A queda de Adilson em sete atos

A queda de Adilson em sete atos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:11

A diretoria do Corinthians tentou dar um ar de “comum acordo” à saída de Adilson Batista do comando do time. Mas não foi bem assim. Insatisfeita com o rendimento da equipe nas últimas cinco rodadas do Brasileirão (três derrotas e dois empates), a cúpula alvinegra viu a situação ficar insustentável. E apostou na demissão como solução, muito embora leve a público um discurso contrário.

Uma série de fatores levou ao fim da Era Adilson no Parque São Jorge. Insatisfações de ambos os lados, lesões, tropeços... Aqueles ingredientes tão conhecidos no futebol, aqueles que juntos transformam o dia-a-dia do trabalho mais difícil. O técnico não brigou com ninguém, mas dentro do jogo político do Corinthians não tinha mais clima para ele seguir seu trabalho.

Confira abaixo quais foram os principais motivos que levaram à demissão do técnico, que pegou o time na liderança e largou em terceiro, depois de 17 jogos, sete vitórias, quatro empates e seis derrotas, aproveitamento de 49%. Pressão da torcida

Adilson Batista não gostou de ver a diretoria e quatro jogadores (Alessandro, Paulo André, Roberto Carlos e William) reunidos com representantes da maior organizada do clube. Isso aconteceu no último sábado, durante o treinamento no CT do Parque Ecológico. Além disso, o técnico viu que a Fiel estava pegando demais no pé de alguns jogadores defendidos por ele, como Thiago Heleno e Moacir. O fato estava atrapalhando o rendimento desses atletas, que se mostraram nervosos em campo.

- Às vezes o próprio torcedor cria um clima desfavorável, e os atletas não rendem. Vida que segue. É evidente que não acho legal esse tipo de situação (reunião com a organizada), mas preciso respeitar – falou Adilson no último domingo. Teimosia com Thiago Heleno

Um dos primeiros pedidos de Adilson Batista à diretoria do Corinthians foi a contratação de Thiago Heleno, com quem havia trabalhado no Cruzeiro. O zagueiro, porém, virou alvo da torcida por conta do fraco rendimento. Mas o técnico insistiu. No último jogo, por sinal, deixou Paulo André, um dos líderes do grupo, fora até do banco de reservas. Para piorar, iniciou com Chicão, recuperado de lesão no joelho direito, na reserva e depois sacou William para a sua entrada, mantendo Heleno.

Críticas a Matías Defederico Não é segredo que o argentino ainda não conseguiu mostrar o motivo de ter sido contratado por R$ 7 milhões. Mas ao mesmo tempo, a diretoria o protege de críticas para não desvalorizar o meia. Afinal, se houver uma boa oportunidade é a chance de recuperar o dinheiro investido. Eis que esta semana, ao falar sobre o argentino, Adilson deixou claro que não apreciava o futebol do jogador. Falou com todas as letras que ele não era regular e não tinha função tática.

- Não adianta ele vir para mim e pedir para jogar aqui ou ali, tem de ser onde o time precisa. Aí as pessoas vêm falar que ele fez um bom jogo com o Ceará (o gol de empate foi do argentino), mas ele driblou quantas vezes? Fez quantas jogadas? O que ele fez foi um gol cagado... – disse o treinador, lembrando que o jogador bateu uma falta cruzado para área e a bola entrou direto.

Departamento médico lotado Outro ponto que prejudicou Adilson Batista em sua rápida passagem pelo Corinthians foram as seguidas lesões dos jogadores. Com Ronaldo, por exemplo, ele contou apenas duas vezes. Depois, perdeu William por alguns jogos, ficou sem Chicão, não teve Jorge Henrique recentemente, viu Dentinho se machucar, assim como Ralf, e ainda ouviu pedido de descanso de Roberto Carlos. Com o time desfigurado, ele atingiu a pior sequência da temporada: cinco jogos sem vencer.

Síndrome de Professor Pardal

Até por conta do alto índice de lesões, Adilson Batista precisou improvisar algumas vezes, mas em alguns setores do clube havia reclamações das invenções em alguns casos, como no de Leandro Castán como lateral-esquerdo. É verdade que Roberto Carlos vinha apresentando desgaste ao longo dos jogos e pedia para sair no segundo tempo, mas o lateral Dodô, prata da casa, raramente era chamado.

Tropeços em casa

Sob o comando de Mano Menezes, o Pacaembu foi a principal arma do Corinthians no Campeonato Brasileiro. Tanto que tinha 100% de aproveitamento no estádio. Adilson Batista manteve isso por mais quatro jogos como mandante, mas depois de sofrer uma derrota para o Grêmio, o time passou a jogar nervoso diante da Fiel. Na sequência foram dois empates (Botafogo e Ceará), uma vitória (Grêmio Prudente) e uma derrota (Atlético-GO). Pontos que dariam a liderança isolada ao clube.

Defesa

Nos últimos anos, o setor defensivo foi um dos pontos fortes do Corinthians. Mas não sob o comando de Adilson Batista. Se com Mano Menezes, a equipe havia sofrido 12 gols em 11 jogos, média de 1,09 por partida, com o demitido Adilson Batista foram 24 gols em 17 duelos, média de 1,41. Somente nas últimas cinco partidas, a defesa corintiana foi vazada 14 vezes. É verdade que o desfalque de Chicão por 10 rodadas contribuiu para o aumento do problema, mas o treinador não conseguiu encontrar uma solução.

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