Demian Maia pede à mídia maior foco na revelação de novos ídolos

Demian Maia pede à mídia maior foco na revelação de novos ídolos

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:21

O MMA chega de vez à grande mídia neste sábado, quando a TV Globo transmite, ao vivo, o UFC Califórnia, com a luta entre o brasileiro Júnior Cigano e o atual campeão dos pesos-pesados, Cain Velasquez. Companheiro de treino de Cigano, o lutador Demian Maia é uma das pessoas mais preparadas para comentar os rumos que a cobertura do esporte precisa tomar para continuar crescendo. Ex-desafiante do cinturão dos pesos-médios do Ultimate, Demian é formado em jornalismo e apostou na modalidade quando ainda era considerada uma atividade de "vagabundos e malucos". O jornalista e lutador ainda vê alguns problemas na forma como o MMA vem sendo tratado na grande imprensa, e dá uma sugestão de pauta: olhar para os atletas de forma mais profunda.

Demian Maia acredita que o público queira ver os lutadores de MMA como pessoas

comuns, e não apenas como atletas, e faz comparações com a forma como Ayrton Senna

era visto pelos fãs (Foto: Divulgação UFC) Segundo Demian, a mídia tem o poder de criar ídolos que transcendem o esporte, e as artes marciais mistas têm personagens com histórias capazes de atrair interesse além do octógono.

- O esporte vive de ídolos. O (Ayrton) Senna era o Senna porque todo mundo queria saber o que acontecia na vida dele, vê-lo na praia, andando de jet ski... Quando você vê um vídeo de surfe, tem uns 10 segundos de imagens do cara pegando onda, para cinco minutos do cara pescando, brincando, jogando bola. A gente precisa puxar um pouco mais pra isso, deixar a luta até como segundo plano e focar mais na personalidade, pois tem personalidades muito interessantes na luta que podem ser exploradas. O público da luta quer ver luta, mas se você mesclar essa parte da vida, atinge qualquer público. Todo mundo quer ver como é a vida de um grande atleta - argumentou, em entrevista concedida ao SPORTV.COM antes do anúncio do acordo entre a TV Globo e o UFC.

Demian se formou jornalista em 2001, mesmo ano em que foi graduado faixa preta de jiu-jítsu de Fábio Gurgel. O lutador admite que não foi dos alunos mais assíduos ("Muita gente botou meu nome em trabalhos por mim", lembra aos risos) pois já competia e estava focado na carreira nos tatames, mas sempre levou o curso a sério e prestou atenção às aulas. Atualmente, o paulista se mantém bastante ligado à sua formação e lê diariamentes grandes jornais, além de acompanhar programas de notícias na TV e no rádio.

Apesar disso, Demian não vê muito do material que sai na internet sobre ele e suas lutas. O paulista prefere não se estressar com os comentários feitos por alguns fãs e analistas, e trabalhar com isenção. Outra coisa que o preocupa, tanto na internet quanto na ampliação da cobertura do MMA, é o sensacionalismo e o jornalismo irresponsável.

- Ainda vejo (o espaço do MMA) bastante limitado e com preconceito. A grande mídia ainda tem que aprender muito com a mídia especializada, que está aí há anos. Eles ainda tentam puxar muito pelo sensacionalismo, e a mídia especializada às vezes comete o mesmo erro influenciada pela grande mídia. Acho que o caminho tem que ser o inverso. A mídia de lutas sempre foi legal, bem ponderada - lógico, sem ser isenta, que é impossível, mas sempre foi mais séria que a mídia de futebol, que envolve muitos interesses. Eu vejo algumas mídias mais novas que, por exemplo, ficam esperando você dar uma frase para colocar na cabeça da matéria. Muitas vezes, botam uma frase fora de contexto no título para dar clique na internet. Não acho que esse seja o caminho. Pode ter assuntos polêmicos, é interessante, mas tem que ser honesto - afirmou o lutador.

Aos 34 anos de idade, Demian Maia tem alguns anos de carreira pela frente no octógono, e não pensa ainda em seguir carreira no jornalismo uma vez que se aposentar. Por ora, apenas comemora a chegada do esporte à grande mídia, algo que ele anteviu e poucos acreditaram.

- Era uma coisa que a gente sempre esperou, mas não tinha certeza que aconteceria. Se perguntassem há 10 anos, muita gente achava impossível uma coisa dessas. Mas eu sempre acreditei no esporte. Algumas pessoas diziam que nunca ia superar o boxe, mas eu dizia que tinha tudo para superar, porque é muito mais interessante para assistir, é muito mais fácil para o público entender, muito mais dinâmico. O argumento das outras pessoas era só "você está maluco", e isso não foi um argumento que me convenceu (risos). Acho que previ bem - concluiu Demian, que deve acompanhar as lutas de Junior Cigano no UFC Califórnia e de Maurício Shogun no UFC 139, no dia 19 de novembro, antes de retornar aos treinos. Ele ainda não tem luta marcada pelo Ultimate após vencer Jorge Santiago no UFC 136, há um mês.          

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