Brasileiro finalista do TUF é instrutor na academia de Randy Couture

Finalista do TUF é instrutor na academia de Randy Couture

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:16

Participante da oitava edição do reality show "The Ultimate Fighter", o brasileiro Vinny Magalhães chegou à final do torneio, sendo vencido pelo meio-pesado Ryan Bader na decisão. Morando há mais de seis anos nos EUA, e há dois em Las Vegas, o lutador - que hoje divide seu tempo entre os treinos de MMA e as aulas de jiu-jítsu na academia de Randy Couture - contou, com exclusividade para o SPORTV.COM, como são os bastidores do TUF, e revelou que só não está participando de campeonatos de MMA por enfrentar um problema de contrato com a promotora russa M-1.

Confira a entrevista completa de Vinny Magalhães:

Entrada no TUF

"Eu vinha bastante para os EUA, mas só comecei a morar aqui mesmo em 2005, em San Diego, na Califórnia. Eu treinava com o Dan Henderson e acabei indo para o The Ultimate Fighter sem passar por nenhuma seletiva.

O próprio Henderson ligou para o Dana White e recomendou o meu nome, que ele achou que seria legal para o programa. Na época, eu só sabia jiu-jítsu, não focava os treinos no MMA. Acabei chegando à final, e perdendo na decisão para o Ryan Bader."

Sensação de lutar no reality show

"Nós moramos todos na mesma casa, é proibido qualquer contato com o mundo externo. Não tem TV, rádio, jornal, internet, livro... nada. A única coisa que deixam você ter é a Bíblia, mais nada. E ninguém manda você fazer nada, mas dão um toque para, se você for um cara mais extrovertido, ser você mesmo. Teve um lutador na temporada anterior à minha que era muito quieto, e quase não apareceu na TV. Eu achei que eles queriam que a gente se expusesse mesmo. Claro, é bom para o show. Lá dentro, você podia ser quem você é. Se quiser dar um murro na cara de outro lutador, ninguém te impede. Mas você arca com as consequências se quebrar as regras do show."

Polêmicas na casa

"Sempre tem. Tem caras que quebram copo, cadeira, TV... Isso não é pago por quem quebra. Mas se você danificar a casa, ou a estrutura. Tipo, der um chute e abrir um rombo na parede, você paga. Outra coisa é a edição do programa, que pode ser muito ruim. Eles me fizeram parecer um babaca, ter falado do Minotauro por trás. Eu nunca fiz isso. O Junie Browning, um cara da minha equipe, um dia ficou bêbado na casa. Na edição, parecia que ele ficava bêbado todo dia, mas foram uma ou duas vezes. Numa delas, ele disse que achava que o meu jiu-jítsu era melhor que o do Minotauro, que era o treinador da outra equipe. Eu nunca disse isso, mas fizeram chegar a ele que fui eu. Ele ficou chateado comigo, porque a gente conversava na casa, mesmo sendo de equipes rivais. Os treinadores ficam em um hotel, e vão à casa algumas vezes na semana. Mas ele ia sempre, e a gente sempre batia papo. Ele até escolheu um lutador dele para lutar comigo que seria melhor para mim, jogou até contra a equipe dele para me ajudar. Como eu ia falar mal do cara? Em um papo com o Frank Mir, meu técnico no show, eu disse que o jiu-jítsu dele era básico, mas isso não é nada de ruim. O Roger Gracie e o Rickson Gracie pregam o jiu-jítsu básico. Lá ele ficou chateado comigo, achou que eu tinha traído ele. Mas depois conversamos, e ficou tudo certo. Ele viu depois que eu não disse nada, porque se tivessse dito, mostrariam. Hoje estamos na boa um com o outro."

Final do TUF

"É um mini-UFC, parece um UFC Fight Night. Mas na hora em que vão anunciar a luta, que toca aquela música do UFC, é incrível. Eu fiquei nervoso. Mas depois passou."

Carreira no MMA

"Estou com um problema contratual com a M-1, uma promotora russa de lutas. O diretor deles ficou chateado comigo quando, ao me convidar para um evento na Rússia, eu pedi para receber por isso. Não era um evento contratual, e eu achei que deveria ganhar para participar. Depois disso, ele foi flagrado pela TV dando instruções a um russo que lutou comigo no M-1, dizendo o que fazer para me vencer. Eu poderia ter ido à Justiça, e eles perderiam a licença deles. Mas isso demoraria demais. Meu contrato com eles acabou no dia 14 de janeiro, mas a empresa pode me fazer uma proposta de renovação até 13 de março. Eles poderiam me liberar, mas não fazem isso. Eu até abri mão do título do M-1, mas eles não reconhecem, então vou ter que esperar até eles me fazerem uma proposta. Se eu negar e receber uma oferta de outra organização, eles têm até julho para cobrir. Isso vai me prejudicando, porque tenho 27 anos, sou novo, mas estou perdendo tempo de luta. O campeão da minha categoria no UFC tem 24 anos. Vamos ver o que acontece..."

Rotina atual

"Hoje eu treino e dou duas horas de aula de jiu-jítsu por semana aqui na academia do Randy Couture. Também participo de seminários de jiu-jítsu quando não estou em competição, e somando ao contrato com o M-1, que é correto nos pagamentos, acaba me possibilitando viver bem aqui nos EUA. Só que eu quero lutar. Depois que voltei de Abu-Dhabi poderia ter até aberto uma academia, mas preferi esperar e me concentrar na minha carreira. Conheço gente que tem academias e se estressa em pagar contas, funcionários, ter que administrar o negócio. Isso tira a sua tranquilidade para treinar. Ainda não é a hora disso."

Remuneração no MMA

"Fazendo uma comparação, um lutador que não seja top do UFC pode ganhar US$ 16 mil por luta, e mais US$ 10 mil de patrocínios. São US$ 26 mil. Se lutar entre três e quatro vezes no ano, consegue perto de US$ 100 mil por ano. É um dinheiro bom, que sustenta bem a família. Os melhores do UFC podem chegar, como disse o Georges St. Pierre, a ganhar US$ 4,5 milhões em um ano. Se compararmos com os maiores esportes americanos, ainda está longe. Mas os valores são muito bons. Se for verdade o que dizem, que 29 lutadores do UFC têm participação na venda de pay-per-view, recebendo um ou dois dólares por cada venda, em um evento com 400 mil pacotes vendidos, ele ganha, naquele evento, entre US$ 400 mil e US$ 800 mil, tirando-se a bolsa da luta e os patrocínios."

UFC 143

"Eu vou estar no córner do Matt Riddle. Aconteceu algo muito ruim com ele. Antes da sua última luta, ele ficou doente e teve que desistir do evento. Quando foi chegando perto do UFC 143, a equipe dele foi abandonando, deixando ele na mão. Ele deixou uma mensagem no Facebook dizendo que precisava de gente para ficar no seu córner para a luta contra o Henry Martinez. Eu vi a mensagem e respondi dizendo que aceitava. Nem sou um grande amigo dele, mas não acho certo um lutador passar por isso. Seria terrível um cara ir pro UFC e ficar carregando o próprio balde de água e gelo. Por isso aceitei e vou estar com ele lá."

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