Dividido entre música e taekwondo, carioca brilha no palco e no tatame

Dividido entre música e taekwondo, carioca brilha no palco e no tatame

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:17

Aos 18 anos, Arthur Moreno ainda não sabe qual caminho seguir. Como acontece com muitos garotos de sua idade, ele anda dividido com as opções à sua frente. O caso do jovem morador da Tijuca, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é, porém,  no mínimo diferente. Esforçado, Arthur sempre se entregou a duas paixões: a música e o taekwondo. Hoje, vê um futuro promissor em ambas carreiras, que, a uma primeira vista, só têm uma semelhança entre si: a disciplina.

Neste fim de semana, Arthur tinha dois grandes compromissos. Pela música, ele, que toca contrabaixo, foi convidado para participar do Festival do Vale do Café, em Vassouras, no Rio de Janeiro. Também estava escalado para o Brasil Open de Taekwondo, em São Paulo. Mais uma vez, se viu tendo de escolher entre o instrumento e o quimono. A solução veio de seu professor nos tatames, Uirá Freitas, que conversou com a organização do campeonato, conseguiu o adiamento da pesagem obrigatória e pagou uma passagem de avião para o garoto poder comparecer aos dois eventos. No fim, valeu a pena: depois da apresentação no palco sul-fluminense, no sábado, conquistou a medalha de bronze no ginásio do Parque São Jorge, no domingo.

- Vai ter uma hora que eu vou ter que cair para um lado. Mas ainda não dá, não tem como. Não tenho palavras, não tem explicação. As pessoas dizem que não é possível amar duas coisas da mesma forma ao mesmo tempo, mas é assim comigo. Quando aparecer uma proposta, vou ter que pensar muito – diz Arthur, apesar de confessar, que, no momento, sua preferência pende mais para o lado da música: “Taekwondo não tem muito prestígio no Brasil”, explica.

Taekwondo e música entraram praticamente ao mesmo tempo na vida do garoto. Em um primeiro momento, ele, que toca em três projetos diferentes no Rio (Delfim Moreira Coral e Orquestra, Orquestra Brasileira do Rio de Janeiro e Projeto Villa-Lobos e as crianças), preferiu a música. Um convite de Uirá, no entanto, o fez retornar aos tatames.

- Ele perguntou se eu queria voltar a lutar e eu disse que sim. Ele só me mandou arrumar um lugar. Acabamos treinando lá na área de lazer do meu prédio. Eu fui pegando gosto, até chegar à faixa verde, ainda não tinha perdido. Venci a maioria por nocaute técnico. Até entrar de “salto alto” em uma luta e perder, mas hoje não acontece mais.

Quando criança, Arthur não pensava em música nem nos tatames. Seu desejo maior era ser militar. Neste ano, se alistou e pretende servir, se for chamado. “Quem sabe não acabo tocando na Orquestra da Aeronáutica?”, diz. Ele garante ter o apoio de toda a família para seguir qualquer um dos caminhos, mas a preferência em casa e da namorada, Stephany, é mesmo pelo contra-baixo.

- Minha mãe costuma reclamar quando eu chego em casa de olho roxo. Ela diz: “Eu nunca te dou um tapa e você paga para apanhar”. Minha namorada também tem ciúmes, desconfia dos arranhões, mas também me apoia.

O caminho, no entanto, ainda segue dividido. Principalmente pelo esforço de Uirá, que comanda um grupo de meninos que lutam taekwondo e tira dinheiro do próprio bolso para levá-los às competições. Apesar da torcida para que o garoto esolha a luta, o técnico afirma que estará do lado de Arthur no caminho que ele escolher.

- Eu não quero que eles vivam nenhum sonho por mim. Tanto na música quanto na luta, ele tem muito talento. Com certeza, no que ele escolher, eu vou aplaudir. Já faltei aula, criei horários, tudo para ajudá-lo e os outros também – disse o professor, que dá aulas em um clube em Vila Isabel e passou em um concurso para ser censor do IBGE e, assim, conseguir verba para levar os alunos aos torneios.

Arthur, que ainda não acabou o colégio – no ano passado, repetiu o terceiro ano -, afirma que vai tentar adiar a decisão ao máximo. Mas sabe que o tempo para escolher um lado está acabando.

- Tem como fazer os dois? Eu estou correndo pelos dois lados para ver o que vem primeiro. Por enquanto, está mais para o lado da música, porque eu tenho o reconhecimento dos músicos tops do Brasil. Mas ainda não sei. Sei que não posso vacilar com meus professores

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