'Aqui não queremos mais um, mas o diferenciado', diz técnico da sub-19

'Aqui não queremos mais um, mas o diferenciado', diz técnico da sub-19

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:56

Há menos de uma semana, as famílias foram deixadas para trás, e a rotina mudou. O endereço passou a ser um hotel em São Sebastião do Paraíso, de onde 16 meninos partem duas vezes por dia em busca do sonho de vestir a camisa da seleção brasileira adulta. A caminhada até a Arena Olímpica dura cinco minutos e é feita rigorosamente sem atrasos. Lá, José Neto, Rubén Magnano e uma comissão técnica completa aguardam pelos jogadores, entre 15 e 18 anos, para ajudá-los a desenvolver suas potencialidades. Além de todos os testes e treinamento puxado, é preciso também seguir uma cartilha nos próximos seis meses. No vestibular do basquete, só passa quem tiver maior capacidade de suportar a pressão.

- Aqui não queremos mais um jogador, queremos o diferenciado. Esses meninos foram observados por mim e pelo Rubén, e foi muito importante ter o aval, o feeling dele durante o processo de escolha porque ajudou a formar uma geração vitoriosa na Argentina. O objetivo é desenvolvê-los, adaptá-los às posições que se enquadram melhor, para que possam chegar à seleção principal mais para frente. Todos têm potencial para estourar e já entenderam o que queremos deles. O basquete internacional exige cada vez mais versatilidade. O mundo procura isso para tornar o jogo imprevisível - disse Neto, técnico da seleção permanente sub-19.     É preciso também mostrar atitude e responsabilidade, apesar da pouca idade. Como Magnano gosta de dizer, não se trata um quartel e nem de um mosteiro, mas algumas regras precisam ser seguidas. Uma delas é comunicar sempre as saídas.

- Eles não vão ser vigiados e não vamos privá-los de fazer coisas. Mas é preciso seguir horários e só podem sair na folga para alguma cidade vizinha se tiverem a autorização dos pais. Também iremos cobrar e acompanhar os estudos porque estamos formando pessoas. Aqui seremos técnicos, pais e irmãos. Eles vão aprender a dividir as coisas, e o grupo vai crescer com as diferenças de histórias de cada um. Há gente aqui que veio de família com vida muito difícil e está pegando esse desafio com fome, como uma oportunidade de mudar.

Para que não haja excesso no empenho, os jogadores estão sendo acompanhados pelo fisiologista Rafael Fachina, que montou um programa inspirado no que é feito nos laboratórios olímpicos da Austrália e da Inglaterra. Todos serão foram mapeados e serão reavaliados a cada dois meses com testes que indicam o índice de fadiga, a potência, capacidade de reação a estímulos, velocidade e agilidade.     - Costumo dizer que sou para eles como a telemetria na Fórmula 1 e a bússola para o marinheiro. Os testes dão o caminho para o preparador físico e o treinador. Nós podemos saber o que está limitando a evolução deles, que modelos táticos podem ser aplicados para aquele momento e fazer treinamentos individualizados. Os aparelhos de musculação que estão para chegar foram escolhidos especialmente para o tamanho deles e todos estão sendo filmados diariamente para que os movimentos sejam mais bem avaliados e corrigidos. Há meninos com faixas etárias diferentes e será um desafio muito grande.

A partir da próxima segunda-feira uma nutricionista e um psicológo se juntarão ao grupo. Os treinos ficarão mais fortes e sobrará pouco tempo para pensar em outra coisa que não seja basquete. Se alguém reclama? A resposta vem em forma de sorriso e um "tem que ser assim mesmo!"    

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