Novo presidente da CBF faz 80 anos em maio

Certamente nem o próprio José Maria Marin imaginava que, a esta altura do campeonato, o destino ainda lhe reservaria tanto destaque. Até algumas semanas atrás, seu nome ocupava aquele lugar já empoeirado e pouco visitado da memória coletiva - o espaço das pessoas que já tiveram destaque, mas que sumiram dos holofotes há décadas.

Prestes a completar 80 anos (nasceu em 6 de maio de 1932), José Maria Marin não vislumbrava sequer um suspiro de destaque na imprensa desde o ano 2000, quando concorreu à Prefeitura de São Paulo já sob a estigma de "candidato inexpressivo" pelo modesto PSC.

Hoje, assume o lugar de Ricardo Teixeira tanto no comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e como do COL (Comitê Organizador Local) da Copa do Mundo. Teixeira pediu licença do cargo e escolheu o veterano aliado para comandar a entidde interinamente. Marin ocupava o posto de vice-presidente da CBF para a região Sudeste e é fiel escudeiro de Marco Polo Del Nero, presidente da FPF (Federação Paulista de Futebol).

A candidatura à Prefeitura de São Paulo, há 12 anos, foi, talvez, a última tentativa de reencontro com o poder na vida de um homem, que, de fato, se acostumara a estar próximo de quem dava as ordens.

Por mais de 20 anos, do início da década de 60 ao final dos 80, Marin ocupou cargos de destaque. Foi vereador paulistano por diversos mandatos, chegando a ocupar a presidência da Câmara Municipal em 1969. Na década seguinte foi deputado estadual, e o topo da carreira política começou a ser atingido em 1979, quando se tornou vice-governador de São Paulo. O governador, nomeado de forma biônica pelo regime militar, era Paulo Maluf.

Por nove meses, entre maio de 1982 e março de 83, José Maria Marin assumiu o comando do governo estadual, já que Maluf se afastara para concorrer a uma vaga na Câmara dos deputados, em Brasília. Foi Marin, portanto, quem passou a faixa para Franco Montoro, então do PMDB, eleito pelo voto popular.

Sempre esteve ligado aos partidos de direita. Primeiro, pelo extinto PRP e depois pela Arena (mais tarde PDS) - o partido de sustentação política da ditadura militar. Já neste século, filiou-se ao PTB. Chegou a se candidatar ao Senado por duas vezes, em vão.

Ligação com o futebol começou no São Paulo

Quando Marin ainda se preparava para deixar o governo do estado, assumiu a presidência da FPF (Federação Paulista de Futebol), cargo que ocupou por seis anos, entre 1982 e 1988. Foi um fiel aliado do poderoso Nabi Abi Chedid, morto em 2006. (Chedid foi presidente da FPF entre 1979 e 81 e homem forte da CBF a partir da segunda metade dos anos 80).

A dupla, inclusive, chefiou a delegação brasileira na Copa do México, em 1986, quando a seleção dirigida por Telê Santana foi eliminada pela França nas quartas de final.

O que nem todo mundo sabe é que José Maria Marin chegou a jogar futebol, mais especificamente no São Paulo Futebol Clube. No início dos anos 50, entre 1950 e 52, atuou como atacante do time profissional. Conhecido apenas como Marin, disputou 20 jogos e marcou cinco gols pelo São Paulo.

Logo depois, no entanto, Marin se formou em Direito e ingressou na carreira política, afastando-se dos gramados.

Constrangimento com a medalha

Curiosamente, pouco antes de voltar à berlinda como nome forte para suceder Ricardo Teixeira no comando da CBF, Marin voltara a experimentar a popularidade. No entanto, por uma razão bem menos lisonjeira. 

No dia 25 de janeiro, ele foi flagrado pelas câmeras de TV embolsando (literalmente) uma das medalhas destinadas aos jogadores do Corinthians, campeão da Copa São Paulo de juniores.

Posteriormente, afirmou que tinha direito a ficar com uma das medalhas, e que preferiu tal gesto a colocar o prêmio no pescoço sem merecê-lo. Seja como for, a ligeireza e a discrição com a qual colocou o objeto no bolso o fizeram virar alvo fácil das redes sociais, que não perdoaram a atitude.