunciado o projeto. Ele envolve planos de urbanização, novos acessos. Uma logística muito grande. O esgoto, por exemplo. Temos uma variação muito grande de público. Às vezes, em eventos menores, vem pouca gente. Mas na Fórmula 1, são cerca de 150 mil pessoas. É um autódromo de 70 anos. E a F-1 anda depressa demais.

No último sábado, durante a simulação para o GP, o prefeito Gilberto Kassab disse que o investimento anual em Interlagos gira em torno de R$ 10 milhões. Ele reconheceu que o circuito ainda precisa de algumas mudanças, mas que elas seguirão o plano-diretor da Prefeitura.

- O autódromo tem passado por um investimento constante. Mas devemos seguir um plano-diretor, o cronograma de investimento. São Paulo é uma cidade que vive de grandes eventos. E a Fórmula 1, se não for o maior, é um dos maiores desses eventos. Gera emprego e receita para a cidade. Além disso, é muito querido, o público sempre comparece. Essa é a razão de tanto investimento.

O projeto também prevê a massificação da marca "Interlagos", a exemplo do que acontece em outros circuitos do mundo, como Monza e Mônaco. Octávio espera fazer com que o autódromo passe a ter essa identificação como têm os europeus.

- Temos carência de todos os tipos. A gente não tinha um logotipo, por exemplo. Interlagos é um dos cinco ou seis autódromos mais importantes, até pelo tempo de atividade. Precisa ser moderno e atualizado. Alguns turistas chegam aqui e não têm o que levar de lembrança. Não temos merchandising. E isso também precisa mudar.

Por: João Gabriel Rodrigues

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