Curandeiros sul-africanos prometem resolver tudo na Copa

Curandeiros sul-africanos prometem resolver tudo na Copa

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 03:25

Dez minutos dentro de uma "township" - comunidades semelhantes às favelas brasileiras - na África do Sul são suficientes para avistar diversas placas com as indicações “Sangoma” ou “Inyanga”. É assim que são chamados os curandeiros locais, uma função bastante valorizada nas localidades pobres do país. Embora os dois tenham basicamente o mesmo papel, o Sangoma está mais associado à figura de um feiticeiro, enquanto o Inyanga recorre à manipulação de ervas e ao sacrifício de animais para remediar doenças e decepções amorosas. Mas, em véspera de Copa do Mundo, até a falta de gols dos Bafana Bafana entra na lista de soluções para os curandeiros.

A reportagem do GLOBOESPORTE.COM entrou numa casa usada por um Sangoma na township de Khayelitsha, na Cidade do Cabo. Ela fica numa loja de fundos enfumaçada e de aparência macabra. As paredes são tomadas por plantas e peles de animais penduradas. Como manda a tradição, Major Ndaba usava chapéu e escudo de sua etnia Xhosa. Quanto mais paramentado, maior a confiança que passa a seus clientes.

Num canto, há uma prateleira repleta de frascos e xaropes para os mais diversos fins. Ndaba até brincou com a famosa falta de pontaria da seleção de Carlos Alberto Parreira ao explicar os "produtos":

- Este vidro aqui cura dor de cabeça, este é para mal de estômago, este outro aqui para problemas financeiros. Aqui há solução para tudo, até para os jogadores de futebol da nossa seleção. Vou endireitar o pé desses caras – disse Ndaba, enquanto apontava para os frascos.

O curandeiro sul-africano é uma espécie de doutor tribal, função criada há centenas de anos em culturas negras locais como Zulu e Xhosa. Na época não existiam médicos para atender à população. Os curandeiros eram chamados para resolver desde problemas sérios de saúde até questões amorosas e financeiras.

Mesmo nos dias de hoje, eles continuam muito populares. Em Khayelitsha, cerca de 60% dos habitantes frequentam os curandeiros, mesmo quem também utiliza os tratamentos convencionais. A justificativa segundo Thabang Titotti, que promove passeios guiados para turistas na comunidade, é que boa parte das pessoas que moram em Khayelitsha migraram de regiões rurais e, por isso, ainda são apegadas às tradições.

- O curandeiro é muito respeitado entre os moradores, o que ele prescreve é levado à risca por todos - ressaltou Titotti.

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