Na melhor fase da carreira, Splitter quer seguir jogando por música

Na melhor fase da carreira, Splitter quer seguir jogando por música

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:14

Quando chegou ao Mundial de Indianápolis, em 2002, Tiago Splitter tinha 17 anos, corpo de menino e pensamento determinado a conquistar a Europa. Aos 15, deixou o Brasil e foi sozinho para a Espanha em busca do sonho. A caminhada até a recompensa demorou uma década e demandou muito sacrifício. Hoje, quando olha para trás, o ala-pivô não se arrepende de nada. Vivendo o melhor momento na carreira, ele se despediu do basquete espanhol como campeão da Liga e com status de MVP da temporada regular e também da final. Antes de se apresentar ao San Antonio Spurs, Splitter quer mostrar o seu cartão de visitas no Mundial da Turquia e seguir jogando por música. Depois de dominar o garrafão no jogo contra os Estados Unidos, ele tentará repetir a atuação diante da alta equipe da Eslovênia. A partida será às 15h30m (de Brasília), com transmissão do SporTV. O GLOBOESPORTE.COM acompanhará em Tempo Real.

- Os times do Leste Europeu são adversários preocupantes. Sabem jogar muito bem, e o basquete é o primeiro esporte nacional. Levam anos jogando competições em alto nível entre eles e sabem todos os macetes. Não vai ser fácil. Chego mais experiente a esse campeonato, com mais bagagem. Em 2002, eu era totalmente inexperiente. Só de estar lá foi algo muito especial, foi um prêmio. Mas acabei ajudando o time, o que foi superpositivo para mim e para a minha carreira. Em 2006, foi um Mundial estranho. A gente começou perdendo. Foi mais decepcionante. Nada deu certo. Tivemos resultados apertados, perdemos jogos que deveríamos ter ganhado. Foi tudo estranho e doeu. Em 2010 é diferente - disse.

Dona Elizabeth, mãe de Tiago e professora de música, também torce para que seja. Reza para que o filho mais velho continue tendo sucesso na nova fase e veja todo o seu esforço recompensado. Desde que saiu de casa, sozinho, aos 15 anos, os dias foram difíceis e houve vezes em que ele ligava para dizer que não estava aguentando mais.

- Acho que essa é uma nova etapa na vida dele. Tiago fez tudo com muito sofrimento. Eu ia três, quatro vezes por ano para ficar um tempinho com ele. Às vezes ligava falando: "Já deu, não vou aguentar mais". Era um desabafo, e eu nem sabia o que dizer na hora. Em dez anos, ele amadureceu muito, está no auge e vai conseguir se manter. O que todos do time precisam é aproveitar essa chance, defender muito, porque eles são bons. E acho importante ouvir o Tiago porque ele conhece todos os adversários, sabe o jogo de cada um, já que os enfrentava na Europa.

Houve um tempo em que ela tentou descobrir em seu primogênito alguma aptidão musical. Tentou com o piano, com o violão, mas acabou desistindo. Os dedos eram grandes demais, ocupavam mais espaço do que podiam, e ele sempre mostrou mais desenvoltura com a bola nas mãos.

- Os meus dois outros filhos tinham o dom e conseguiram tocar instrumentos, mas com o Tiago nunca tentei muito porque ele era mais para o esporte. Você nota se alguém tem aptidão musical ou não. O negócio dele era bola e também não tinha quase tempo para isso porque treinava muito. E ele era uma negação para cantar. Eu fui professora de canto dele na escola. Acho que a única música que ele sabia cantar era o hino do colégio, em Blumenau. O que ele gosta é de tocar bateria na bola, isso sim. Ritmo com bola ele sabe fazer - diverte-se Dona Elizabeth.

E muito bem. Já se acostumou aos holofotes voltados para sua direção dentro e fora de quadra. Só não se sente confortável quando o pedido é para que cante algo que chegou a "arranhar" no violão.

- Não, não me pede para cantar! (risos). Eu tentei o violão. Gostava de tocar música do Skank, Titãs, mas eu era horrível cantando. Minha mãe tentou convencer a mim e meus irmãos, mas todos preferiram a quadra, por influência do meu pai. Ela me dava aulas e sei tirar algumas notas no piano, mas é só. Eu prefiro ouvir música. Gosto de tudo: hip hop, pagode, rock. Não tenho um estilo predileto. Meu pai agora é que resolveu aprender violino, mas para mim não dá. Eu sempre gostei de basquete. E não me arrependo de nada, de ter saído cedo do país. Com 15 anos você não pensa muito. Vai e faz. Com o passar do tempo a saudade passa. A força de vontade é maior. Hoje a cobrança não me incomoda. Sempre existe gente olhando e não tenho que demonstrar nada para ninguém. A personalidade firme de Tiago é motivo de orgulho para a mãe. Até mesmo no momento mais difíceis da vida da família, com a morte da caçula Michelle devido uma leucemia, ele se mostrou forte.

- Para ele não foi muito complicado porque não conseguia ajudar de longe. Nos últimos dias dela, ele veio. Foi muito difícil. Depois do enterro ele voltou para a Espanha e ganhou o campeonato. Mas Tiago é assim, quanto mais difícil é a situação, mais a encara de frente e vai adiante.

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