Fama de baladeiro corrói imagem de Ronaldinho Gaúcho

Fama de baladeiro corrói imagem de Ronaldinho Gaúcho

Fonte: Atualizado: sábado, 29 de março de 2014 às 3:24

Ronaldinho Gaúcho participou de 11 entre os 18 jogos disputados pela seleção brasileira em 2007. Ele era um dos homens de confiança de Dunga. Em 2009, o jogador do Milan atuou em três das 17 partidas da seleção. Dois anos foram suficientes para Ronaldinho pulverizar sua credibilidade diante do treinador. O atacante ficou de fora da lista dos 23 jogadores que defenderão o Brasil na Copa de 2010 na África do Sul. Utilizando uma simples equação poderíamos deduzir que o atleta não aproveitou as chances que recebeu ou não soube controlar de maneira adequada as notícias sobre sua vida privada. Para os milaneses, nenhuma surpresa. Em Milão, a sensação é de que Ronaldinho vive em uma festa sem fim.

Se imagem for fundamental para defender a seleção brasileira de Dunga, o atacante deveria ter ficado mais atento. Basta caminhar pela cidade e fazer algumas perguntas para descobrir que o técnico do Brasil não está sozinho em relação a suas avaliações, pelo menos ao que se refere à estrela do Milan.

"Não se escuta muita gente falando bem do Ronaldinho por aqui. Jogadores como o Kaká e o Pato são bem falados. Do Ronaldinho, só fico sabendo que ele gosta da região do Tocqueville", disse o taxista Alberto Piccu, que costuma rodar pelas regiões mais nobres de Milão.

O Tocqueville a que se refere Piccu é uma das casas noturnas mais badaladas da cidade, equipada com restaurante, discoteca e povoada por personalidades famosas da televisão e do futebol. Seus proprietários são fiéis aos seus seguidores vips. Ao tentar uma aproximação, a gerência do Tocqueville disse à reportagem que prefere não comentar sobre as intimidades de seus clientes.

Mas a via Alessio di Tocqueville, onde está o clube homônimo, é um dos redutos da noite de Milão. Para o taxista, os jogadores não necessariamente procuram o Tocqueville, considerado mais refinado. "Existem muitas boates por lá", completa. O circuito dos principais atletas parece sob constante vigilância. "Eu não sei muitos detalhes, mas tenho um colega que sabe tudo sobre eles: Ronaldinho, Adriano...Quer falar com ele?", pergunta Piccu.

E eu respondo: "Claro!" Mas o taxista acaba com as minhas esperanças: "Hahaha! Ele não vai querer falar com você!"

Em fevereiro deste ano, por exemplo, quando o jornal italiano La Stampa chegou a nomear Ronaldinho como autêntico herdeiro das baladas noturnas do atacante Adriano pela cidade, lá estava o Tocqueville sendo citado entre as instalações frequentadas pelo jogador.

"Acho que o Ronaldinho está em fim de carreira", comenta Bruno Susinna, designer de uma empresa italiana de aparelhos de comunicação. "Veja outros jogadores que vieram para a Itália. O Cambiasso (argentino, da Inter de Milão), por exemplo, tem cabeça. Veja o comportamento do Lúcio. Exemplar! O Ronaldinho está entre os jogadores que se encantam com a farra."

Dunga em desalento

No domingo passado, Ronaldinho fez dois gols contra a Juventus na vitória do Milan por 3 a 0. Além dos gols, o atacante teve uma nova exibição de gala. Ao final da partida, aproveitou a boa atuação para dizer que sua resposta a Dunga seria dada dentro de campo. "Se ele pensa que aquilo que faço no campo não é suficiente para entrar na seleção, é escolha dele e respeito", comentou o jogador.

Mas na avaliação de Dunga, Ronaldinho não assumiu com a devida voracidade o papel de protagonista da seleção, desperdiçando as inúmeras oportunidades fornecidas pela atual comissão técnica. O fracasso do atacante nos Jogos Olímpicos de 2008, quando o Brasil mais precisou de sua habilidade e comando, talvez seja a referência negativa que mantenha o treinador prostrado em relação ao seu futebol. Em 20 jogos disputados com Dunga, Ronaldinho marcou apenas 5 gols. Para massacrar o currículo, as notícias sobre sua vida privada, que sempre estiveram sob controle e mantidas em sigilo, passaram escorrer pelas suas mãos.

Segundo reportagem do jornal Corriere Della Sera, Ronaldinho chegou a gastar 75 mil euros em uma suntuosa balada de três dias consecutivos em uma suíte de um hotel de alto luxo. Para o Corriere, uma legítima festa "de Mil e Uma Noites". E tudo isso durante a semana de janeiro que antecedeu ao clássico contra a rival Inter de Milão. O Milan perdeu a partida por 2 a 0. Ronaldinho, ou somente Dinho, como parte da imprensa de Milão gosta de tratá-lo, negou que tenha armado a noitada e até desabafou em seu blog. Diferentemente do português Cristiano Ronaldo, que não dá a mínima para quem diz que ele não passa de um mulherengo incontrolável, o brasileiro parece sofrer com os comentários. Mas não adianta. A fama de baladeiro impregnou: 

"Gosto mais do Kaká. O Ronaldinho só pensa em dinheiro e balada. Ele joga bem, mas não tem cabeça. O forte dele é mulher", disse o estudante Maximiliano Rossi.

Vendas em queda

Em uma loja de artigos esportivos dentro da galeria Vittorio Emanuele 2º, um dos mais famosos pontos turísticos de Milão, um funcionário que prefere manter discrição sobre seu nome, disse que Ronaldinho e Beckham eram tradicionalmente os donos das camisas mais procuradas. Porém:

"Agora tudo mudou. Vendo mais blusas do Milito (atacante argentino da Internazionale) e do Sneijder (meia holandês da Inter). O time deles está ganhando tudo e acho que os milaneses também admiram mais estes dois jogadores nos dias de hoje."

As camisas dos jogadores da Inter são comercializadas a 70 euros. Ronaldinho, mesmo em queda nas vendas, está mais cara: 80 euros.

"Dizem que ele só faz bagunça por aí e bebe todas", comentou a estudante Tennina Valeria. "Mas meu namorado torce para o Milan e estou pensando em comprar uma camisa do Ronaldinho para ele assim mesmo."

Um dos poucos lugares tranquilos para Ronaldinho talvez seja o restaurante Giannino, considerado um clássico de Milão, fundado em 1899. Até o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi tem uma mesa cativa no local. Por ser considerado um ambiente familiar, o Giannino parece ser um refúgio de Ronaldinho abençoado pelos milaneses.

"Aqui, os jogadores são acolhidos", disse Lorenzo Tonetti, um dos proprietários. "É quase uma extensão da casa deles. Muitos jogadores que trabalham em Milão saíram de seus países e precisam de um local aconchegante, que os deixem à vontade. Acho que nós fazemos este papel. Aqui, ninguém é inconveniente com os atletas."

Segundo Tonetti, o Giannino é freqüentado por Ronaldinho, Julio Cesar, Maicon, Pato e até Kaká e o ex-jogador e hoje comentarista Falcão.

"Posso dizer que o Ronaldinho é um bom garfo. Seu prato predileto é massa, o macarrão a carbonara, mas ele come de tudo", garante Tonetti.

Por Vinicius Mesquita

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