Após tirar seleção americana da crise, Colangelo vê Mundial como incógnita

Após tirar seleção americana da crise, Colangelo vê Mundial como incógnita

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

"Leandro Barbosa, um dos meus favoritos!" Foi com esta frase que Jerry Colangelo puxou a cadeira e se sentou em frente aos jornalistas brasileiros no Radio City Music Hall, em Nova York, sede do Nike World Basketball Festival. Aos 70 anos, o manda-chuva da seleção americana foi um dos responsáveis por levar Leandrinho ao Phoenix Suns em 2003. Pouco depois, com o fracasso dos Estados Unidos nas Olimpíadas de Atenas, o dirigente viu que era hora de fazer uma revolução. Procurou os craques da NBA e convenceu, um por um, de que era preciso ter comprometimento com a seleção. O auge deste processo foi o ouro em Pequim, há dois anos. Agora, no Mundial da Turquia, Colangelo se vê obrigado a recomeçar do zero, sem contar com nenhum remanescente da última campanha olímpica. E ele não parece muito preocupado com isso. Simpático e sorridente, o mentor da redenção americana respondeu às perguntas do GLOBOESPORTE.COM.

Já que o senhor é fã do Leandrinho, o que acha desta seleção brasileira que, pela primeira vez em muito tempo, vai completa para um Mundial?

Vocês têm chances de obter muito sucesso. Leandro, Anderson e Nenê são três jogadores fantásticos, com o complemento de outros. É claro que você precisa estar saudável, e o Brasil sofreu com isso no passado. Eu diria que é uma seleção com boas chances de se dar bem na Turquia. Quando o senhor iniciou o projeto chamado de "redenção" do basquete americano, com o compromisso de todos os craques, já dava para prever que, depois de uma conquista como a dos Jogos de Pequim, seria difícil manter todo mundo no grupo para o Mundial?

É interessante, né, porque quando nós ganhamos o ouro, todos eles disseram que gostariam de continuar. Alguns falaram até em ganhar duas ou três medalhas de ouro, esta era a mentalidade. Em 2009, o All-Star Game da NBA era em Phoenix. Eu me encontrei com os integrantes da seleção do Leste que jogavam na seleção, e com o Oeste a mesma coisa. Perguntei a eles: "O que vocês querem fazer? Jogar o Mundial de 2010 e as Olimpíadas de 2012, ou descansar no Mundial para jogar as Olimpíadas?" Eles disseram: "Vamos ao Mundial também". Mas as coisas acontecem. E ninguém levou em conta o mercado de passes livres da NBA. Foi um fator muito importante neste ano. Não apenas aqueles mais famosos, mas outros menos conhecidos. Então, como havia muita indefinição, eu disse "Opa, tempo! Vocês todos podem pular esta fase". Decidimos montar um grupo, e eu acredito que, se você realmente acredita no projeto, funciona. Nas Olimpíadas, eu vejo que alguns destes jogadores de hoje vão se juntar aos que jogaram em Pequim. Mas isso é para ser discutido amanhã.

No Brasil, tivemos um processo parecido com este, obviamente em escala melhor. Após sofrer com ausências nos últimos anos, a Confederação e o técnico Rubén Magnano viajaram para conversar com vários jogadores, assim como o senhor fez com os americanos. Qual é a importância deste tipo de conversa para garantir o comprometimento?

A resposta é muito simples: cria-se uma relação. É importante ir até o jogador. Você cria confiança e conversa com ele olho no olho.

E o que o senhor falou para os jogadores naquelas conversas?

Eu falava: "Se você comprar a minha ideia, eu acredito que você será uma pessoa melhor e um jogador melhor, defendendo seu país". Ele pode comprar a ideia ou não, mas quando você tem esse contato pessoal, fica diferente, funciona muito melhor.

Agora, o processo recomeça praticamente do zero. Esta seleção americana tem muitos jogadores jovens, sem experiência no basquete da Fiba. O senhor vê este grupo pronto para lutar pelo título do Mundial ou o objetivo está mais à frente, nas Olimpíadas de Londres?

No dia 13 de setembro, eu te dou esta resposta (risos). É o dia após a final do Campeonato Mundial. Hoje não dá para saber. Temos um grupo de jogadores jovens. Não dá para saber como eles vão responder. Alguns até já jogaram no basquete internacional, mas não neste nível. Você pode falar com eles, contar como vai ser, mostrar vários vídeos. Mas até que eles entrem na quadra e levem umas trombadas, tudo é um processo de aprendizagem.

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