Love avisa que está aberto a propostas. Fla não é mais prioridade

Love avisa que está aberto a propostas. Fla não é mais prioridade

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:26

Vagner Love conhece Moscou tão bem quanto o Rio de Janeiro onde nasceu e a São Paulo onde virou jogador profissional. Tem status de ídolo na capital russa, gosta da cidade e, se quisesse, poderia passar mais três anos por lá. Mas Vagner Love cansou da Rússia. Quer respirar novos ares e está aberto a propostas. De Moscou, onde deu carona ao GLOBOESPORTE.COM, ele avisa que a preferência é voltar para o futebol brasileiro e que dessa vez o Flamengo não vai ter prioridade.

– Estou disposto a voltar para o Brasil, mas para isso o clube vai ter que vir aqui trazer a proposta para o CSKA. Não tem mais essa de prioridade para um ou outro. Sou profissional e vou dar preferência ao clube que mostrar interesse em mim – disse o atacante.

vagner love rússia entrevista (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)    

No último sábado, em entrevista ao jornal local "Sport-Express", o presidente do CSKA, Yevgeny Giner, admitiu pela primeira vez que Vagner Love irá deixar o clube para onde se transferiu há oito anos. Após longo tempo tentando convencer o dirigente a negociá-lo, o jogador parece ter chegado a um acordo de forma amigável. No início, porém, a estratégia foi bater de frente e forçar a barra para sair, alimentada pela possibilidade de voltar ao Flamengo. Não deu certo e foi a causa da decepção do atacante com o clube da Gávea.     – Eu me desgastei muito aqui, numa relação que construí com o presidente e todos no clube. Poderia ter prejudicado até o nome que criei no CSKA e não deu em nada. Fiquei chateado com o Flamengo. Não foi com uma pessoa específica, mas como a maneira como a coisa foi encaminhada. Ouvi uma coisa lá no Brasil e, quando cheguei aqui, não era bem aquilo. Cansei. Não vou ficar aqui peitando sozinho. Quem me quiser vai ter que vir aqui sentar com o clube e negociar – afirmou.

Rotina de ídolo

O encontro com Vagner Love acontece após um treinamento do CSKA no CT do clube, em Vatutinki, a quase uma hora do centro de Moscou - se o trajeto for feito sem trânsito. Ali é fácil perceber o cartaz do brasileiro. Enquanto o restante do elenco já seguiu para o vestiário, um grupo de meninos de uma escolinha do clube faz fila para tirar foto um por um com Love.

Os três torcedores no local também se aproximam para pegar um autógrafo. De tão longe, o CT do CSKA seria o lugar ideal para um clube que quer fugir dos protestos da torcida. Mas, segundo Vagner Love, esse é o tipo de preocupação que não existe por lá.

– Aqui não tem cobrança nunca, de torcida, de imprensa, de ninguém. Nem quando o time é eliminado da Copa da Rússia por uma equipe da Segunda Divisão no ano do centenário. Eu gosto de pressão, de cobrança. Trabalho melhor assim. Não gosto de ficar acomodado. Quero novos desafios. Gosto muito de Moscou, fui muito feliz no CSKA, mas acho que meu ciclo aqui está acabando – afirmou, entrando no carro para encarar mais um dos quilométricos engarrafamentos da cidade.

Vagner Love dá autógrafo para torcedor: idolatria na Rússia (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)

  Assim como não vai sentir falta do trânsito moscovita, também existem coisas que não deixam Vagner Love com saudade alguma do Brasil. A marcação cerrada sobre os jogadores do lado de fora do campo é uma delas.

– O que incomoda é a maneira como o pessoal fica patrulhando os jogadores. Ninguém gosta disso. Nós somos seres humanos e temos direito de nos divertir como qualquer um. Eu já aprontei no início da carreira, me achava invencível, achava que podia sair e ia ter disposição para encarar o jogo sem problemas. Mas a gente aprende que não é assim. Eu preciso do meu corpo para poder fazer o meu trabalho. Não sou maluco de sair sabendo que isso pode prejudicar meu rendimento. Agora, depois de um jogo ou num dia de folga, por que não?     Vagner Love viveu de perto esse tipo de cobrança quando retornou ao Palmeiras em 2009 e não esquece a maneira conturbada como deixou o clube, após ter sido atacado por três torcedores na saída de uma agência bancária em São Paulo.

– O modo como saí do Palmeiras também rompeu uma relação que era muito forte. Não foi nem só pela história do ataque dos torcedores. Aquilo ali podia ter sido com qualquer um. Eles estavam escondidos na saída do banco. Sabiam que os jogadores iam lá. Acabou que foi comigo. Mas acho que estavam procurando um culpado pelo fracasso do time no Brasileiro e sobrou para mim. Era o clube onde virei profissional, por quem tenho um carinho grande. Por isso digo que hoje não tem prioridade para um clube no Brasil.

Vagner Love em jogo do CSKA contra Porto, que fez proposta no último mercado de transferências ( Reuters)

  Liga dos Campeões e volta à Seleção: dois sonhos

No CSKA, Vagner Love já conquistou praticamente todos os títulos possíveis. Foi campeão russo duas vezes, da Copa da Rússia em cinco oportunidades e ainda ajudou o clube a vencer seu único troféu internacional, a Copa da Uefa de 2005. Falta a Liga dos Campeões, mas esse um título que ele sabe que somente terá a chance de ganhar transferindo-se para uma liga mais forte do futebol europeu.

– Eu tenho alguns sonhos que ainda quero realizar e ganhar a Liga dos Campeões é um deles. Mas para isso teria que jogar num time que tenha condições de brigar pela taça. É um torneio diferente, especial. Tive uma proposta do Porto que o CSKA considerou baixa e uma sondagem do Paris Saint-Germain. São grandes equipes, mas não foi adiante.

Vagner Love se prepara para enfrentar o trânsito até

Moscou (Foto: Rafael Maranhão/Globoesporte.com)

  O objetivo principal, no entanto, chama-se Seleção Brasileira e Vagner Love acredita que estará mais perto dela se retornar ao Brasil.

– O futebol brasileiro está mudando, os clubes estão pagando bons salários e os jogadores lá estão mais próximos da seleção. Quero voltar a ser convocado e acho que jogando no Brasil ficaria mais perto disso. Hoje, na minha posição, o Leandro Damião é quem está na frente. Mas também tem o Alexandre Pato.

O amigo Ronaldinho Gaúcho é um exemplo de que mesmo quem parecia longe da Seleção tem chances de entrar na briga por um lugar na Copa do Mundo de 2014. Love continua em contato com o craque rubro-negro, mas até nesse ponto o desgaste com o Flamengo parece ter influenciado.

– Eu ainda troco mensagens com o Ronaldinho e o Léo Moura, com meus amigos no clube. Mas não é mais do mesmo jeito. Não falo mais com tanta frequência com o pessoal do Flamengo quanto antes – encerrou.          

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