Paulinho supera preconceito europeu para brilhar no Timão

Paulinho supera preconceito europeu para brilhar no Timão

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:35

Aos 22 anos, Paulinho vive a melhor fase da carreira. De um desconhecido contratado do Bragantino em 2010, o volante virou peça fundamental no esquema tático do Corinthians na ótima e invicta campanha no Campeonato Brasileiro. Mas nem sempre foi assim. Antes de conquistar a Fiel, o marcador foi obrigado a desistir do sonho de jogar na Europa por causa do preconceito racial. Em grande fase, ele acredita agora que pode seguir os passos dos ex-companheiros Elias e Jucilei rumo à Seleção Brasileira.

Depois de passar pelas categorias de base da Portuguesa, Paulinho viu no PAEC, clube de uma rede de supermercados do país, a chance de fazer a carreira engrenar. Em pouco tempo e com apenas 17 anos, foi emprestado ao Vilnius, da Lituânia, e na sequência ao Lodz, da Polônia. O que seria a porta de entrada para o badalado mercado internacional virou um verdadeiro pesadelo pelo desrespeito dos torcedores.

- Sofri com o preconceito na Lituânia. Nós entrávamos em campo e os torcedores dos outros times começavam a imitar macacos, jogavam moedas. Nas ruas, as pessoas ficavam olhando de uma maneira diferente. Na Polônia, os jogadores têm como costume cumprimentar os torcedores após os jogos. Quando chegava a vez de um amigo (Rodinei) negro que também jogava lá, os torcedores tiravam a mão para não cumprimentar – contou.

A carreira de Paulinho começou a deslanchar com uma difícil decisão em janeiro de 2008. O jogador resolveu deixar de lado momentaneamente o sonho de vingar no futebol europeu para voltar ao Brasil. Desconhecido, teve que iniciar sua trajetória do zero, atuando pelo PAEC na Quarta Divisão do Campeonato Paulista. Era o caminho certo!     - Eu queria ir embora. Tinha o preconceito, e minha esposa estava grávida. Abri mão dos salários e decidi voltar. Meus empresários disseram que eu teria de jogar na última divisão e aceitei sem problemas. Joguei a Terceirona também e fui para o Bragantino, de onde vim para o Corinthians. Foi a melhor decisão que eu poderia tomar – ressaltou.  

Em pouco mais de três anos, Paulinho foi do sofrimento na Lituânia ao sucesso no Corinthians. A diferença é notada no contato com o público. Em uma rápida caminhada pelas ruas do Tatuapé, bairro em que mora na Zona Leste de São Paulo, Paulinho é assediado pelos torcedores alvinegros. Fotos, autógrafos, elogios pelo gol marcado contra o Vasco e até pedidos para ajudar a carreira do filho de um deles.

- O reconhecimento é gratificante pelo momento que estou vivendo. Desde o ano passado, mesmo no banco, eu procurava fazer o melhor para os treinadores contarem comigo sempre. Quero manter esse foco – ressaltou.

Do banco de reservas, aliás, Paulinho viu dois exemplos a seguir. Jucilei e Elias também chegaram ao Corinthians como desconhecidos e acabaram convocados para a Seleção Brasileira de Mano Menezes. Titular absoluto no meio de campo, o volante não esconde o desejo de seguir os mesmos passos e, quem sabe, chamar a atenção do ex-treinador corintiano.

- A Seleção é um dos objetivos que pretendo alcançar, ainda mais tendo o exemplo de jogadores que atuaram comigo. É uma inspiração a mais. Em cada dia, cada treino e cada partida preciso mostrar meu futebol para me firmar cada vez mais. Agora é a minha hora – projetou.

Paulinho tem contrato com o Timão até o fim da temporada 2014. Os vínculos dele são divididos da seguinte forma: 50% do banco BMG, 40% do PAEC e 10% do Corinthians. Apesar do sucesso, o volante garante que não tem pressa em voltar a atuar no futebol internacional.

- Minha cabeça está totalmente no Corinthians. Estou muito feliz. Sei que é difícil, mas por todos os clubes que passo procuro cumprir meus contratos até o final, a não ser que não tenha jeito. Quero ganhar títulos aqui - finalizou.          

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