Desde a última segunda-feira, quando Ronaldo pendurou as chuteiras, Viola se tornou o último remanescente da Seleção Brasileira tetracampeã mundial ainda em atividade no futebol. Com 42 anos, o jogador, que está temporariamente sem clube, sabe que seus dias nos gramados não tardam a expirar. Muito triste, ele não assimila a aposentadoria do amigo com quem dividiu quarto e posição na Copa de 1994, nos Estados Unidos. Viola revela que não acredita que o ex-parceiro de concentração foi vencido pelas dores e afirma com convicção que as agressões verbais e ameaças de alguns torcedores do Corinthians após a eliminação do time na Taça Libertadores foram os reais motivos da aposentadoria precoce do Fenômeno.
- Como entendo muito de futebol, sei que não foi por causa das dores que o Ronaldo parou. Ele se chateou por causa de meia dúzia de torcedores, que, tenho certeza, não são torcedores da Fiel. Eles foram, em momento errado, agredir os jogadores, chutar o patrimônio do clube e se focaram somente em duas pessoas: no Ronaldo e no Roberto Carlos. E foi o Ronaldo que indicou o Roberto Carlos. O Fenômeno até enviou no Twitter não vou dar esse gostinho de me aposentar, mas o cara começa a se enojar. Ninguém quer ser agredido no local de trabalho. Quando você paga o ingresso e vai ao estádio, você vaia, mas sair da sua casa para humilhar, para agredir, isso é muito feio. O Ronaldo se enojou porque ele não precisa disso. O dinheiro vai fazer falta? Isso não iria fazer falta... Ele sentia prazer de jogar no Corinthians - defendeu. Viola também confessa que ficou atordoado ao saber que Ronaldo penduraria as chuteiras. Para ele, o amigo deveria ter retardado seu adeus aos campos. O jogador não teve forças para ver a entrevista de Ronaldo anunciando o fim da carreira.
- Gostaria de ter visto a despedida, mas não tive coragem porque é um momento muito triste. Sabe quando alguém da sua família morre, essa pessoa está um pouco distante e você não acredita? Foi assim que me senti. Para mim, Ronaldo ainda está vivo.
Viola relembra a primeira vez que os dois atacantes estiveram juntos em campo. Um amistoso do Brasil contra a Islândia em Florianópolis, um dos últimos antes da Copa, foi o cenário para esse encontro. Zinho e os novatos marcaram um gol cada para a Canarinha na partida marcada por homenagens a Ayrton Senna, que sofrera acidente fatal apenas três dias antes.
- Nós fizemos tudo que tínhamos que fazer e ficamos amigos lá. Éramos os dois mais jovens daquele time. Não tínhamos participado das eliminatórias e outros jogadores tinham até mais chances de ir à Copa. Com o futebol que estávamos jogando encantamos Parreira e Zagallo e recebemos o convite para disputar o mundial. Nos Estados Unidos, os dois jovens foram parceiros de quarto. Viola conta que o Ronaldo era bem garotão. Os iniciantes viviam um momento único, achavam tudo o máximo, mas o Camisa 9 já demonstrava ser o fenômeno que se tornou mais tarde. Agora, quase 17 anos depois, Viola permanece como o último tetracampeão que ainda vive de jogar futebol.
- O futebol brasileiro perde muito quando um craque deixa os gramados. Foi assim também com Pelé e com Romário. Como atleta profissional, fico muito triste quando isso acontece.
Viola se mantém nos gramados por tesão à sua profissão. Contudo, ele confessa que seu tempo de atleta está para acabar e já planeja a vida pós-jogador. Seja como comentarista, seja como treinador, o último tetracampeão em atividade pretende não se distanciar do futebol depois de pendurar as chuteiras. Viola não sabe qual será o momento certo, mas a hora de dizer adeus aos campos se aproxima também para ele.
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