Em ascensão meteórica, canadense quer ter saque mais rápido da história

Em ascensão meteórica, canadense quer ter saque mais rápido da história

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:51

Quando ele chegou a Melbourne para o Australian Open, ocupava apenas a 152ª posição no ranking mundial e teve de disputar o qualifying. Nas três semanas do torneio, Milos Raonic, 20 anos, assustou o mundo com seus saques que não raro ultrapassam os 220 km/h e alcançou as oitavas de final, derrubando pelo caminho o top 10 Mikhail Youzhny.

Dois meses depois, o jovem canadense nascido em Montenegro, dono de uma das ascensões mais impressionantes dos últimos anos, já é o 37º melhor tenista do mundo e soma ao currículo o título do ATP 250 de San Jose, onde derrubou o também top 10 Fernando Verdasco na final.     Raonic deixou Podgorica, sua cidade natal, aos 3 anos, enquanto seus pais fugiam da guerra civil na ex-Iugoslávia. Atualmente, o jovem tem fama nos dois países. Em Montenegro, além de tudo, é sobrinho do vice-presidente. No Canadá, já é o tenista mais bem ranqueado da história.

Comparado frequentemente com Pete Sampras - pelo saque monstruoso, a potente direita do fundo de quadra e o sólido jogo de rede -, o garoto de 1,96m lidera a ATP em aces na temporada (303, com média de 20,3 por jogo) e em porcentagem de pontos vencidos com o primeiro saque (81% - números oficiais divulgados no começo desta semana). Mesmo assim, acredita que tem muito a melhorar no fundamento.

Pouco antes de estrear no Masters 1.000 de Indian Wells, onde foi eliminado na terceira rodada, Milos Raonic concedeu uma entrevista via e-mail ao GLOBOESPORTE.COM, na qual fala sobre o recente assédio de fãs e imprensa, a vontade de melhorar seu jogo e o desejo de quebrar o recorde de saque mais rápido de todos os tempos.

GLOBOESPORTE.COM: Em Melbourne, você era praticamente um desconhecido. Agra, todos falam de você. Está surpreso com o que conseguiu nestes dois meses?

Milos Raonic: Não estou surpreso, mas está sendo mais rápido do que eu esperava. Faço as coisas que preciso. Meu nível subiu recentemente devido ao grande esforço que dediquei ao meu jogo no ano passado. As coisas estão começando a dar certo, e o trabalho está começando a ser compensado. Estou melhor e mais forte fisicamente e, mais importante, consegui me manter sem lesões. Se eu tivesse que apontar o que mais me ajudou com meu recente sucesso seria a força mental. Hoje, vejo o jogo mais claramente e me concentro mais nas partidas. Não venho perdendo a calma nem deixando a cabeça se descontrolar.

E a atenção toda da imprensa, é espantosa?

A mídia é algo que está acontecendo porque eu fui bem nos últimos meses. Ajudou também o fato de eu me tornar o melhor jogador canadense da história. Eu levo numa boa, e meu time me ajudou a atender os pedidos da imprensa da melhor maneira possível.

Fora da quadra, sua vida mudou muito depois de Melbourne e San Jose?

Em Montenegro e no Canadá, sim. Eu tenho muitos fãs. Meu tio se tornou vice-presidente depois da separação de Montenegro. Agora, sou muito popular lá por causa dos resultados com o tênis. Especialmente desde o ano passado, com a vitória sobre Nadal e Djokovic nas duplas (Raonic e seu compatriota Vasek Popisil superaram espanhol e sérvio na primeira rodada da chave de duplas do Masters de Montreal em 2010). Sou mais reconhecido e apareço mais na imprensa do Canadá. Estão mostrando todos meus jogos na TV, e a imprensa está empolgada com isso. Estou gostando, mas ainda não passei muito tempo no Canadá este ano.

As pessoas vem falando de você como uma versão moderna de Pete Sampras. Um saque enorme, grandes voleios e um jogo potente do fundo de quadra. Como você recebe essas comparações? Pete era alguém que você tentava copiar quando pequeno?

É muito legal ouvir esses elogios, mas ainda estou muito longe dele. Meu saque sempre foi minha maior arma, mas ainda não estou satisfeito com ele. Acho que há muito para melhorar. Enquanto eu mantiver meu serviço, tenho chances contra qualquer um, mesmo quando não estiver jogando meu melhor. Sim, Sampras sempre foi meu ídolo. Consegui conhecê-lo este ano, o que foi incrível. Ele me deu boas dicas em San Jose, que me ajudaram muito. É uma experiência inacreditável estar crescendo e chegando ao ponto de conhecer seus ídolos.

Seu saque mais rápido é de 241 km/h, o que é bem próximo do recorde que Ivo Karlovic quebrou recentemente (251 km/h). Você acha que pode ultrapassá-lo?

Estou perto! É ótimo sacar como esses caras. Continuo a trabalhar no meu saque diariamente tentando melhorar a eficiência e as porcentagens. Minha altura e a força do meu ombro também contribuem bastante para que seja a principal arma do meu arsenal. Sacar melhor vai trazer grandes resultados, então sim, se eu quebrar o recorde será bacana.

Muita gente diz que seu recente sucesso se deve ao tempo que você passou na Espanha trabalhando com seu atual técnico, Galo Blanco (os dois estão juntos desde novembro de 2010). O que essa parceria ajudou no seu tênis?

Galo é muito bom, e morar na Espanha me fez mais forte física e mentalmente. Com certeza, ajudou meu jogo de fundo de quadra, já que passei muito tempo no saibro. No entanto, há todo um trabalho que fiz com a Tennis Canada (como é chamada a federação do país) nos últimos três anos. Em 2007, comecei a treinar no Centro Nacional em Montreal. Lá, fui ajudado financeiramente e tive um técnico da federação. Por dois anos, foi Guilaume Marx, um francês levado para o Canadá. Em 2010, foi Frédéric Niemeyer. Agora, fiz essa transição para Barcelona, mas a Tennis Canada ainda está organizando meu calendário, e tudo é feito com o diretor do Centro Nacional, Louis Borfiga. Tudo é revisado com ele: o que preciso fazer, quais serão os próximos passos para meu desenvolvimento, etc..

Imagino que seus objetivos hoje devem ser bem diferentes do que você tinha em mente no começo da temporada. O que mudou? O que está no horizonte agora?

É uma mudança enorme, já que eu estava alternando entre Challengers e ATPs. Agora posso jogar os grandes eventos sem passar pelo qualifying e até recebi alguns wild cards (convites da organização, como aconteceu em Indian Wells), o que é ótimo. Só quero continuar concentrado em melhorar meu jogo. Sei que cedo terei mais pressão, mas por enquanto só quero jogar e apreciar o momento. E é muito importante me manter sem lesão, já que estou jogando mais.      

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