Com políticas distintas, Prudente e Guarani trilham caminhos inversos

Com políticas distintas, Prudente e Guarani trilham caminhos inversos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:12

Há seis meses, Grêmio Prudente e Guarani enfrentavam situações totalmente diferentes das vividas hoje. O primeiro era uma das sensações do Campeonato Paulista e chegou até as semifinais, sendo eliminado pelo Santo André. O segundo sequer ficou entre os oito melhores da Série A-2, segunda divisão estadual. Mas nesta quarta-feira, às 19h30, no Prudentão, a equipe da casa tentará diminuir um pouco o tamanho do buraco no qual se encontra, enquanto o Bugre busca alimentar ainda mais seus sonhos - Sul-Americana e, quem sabe, Libertadores Em abril, o ex-Barueri mudou de cidade e rumou para Presidente Prudente, a 570 km de São Paulo. Uma estrutura totalmente montada foi deixada para trás por conta de desavenças com a prefeitura de Barueri. Em Prudente, o clube teve de começar do zero: sem apoio do empresariado local, sem ter local adequado para treinar e com um orçamento muito menor do que tinha à disposição na antiga casa. O vice-presidente Jaime Matsumoto admite as dificuldades no planejamento para o Brasileirão. A estrutura esportiva no Barueri, do município, cresceu junto com o clube. Ficamos lá por nove anos. Nós viemos pra cá (Prudente) e foi um choque muito grande. A cidade recebeu um clube de Série A, algo inédito, e demorou para a cidade entender quais as necessidades de um clube de primeira divisão. Deveríamos ter começado o Brasileiro numa estrutura melhor, e isso não aconteceu - lamentou Matsumoto. O clube esperava lucrar muito mais em bilheterias, por exemplo. Ano passado, quando mandava suas partidas na Arena Barueri, a média de público foi de 3.691 torcedores, com renda de apenas R$ 63.878,68 por jogo. Agora, no Prudentão, a situação melhorou um pouco, mas segue crítica: renda de R$ 83.337,50 por partida e público médio de 5.463, pior da Série A. No total até agora, R$ 1.000.050,00 arrecadados, bem longe do que a diretoria esperava.

- Prevíamos cerca de R$ 4 a 4,5 milhões de renda. Vamos ter talvez 50% disso, se não der menos. Nós nos consideramos organizados. Logo no começo, levantamos valores dos jogos que tiveram em 2009 no Prudentão, como os clássicos entre Corinthians e Palmeiras. Claro, sabíamos que era um clássico, mas ainda assim fizemos uma média. Esperávamos um público maior. Ao menos para o nosso planejamento do ano que vem, teremos base, todo o histórico de bilheteria de 2010 e, com isso, erraremos menos - garantiu Jaime Matsumoto. Dentro de campo, as tradicionais trocas de técnico e chegadas de novos jogadores prejudicaram a sequência no campeonato. Com apenas 17 pontos, a equipe está na lanterna e a 11 pontos da primeira equipe fora da zona de rebaixamento - o Flamengo. O clube já parte para seu quinto técnico: antes, passaram Toninho Cecílio, Márcio Barros (interino), Antônio Carlos Zago e Marcelo Rospide, que pediu demissão após a derrota por 3 a 0 para o Atlético-GO Em relação a contratações, poucas deram certo. Da Copa do Mundo para cá, foram 11 nomes trazidos pelo Prudente, alguns com passagens por clubes grandes, como Eduardo Ramos (ex-Corinthians) e Hugo (passou pelo Coritiba). Mas as constantes mudanças de esquema e jogadores fizeram a equipe cair demais de produção. Tanto que o corpo diretivo já se planeja para uma nova realidade em 2011 e acertou as dispensas dos medalhões Paulo César, Robson e Henrique Dias, pensando em enxugar a folha de pagamento.

- Se por algum acaso a gente cair, não vejo com tanta negatividade, pois podemos nos estruturar melhor, para a cidade ter mais tempo de se acostumar. Para se ter ideia, eles estavam acostumados com times da Série B do Paulista (quarta divisão). A cidade não teve tempo de se adaptar - ressaltou o vice-presidente do clube.

Bugre: apostas que dão certo e poucos gastos Na contramão do que vive o Grêmio Prudente, o Guarani comemora os feitos em seu ano de retorno à Série A. Após seis anos longe da elite (caiu em 2004), o time tem 33 pontos e vem fazendo campanha regular no Brasileirão. Hoje, está na zona da Sul-Americana e já sonhou até com Libertadores no início da disputa. Após a decepcionante nona posição no Paulistão da Série A-2, que tirou o Bugre da briga pelo acesso, a diretoria se mexeu e apostou no bom e barato para não fazer feio no Brasileiro.

Duas políticas foram utilizadas: contratar veteranos em boa forma, casos do zagueiro Fabão e do volante Baiano, e acertar o empréstimo de revelações a baixo custo. O caso mais latente é o do atacante Mazola, que pertence ao São Paulo e tem parte de seus salários bancada pelo Tricolor. Com seis gols, ele é o artilheiro bugrino no Brasileiro ao lado de Roger, que já deixou o clube. O coordenador técnico Waguinho Dias chegou após a disputa da Série A-2 e foi um dos que conseguiu colocar ordem na casa. Trouxe o técnico Vágner Mancini e o bancou no cargo até quando a equipe passou por uma sequência sem vitórias. O planejamento realista e sem grandes negociações vem dando resultado.

- Nós tínhamos um plano de não gastar muito simplesmente porque não tem dinheiro. Não poderíamos contratar por contratar. Tínhamos que escolher o atleta certo e ter a certeza de que ele iria a dar certo com a camisa do Guarani. Procuramos pelo perfil. Muitas vezes você deslumbra o atleta porque não tenta enquadrá-lo no perfil do time - disse Waguinho.

Sem ligar para a quantidade e buscando peças certas para as posições carentes, o Bugre é um dos que menos utilizou jogadores no Brasileiro: 30. Neste aspecto, o time só perde para os líderes Fluminense e Corinthians, além de Botafogo e Palmeiras. E, ao contrário do Prudente, não trocou de treinador. Além de Botafogo e Fluminense, o Bugre é o único a permanecer com o mesmo comandante desde o início. Não tivemos que fazer grandes contratações, conseguimos manter o treinador e não chegamos a cogitar em momento algum a troca. Os resultados começaram a aparecer. E, mesmo se houvesse alguma instabilidade de resultados, não acredito que iríamos trocar. Você confia no dia a dia do trabalho que você vê, a liderança dele com o grupo. Por mais que de repente caia algumas posições, existe a confiança de que o time vai continuar e se recuperar - afirmou Waguinho Dias. No Brinco de Ouro, a torcida tem entendido bem a nova realidade do clube e mostra seu apoio. Até agora, nos jogos em casa, o Guarani tem atraído 8.099 pessoas por jogo e arrecadado R$ 160.589,00. No total, o clube conseguiu nas bilheterias R$ 2.087.658,00, mais que o dobro do seu rival. Com uma grande torcida consolidada no interior paulista, o Bugre tem na sua massa o principal diferencial em relação à equipe de Presidente Prudente. Tradição que faz a diferença.

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