Com boa exibição, Sasaki fica em 7º lugar; e mito japonês fatura penta

Fonte: Globoesporte.comAtualizado: quinta-feira, 9 de outubro de 2014 às 16:54
Kohei Uchimura (ao centro) conquista o quinto ouro seguido do individual geral no Mundial
Kohei Uchimura (ao centro) conquista o quinto ouro seguido do individual geral no Mundial

A cada apresentação, Sérgio Sasaki vibrava. Nesta quinta-feira, o ginasta brasileiro colocou de lado todos os problemas na preparação para fazer grandes exibições nos seis aparelhos e mais uma vez poder falar: "Estou entre os ginastas mais completos do mundo". E cada vez mais perto do tão desejado pódio. A sétima posição na final do individual geral não pode ser considerada um regresso em relação ao quinto posto do ano passado. Em Nanning, na China, o Mundial foi muito mais forte, exigente. E Sasaki respondeu a essas cobranças da competição, cresceu dia a dia, e no detalhe não conseguiu beliscar uma medalha. Apenas o mito japonês Kohei Uchimura ainda parece inalcançável no momento. O campeão olímpico conquistou com soberania o quinto título mundial da prova. King Kohei estendeu seu reinado. 

- A competição foi no detalhe. Estou orgulhoso de estar entre os oito melhores do mundo, porque foi uma competição muito bonita. Isso é o mais importante, competindo com atletas de muita qualidade, como o Uchimura e muitos outros - disse o brasileiro.

Sasaki recebeu os cumprimentos de todos os brasileiros da equipe de ginástica artística no ginásio Guangxi, inclusive de Arthur Nory. O segundo representante verde-amarelo na final desta quinta-feira teve uma queda na barra fixa e acabou na 21ª posição. Os dois treinam no Pinheiros, mas não são companheiros de equipe. Sasaki utiliza a estrutura do ginásio em São Paulo por estar sem clube desde o começo de 2013, quando o Flamengo deu fim ao time de alto rendimento da ginástica. Uma situação que só ressalta o resultado do brasileiro, ainda no top 10 do mundo.

-  A competição no individual geral é decidida nos detalhes. Não fiquei longe do terceiro colocado. Foi uma superação que eu tive. É muito difícil chegar aqui. Eu perdi duas posições em relação ao ano passado. Eu estou me mantendo, porque eu amo esse esporte. Mas eu preciso de um lugar bom para treinar. Chega a ser injusto eu ganhar de atletas com estrutura melhor do que eu. Essa medalha está engasgada na minha garganta. Estou querendo muito. Eu tenho mais um evento e vou lutar pela medalha. Vão ouvir falar muito de mim ainda - disse o ginasta, que somou 89,564 pontos e ficou a 0,884 do pódio.

No topo do pódio, nada além do esperado. Fenômeno da ginástica artística, o japonês Kohei Uchimura ampliou ainda mais o seu reinado no individual geral masculino, prova que reúne os seis aparelhos. Pela quinta vez consecutiva, o atual campeão olímpico faturou a medalha de ouro no Mundial. Completo e perto da perfeição em séries de alto grau de dificuldade, ele somou 91,965 pontos. Nenhuma nota do astro foi abaixo dos 15,000. A prata ficou com o britânico Max Whitlock (90,473), e o japonês Yusuke Tanaka (90,449) fechou o pódio. 

Arthur Nory, por sua vez, somou 84,174 pontos nos seis aparelhos. Ele, que ficou no 17º posto nessa prova no Mundial de 2013, mirava melhorar a colocação, mas em um ano marcado por lesões, o resultado desta quinta-feira não o desanimou.

- Eu saio satisfeito, o dever foi cumprido, porque eu vim ao Mundial com a cabeça mais para ajudar a equipe. Estou bem satisfeito por ter chegado a essa final. Não foi o que eu planejava, o que eu treinei. Estava treinando bem depois da lesão (luxação exposta no dedo). Só que na hora da competição é uma vez só. Não pode errar. Agora é trabalhar cada vez mais - disse Nory.

Sasaki ainda vai competir neste Mundial. No domingo, às 2h (de Brasília), ele disputará a final do salto. No sábado, a partir das 2h, o Brasil também terá Arthur Zanetti brigando pelo bicampeonato mundial nas argolas e Diego Hypolito por seu terceiro título mundial no solo. O SporTV transmite ao vivo todas as decisões do Mundial de Nanning.

ROTAÇÃO A ROTAÇÃO

Com a cabeça tranquila depois de tocar piano às vésperas da final, Nory foi o primeiro entre os brasileiros a se apresentar. No salto, ele deu um passo a mais na aterrissagem, mas saiu comemorando. Sabia que a nota seria boa. E foi: 15,000 pontos. Sasaki entrou em ação minutos depois nas argolas e comprovou a evolução no campeonato. Ele cravou a saída para receber a nota de 14,800, a maior dele neste aparelho em Nanning. Foi então quando King Kohei parou o ginásio pela primeira vez. Todos acompanharam a apresentação quase perfeita no solo. Com 15,766, ele só ficou atrás de Max Whitlock na primeira rotação. O britânico, que errou no cavalo com alças na classificatória sendo favorito ao ouro no aparelho, desta vez deu show com 16,000 pontos. Nory foi o décimo, e Sasaki o 11º colocado.

Na segunda rotação foi a vez de Sasaki ir ao salto, seu aparelho mais forte. Assim como não final por equipes, ele voou, mas não tão alto. A chegada também não foi tão cravada, mas a nota de 15,200 foi comemorada. Nory foi para as paralelas, o aparelho que teve mais dificuldade na classificatória. Ele quase perde o equilíbrio em um movimento, mas cravou a saída para tirar a nota de 14,100. Na briga pela liderança, Uchimura acertou - como sempre – sua série no cavalo com alças. Com a nota de 15,133, ele tomou a ponta de Whitlock, que não foi muito bem nas argolas. Ao fim da rotação, Sasaki subiu para a quarta colocação, a 0,266 pontos do russo David Belyavskiy. Nory, por sua vez, caiu apenas uma posição.   

Na terceira rotação, Nory encarou a barra fixa e sofreu. Primeiro ele errou um elemento e por isso se perdeu na série e caiu. Ele retomou e conseguiu a nota de 12,566, mas viu sua meta do top 12 se distanciar. Sasaki, por outro lado, cravou sua série nas barras paralelas e somou mais 14,900. O “robô” Uchimura fez uma boa apresentação nas argolas (15,000), mas viu Whitlock colar no seu retrovisor com um salto de 15,366. A diferença era de apenas 0,067. Após a terceira rotação, Sasaki caiu para o sexto posto, enquanto Nory despencou para a 22ª posição.

Depois da queda, Nory se concentrou para o seu aparelho mais forte, o solo. Ele foi quase perfeito na série e comemorou muito a nota de 15,208. Sasaki, por sua vez, foi a barra fixa, aparelho em que errou um elemento na classificatória. Desta vez ele fez uma grande exibição, com direito a saída cravada para receber 15,066 pontos. Pressionado por Whitlock, King Kohei respondeu com um salto genial (15,633). Com uma incrível apresentação nas barras assimétricas (16,033), o ucraniano Oleg Verniaiev roubou a segunda posição. Sasaki subiu para quinto, e Nory fechou a quarta rotação na 18ª posição.

Coube ao líder abrir os trabalhos na quinta rotação. Uchimura fez uma série segura nas barras paralelas (15,200) e abriu mais de um ponto de vantagem para Verniaiev. Só uma queda poderia tirar do japonês o quinto título mundial seguido. A briga pelos degraus de baixo do pódio esquentou. Sasaki fez sua melhor apresentação de solo em Nanning, apesar de uma escorragadinha quase no fim. Ficou na sexta posição, com a nota de 14,966. Nory encarou o temido cavalo e não fez uma apresentação muito boa. Ele somou 13,300 pontos e caiu para a 20ª posição.

A sexta e última rotação trazia para Sasaki o cavalo com alças, aparelho mais temido pelos brasileiros. O brasileiro conseguiu uma performance satisfatória, executando bem as paradas de mão e obtendo a nota de 14,633. Já nas argolas, Arthur Nory conseguiu cravar a saída e teve a nota de 14,000. Kohei Uchimura manteve o nível acima dos rivais na barra fixa e garantiu mais um título, com a nota 15,233. Outro japonês, Yusuke Tanaka teve mais uma boa atuação, também barra fixa. Ele obteve 15,500 e somou 90,449 no total para ficar com o bronze.  O britânico Max Whitlock também apresentou uma série sem deslizes no solo. Com 15,466, ele ficou com a prata.

 



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