Bonneville: carros ultrapassam 600 km/h em deserto de sal nos EUA

Bonneville: carros ultrapassam 600 km/h em deserto de sal nos EUA

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:13

Em 1949, um grupo de 50 pilotos do Sul da Califórnia conseguiu a permissão do estado de Utah, nos EUA, para correr com seus carros no deserto de sal da pequena cidade de Wendover, na divisa com Nevada. Estava formado um dos maiores eventos de quebra de recorde do mundo: a Semana da Velocidade de Bonneville, que no último mês de agosto reuniu 561 carros e motos de todos os cantos do planeta em solo americano. E o tricampeão brasileiro da Stock Car Cacá Bueno foi acompanhar de perto essa aventura (assista à matéria do Esporte Espetacular, gravada 100% em HD).  

No mesmo dia em que venceu a etapa baiana da mais importante categoria do automobilismo brasileiro, o piloto da equipe RBR deixou Salvador rumo a Salt Lake City. Da capital de Utah foram quase 200 km de carro até o deserto de sal. Um descampado de cerca de 412 km quadrados, onde há aproximadamente 15 mil anos existia um grande lago de água salgada. A evaporação e a baixa umidade do ar levaram à formação de uma extensa planície de sal bem duro, uma plataforma ideal para os pilotos tirarem o máximo da velocidade de suas máquinas, com a segurança de não terem nenhum obstáculo pela frente.

- É uma mudança muito grande vir de Salvador para cá. Esse lugar é muito fora da realidade. Nós estamos no meio do nada, cercados por sal e com um monte de foguetes incríveis. Sem dúvida é um dos lugares mais exóticos que já visitei e não vejo a hora de acelerar nestas pistas - confessou Cacá.

Diferentemente dos grandes eventos e competições de automobilismo, a Semana da Velocidade de Bonneville não distribui premiações em dinheiro e beira o amadorismo na organização. São os próprios pilotos e ex-participantes os responsáveis por conduzir o evento e criar suas regras.

- Qualquer um que corre aqui constrói o seu próprio veículo. É tudo pelo orgulho, satisfação pessoal. Vejo famílias aqui, namoros, casamentos, filhos, netos... três gerações de uma mesma família correndo. Filhos e filhas dirigindo carros de corrida. Uma coisa maravilhosa! - garantiu Dan Warner, ex-piloto e um dos organizadores da Semana da Velocidade.

A divisão das categorias é feita pelo modelo e tipo de motor do veículo. São cinco para carro e o mesmo número para motos, além de uma para caminhonetes, sendo todas separadas em dezenas de sub-categorias. Estabelecer o recorde em uma delas não é apenas superar a velocidade máxima. O piloto tem que fazer o trajeto da pista de 13 km duas vezes e calcular a média da velocidade mais alta alcançada nas milhas de marcação. Para o recorde ser homologado, ele tem que repetir a mesma marca no dia seguinte e a média da velocidade dos dois dias superar a antiga.

Speed Demon bate recorde e alcança 646 km/h  (Foto: Breno Dines Costa / Globoesporte.com) Na categoria dos carros mais rápidos, os Streamliners, que mais parecem com foguetes, a grande estrela é o Speed Demon, dos americanos Ron Main e George Pottet. Com dois mil cavalos de potência, o "Demônio da Velocidade" alcançou a incrível marca de 646 km/h e estabeleceu um novo recorde.

- Conseguimos uma ótima marca, mas ano que vem voltaremos para irmos ainda mais longe com esse carro. É sempre assim aqui: depois que vem a primeira vez, você sempre quer voltar para se superar - disse George, que, além de dono, é o piloto do Speed Demon.

Carros antigos também fazem bonito em Bonneville (Foto: Breno Dines Costa / Globoesporte.com) Mas a Semana da Velocidade não é apenas para os carros-foguete. Máquinas de potência bem inferior, mas não menos interessantes, também fazem bonito no deserto de sal. Carros antigos da categoria Vintage, para os fabricados antes de 1948, também aceleram com estilo em Bonneville. No quesito criatividade, o campeão foi o senhor Steve Nelson, que construiu um carro com um tanque de combustível de um avião da década de cinquenta, o Belly Tanker, na garagem de sua casa.

Outro show à parte são as motos. Ainda mais quando uma mulher como Leslie Porterfield acelera a mais de 300km/h, sem demonstrar medo com o risco iminente da queda. Em sua primeira participação em Bonneville, em 2007, Leslie sofreu um grave acidente a 175 km/h e foi levada de helicóptero para o hospital com sete costelas quebradas, pulmão perfurado e uma concussão.

Leslie Porterfield é recordista entre as motos: 384 km/h   (Foto: Breno Dines Costa / Globoesporte.com) - Acidentes acontecem, mas tomamos todo o cuidado para evitá-los. O amor pela velocidade supera o medo. Um ano depois já estava de volta para bater meu primeiro recorde, 334 km/h, e ser a primeira motociclista integrante do seleto Clube das 200 Milhas (320 km/h). É uma grande honra - disse a americana de Dallas, que em 2009 alcançou a incrível marca de 384 km/h, a mais alta da categoria 1000 CC Production, entre homens e mulheres.

Assim como Leslie, alguns poucos sortudos se orgulham de poder vestir o famoso boné vermelho. Um prêmio que apenas os pilotos do Clube das 200 Milhas ganham ao quebrarem a barreira dos 320 km/h. Acima dessa honraria está apenas o boné azul, dos que passaram das 300 milhas (480 km/h).

Cacá Bueno quer superar os 300 km/h em Utah

(Foto: Breno Dines / Globoesporte.com) Inspirado no boné vermelho, Cacá Bueno trouxe para Wendover um carro sem modificações em relação ao usado nas corridas da Stock Car Brasil para superar a marca dos 300 km/h. Por esse motivo, seu V-8 não se enquadrou nas exigências de nenhuma das categorias e ele não pode participar da Semana da Velocidade.

- Quem sabe no futuro a gente não volte com um carro modificado? A nossa intenção é superar os limites da Stock Car brasileira, exatamente com o carro que competimos. Lógico que tivemos que fazer algumas pequenas mudanças pela segurança. Mas vamos ver como ele vai se comportar no sal - disse o tricampeão da Stock Car.

Para saber se Cacá Bueno e a equipe RBR conseguiram superar o recorde e a barreira dos 300 km/h em Bonneville, não perca, no próximo domingo, a segunda matéria do Desafio Stock Car de Velocidade do Esporte Espetacular.   Por Breno Dines e Edson Viana Wendover, Estados Unidos

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