Há vida sem Neymar e Lucas, diz Ney Franco sobre sub-20

Há vida sem Neymar e Lucas, diz Ney Franco sobre sub-20

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:38

Ney Franco em entrevista nesta quinta: qualidade

de sobra (Foto: Victor Canedo / Globoesporte.com)

  Para quem passou os últimos três meses longe do futebol, soaria inadmissível uma convocação para o Mundial sub-20 não ter os nomes de Neymar e Lucas . Mas os dois grandes destaques da Seleção Brasileira no título do Sul-Americano da categoria, entre janeiro e fevereiro, seguiram suas carreiras e se tornaram símbolos da renovação guiada Mano Menezes na equipe principal num estalar de dedos. O que sobrou a Ney Franco? Muitas “realidades” e “referências”. O treinador que tentará levar o Brasil ao pentacampeonato avalizou a geração, a começar por Philippe Coutinho, meia do Inter de Milão e desfalque no Peru por conta de uma lesão.

– Logicamente dentro da nossa convocação ele é um jogador referência. Dentro de campo é quem pode provocar um desequilíbrio a nosso favor dentro da competição. Ele pode “usar” a Seleção como parceira para ter a projeção que Neymar e Lucas tiveram. E todo mundo sairá ganhando. Vejo-o com tudo para sair dessa competição ainda mais valorizado – disse Ney Franco.

Coutinho é um dos 26 nomes da lista que contou com maioria rubro-negra. Foram cinco atletas do Flamengo, contra quatro do São Paulo e outros quatro do Santos. Todos com futuro para lá de promissor.

  – São nomes com potencial enorme. Dessa seleção que está indo para essa competição uma coisa já é real: a maioria deles já é realidade. Você pega o Juan, jogando pelo profissional do Internacional, o Oscar também, o Casemiro, hoje, peça importantíssima no São Paulo... Isso já dá certeza de que é uma geração que já vingou – afirmou Ney Franco, que cortará cinco jogadores, todos de linha, durante o período de treinos na Granja Comary, em Teresópolis-RJ, entre 4 e 24 de julho, data da viagem para a Colômbia. O Mundial começa para o Brasil no dia 29, contra o Egito, em Barranquilla. Em seguida, o time canarinho vai encarar a Áustria, no dia 1º de agosto, e, por último, o Panamá, dia 4, pelo Grupo E.

Confira abaixo a entrevista completa:

  GLOBOESPORTE.COM: o Philippe Coutinho tem esse perfil de liderança dentro de campo como foram Neymar e Lucas?

NEY FRANCO : A convocação do Coutinho foi mais pela parte técnica, mas na verdade é um jogador que eu nunca trabalhei, então não sei se tem esse perfil de liderança. A gente tem jogadores tecnicamente bons, que atendem também taticamente, mas não tem um perfil de líder. Isso só quando estiver trabalhando mesmo que a gente vai ver se o Coutinho tem potencial para isso, e se tiver canalizar para que seja um líder positivo. E logicamente que dentro da nossa convocação ele é um jogador referência. Dentro de campo é quem pode provocar um desequilíbrio a nosso favor dentro da competição.

Você quase trabalhou com ele no Sul-Americano (foi cortado por lesão). Formaria um trio dos sonhos para uma geração sub-20...

Acho que esse Sul-Americano foi muito bom para todo mundo. Principalmente para alguns jogadores. E acho que o Philippe, se tivesse participado daquela campanha, seria um jogador que poderia hoje, assim como o Lucas e o Neymar, ter uma projeção... E o Philippe Coutinho, apesar de estar jogando em um grande clube, que é o Inter de Milão, pode “usar” essa Seleção Brasileira, como uma parceira. Todo mundo, atleta e Seleção, sai ganhando. Vejo o Philippe com tudo para sair dessa competição ainda mais valorizado.

Do álbum para a realidade: Neymar e Lucas vão disputar a Copa América na Argentina (Foto: Reprodução)

  Algum jogador não entrou na lista por não ter sido liberado ou por lesão?

A gente trabalhou com uma lista de 30 nomes, e dentro dos 30 tivemos a lesão de um jogador, que é o Fillipe Soutto, do Atlético-MG. Ele lesionou o joelho e terá que passar por uma intervenção cirúrgica. Entramos em contato com o departamento médico do Atlético-MG, através do médico Rodrigo Lasmar, e a projeção de retorno dele era só em quatro semanas. Então, como tínhamos outras opções, o único problema foi esse.

O que falar das novidades da lista, como o Roni (Criciúma), o Roberto Firmino (Hoffenheim-ALE) e o Sebá (Cruzeiro)? O Roni é um atleta que venho acompanhando dentro da Série B, vi alguns jogos do Criciúma e que me chamou a atenção, teve destaque no campeonato de Santa Catarina. Além de ver jogos pela televisão, mandei um observador ver esse jogador de perto. É um jogador que o Brasil não conhece, mas vejo com grande potencial para nos ajudar dentro da competição. Coloco mais ou menos em comparação com o Willian José, contratado depois pelo São Paulo, que ninguém conhecia quando a gente o convocou. Coloco o Roni mais ou menos nesse perfil.

O Roberto Firmino já está no exterior, teve uma boa passagem pelo Figueirense jogando a Série B, e eu dirigindo o Coritiba tive a oportunidade de jogar contra esse atleta. O Sebá já esteve comigo, numa competição que estivemos agora na Espanha, com a Seleção sub-18. Também estiveram o Frauches, zagueiro, e Cesar, goleiro, ambos do Flamengo. Os dois estiveram comigo no Barcelona, fomos campeões do torneio que fizemos a final com o México, o Sebá é um jogador que eu conheço e acompanho há algum tempo, e o vi jogando a Copa São Paulo pelo Cruzeiro, onde foi muito bem. E nesse torneio em Barcelona o Sebá, o Felipe Anderson, do Santos, Cesar e Frauches, do Flamengo... Todos esses atletas ganharam a condição de estar na sub-20 hoje pelo que fizeram nessa competição na Espanha.

Philippe Coutinho comemora único gol marcado

com a camisa do Inter de Milão: referência (AFP)

  Alguns se surpreenderam quando viram que o Flamengo, e não Santos ou São Paulo, forma essa base inicial, embora dois deles ainda não joguem pelos profissionais...

Três nomes já são conhecidos, principalmente para a torcida do Flamengo. Galhardo e Diego Maurício dispensam comentários, além de estarem jogando agora estiveram no Sul-Americano comigo. O Negueba, além de também entrar com frequência, teve boa participação na Copa São Paulo, no Carioca, entrando em alguns jogos. Ele me chamou a atenção por ser um jogador interessante. E os outros dois que falei anteriormente, o Cesar e o Frauches, em função principalmente dessa competição que tivemos na Espanha. Avalio que são dois jogadores com potencial enorme para num futuro próximo estarem vestindo a camisa profissional do Flamengo. Esse Mundial pode ser importante por isso. Podem voltar já com condição para jogarem pelo profissional.

Falando de números. Você é obrigado a levar três goleiros, e no Sul-Americano passou por uma situação complicada, quando o Juan foi expulso e o Bruno Uvini já estava machucado. É uma indicação de que irá com os quatro defensores para o Mundial?

Se você leva cinco, já começa em outra posição a ter algum problema também. Para levar um quinto zagueiro tem que tirar um lateral-esquerdo, por exemplo. A tendência é manter quatro, logicamente que temos de fazer cinco cortes, é até difícil entrar nesse detalhe, pois também temos outros jogadores que fazem essa função de zagueiro se precisar. O Danilo fez para mim em algum momento no Sul-Americano. O meu conceito maior, hoje, te diria que é viajar com quatro zagueiros. O Allan, assim como o Danilo e próprio Galhardo, me dão essa opção de trabalhar como lateral e volante.

O que dizer dessa geração, que mesmo sem Neymar e Lucas, tem grandes nomes? É a melhor da Seleção Brasileira sub-20 em anos? Fica difícil na minha condição fazer uma comparação, não tenho estudo em relação às outras gerações que passaram, mas são nomes com potencial enorme. Dessa seleção que está indo para essa competição uma coisa já é real: a maioria deles já é realidade. Você pega o Juan, jogando pelo profissional do Internacional, o Oscar também, o Philippe Coutinho, no Internazionale de Milão, o Casemiro, hoje, peça importantíssima no São Paulo, o Dudu entrado muito bem nos jogos do Cruzeiro, Danilo e Alex Sandro disputando final de Libertadores com o Santos, então isso já dá certeza de que é uma geração que já vingou. Não tem que “usar” a Seleção Brasileira para vingar e aí ter espaço no clube. É uma geração que já chega à Seleção jogando nos seus clubes.

Ney Franco tem motivos para sorrir mesmo sem Neymar e Lucas (Foto: Alexandre Durão / Globoesporte.com)

  A Copa de 2018, então, é logo ali?

2018 é logo ali, de repente até 2014 para alguns (risos). A gente não sabe o que acontece, o Brasil é surpreendente, de um ano para outro aparece um jogador diferente. Estamos indo com uma boa seleção, mas é uma competição difícil. Assim como o Brasil, tem a Argentina, o Uruguai, a Espanha que já vem desenvolvendo um trabalho há muito tempo na base, as informações que estamos colhendo de outros países, a seleção do México, muito forte, as seleções da África que não se pode desprezar nunca, sempre com jogadores fortes... Basicamente é isso. Realmente é uma geração boa, cabe a nós trabalhar, entrar em campo e fazer essa equipe jogar. Não adianta só ter bons jogadores.

Você citou a Espanha, campeã do mundo, da última Eurocopa, e com uma excelente base, como estamos acompanhando no Europeu sub-21. É a grande adversária?

Não acho que seja a única grande adversária. Existem talvez seis, sete seleções no mesmo plano, entre elas está a Espanha. E logicamente estamos colhendo informações. O Rafael (Vieira), auxiliar do Mano, está acompanhado essa competição de perto, lá na Europa. Ontem (quarta) mesmo eu vi o jogo da Espanha que foi televisionado. Estamos tentando pegar todas as informações possíveis. Uma coisa é já clara: a Espanha já tem uma forma de jogar e isso adianta o nosso trabalho, mas o Brasil está no mesmo nível de todas e em condição de lutar pelo título.          

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