Fla-Flu de 1969 marca vida do tricolor Pedro Bial

Fla-Flu de 1969 marca vida do tricolor Pedro Bial

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

"Amigos, a humildade acaba aqui. Desde ontem o Fluminense é o campeão da cidade. No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória." Assim começa "Chega de humildade", crônica de Nelson Rodrigues considerada a melhor do saudoso dramaturgo, publicada no jornal ‘O Globo’ no dia seguinte à conquista do título estadual de 1969, quando o time das Laranjeiras derrotou seu maior rival por 3 a 2. O jogo inesquecível do apresentador,  jornalista e tricolor de coração Pedro Bial.

O estampido dos fogos de artifício doía os ouvidos do pequeno Bial, por volta dos cinco anos, quando estreou nos estádios. Passou-se um bom tempo até a audição não ser mais incomodada pelos ruídos. Aos 11 anos, o garoto voltava ao Maracanã. Era um dos 171.599 presentes na penúltima rodada do octogonal, liderado pelo Fluminense. A vitória sobre o rival no dia 15 de junho de 1969 levaria a taça para as Laranjeiras com uma rodada de antecedência. Bial estava ao lado dos pais nas cadeiras perpétuas, setor considerado mais seguro para uma criança, enquanto o irmão mais velho, Alberto, apoiava o time das igualmente superlotadas arquibancadas.

- Foi um jogo com todas as características de um Fla-Flu: encarnecido e duríssimo. Mas tínhamos confiança o tempo todo na vitória do Fluminense. Por mais que o outro time saísse na frente, não ficávamos com medo. Sabíamos que o nosso time ia correr atrás do resultado.

Para o dramaturgo e jornalista Nelson Rodrigues,

Fla-Flu de 1969 foi maior de todos (Foto: Ag.Estado)   A confiança começou quando Wilton aproveitou falha do goleiro Dominguez e fez 1 a 0, aos 9 minutos. Liminha empatou para o Flamengo aos 35, em um chutaço de fora da área que encobriu Félix. Pouco depois, Cláudio - que estaria em impedimento - colocou os tricolores novamente à frente. Os rubro-negros reclamaram. Estavam desconfiados. Um ano antes, o mesmo Armando Marques validou um gol de mão de Wilton, que deu a vitória tricolor no Fla-Flu do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, espécie de Campeonato Brasileiro da época.

Disco com hino e gols de Jorge Curi

Quando achou que seu time foi novamente prejudicado, Dominguez correu até o meio do campo para tirar satisfações com Marques e acabou expulso. O bandeirinha daquele jogo, naquele lado do campo, era Valquir Pimentel, que nos anos 80 se tornaria dirigente do Fluminense.

Mesmo com dez jogadores, o Flamengo foi um leão em campo e empatou aos 16 minutos da etapa final, com uma cabeçada de Dionísio. Félix teve que se virar para manter o empate até os 34 minutos, quando Flávio acertou um belo chute no canto esquerdo de Sídnei. Um lance e um jogador até hoje guardados na memória de Bial.

Ídolo de Pedro Bial, o artilheiro tricolor Flávio brilhou

ao decidir o Fla x Flu de 1969 (Foto: Arquivo / O Globo)   - Eu tinha um compacto com o hino do Fluminense de um lado, e, do outro, a narração dos gols do Jorge Curi. Ouvi tantas vezes que até hoje eu sei essa narração de cor. Flávio, o Minuano, era um mulato bonito e namorava a cantora Doris Monteiro. Aquele time também tinha Denílson, o Rei Zulu, como o chamava Nelson Rodrigues.

Do Maracanã, a família Bial partiu para a sede do Fluminense, onde festejou o 19º título carioca do clube. A alegria seguiu por dias:

- Como o título foi conquistado por antecipação, a comemoração no colégio durou uma semana – recorda.

Semelhanças com Flu atual

Saudoso do passado e empolgado com o presente. Bial aproveita para traçar um paralelo daquela equipe de 1969, sob a batuta de Telê Santana, com a atual, comandada pelo discípulo Muricy Ramalho.

- A sensação com aquele time me lembra a de hoje. Por mais que o adversário saísse na frente, não ficávamos com medo. A gente sabia que a nossa equipe ia correr atrás do resultado. Atitude que se refletiu na minha vida, na autoconfiança como torcedor e como gente. Em saber ganhar e perder. Acho que esse espírito de 1969 está sendo recuperado com o time de agora, que pode ser um dos melhores de todos os tempos da história do clube.

FLamengo 2 x 3 fluminense Dominguez, Murilo, Onça, Guilherme e Paulo Henrique, Liminha, Rodrigues Neto e Arílson (Sídnei); Doval, Fio e Dionísio. Felix, Oliveira, Galhardo, Assis e Marco Antônio; Denílson, Lulinha (Samarone); Wilton, Cláudio, Flávio e Lula (Gílson Nunes). Técnico: Tim Técnico: Telê Santana Gols: Wilton, aos 9, Liminha, aos 35, e Cláudio, aos 38 do primeiro tempo; Dionísio, aos 16, e Flávio, aos 34 minutos do segundo tempo Cartão vermelho: Dominguez (Flamengo)

  Local: Maracanã. Data: 15/06/1969. Árbitro: Armando Marques.   Por Leonardo Filipo Rio de Janeiro

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