"Pai, faz mais uma luta?"
Foi esse apelo, não o assédio do público ou a vontade de encerrar a carreira com uma vitória, que fez Acelino Freitas, o Popó, 35, retornar aos ringues uma vez mais.
"Quem começou com essa história de eu voltar a lutar foi meu filho mais novo, o Popozinho [Acelino Popó Freitas Jones], que completou seis anos no último sábado", disse o boxeador-deputado.
"Falei para ele que ia fazer uns treinos com uns seis sparrings e nocautear todos. Mas ele foi firme, falou que queria uma luta 'de verdade', até para subir no ringue comigo. Eu não tive como dizer 'não'."
Para não voltar atrás, o pugilista logo divulgou à mídia a informação de seu retorno.
A volta de Popó, que divide seu tempo entre os treinamentos e a atuação como deputado federal pelo PRB-BA, está prevista para 29 de outubro, em Brasília, contra um rival argentino a ser definido.
O acúmulo das funções de pugilista e deputado gera, sem querer, situações curiosas, como quando o telefone toca, nos treinos, para que Popó volte à Câmara dos Deputados para uma votação.
"Teve vezes em que me ligaram às 18h, no meio de uma sessão de sparring [treino no ringue], informando que ia ter uma votação. Cheguei [ao plenário] de terno, mas com a camisa por baixo toda suada e abotoada errada", disse o político baiano.
O técnico Ulisses Pereira, figura importante na carreira de Popó, o prepara há um mês. Porém uma outra peça de sua equipe, o porto-riquenho Oscar Suarez, morreu.
A principal dificuldade de Popó durante sua carreira, a dificuldade para 'dar o peso', deixará de ser um grande problema para esse combate.
Se foi campeão nas categorias superpena (58,9 kg) e leve (61,2 kg), a última apresentação de sua carreira será na categoria dos médios-ligeiros (69,8 kg). Popó está com 75 kg, depois de ter descido de nada menos do que 85 kg.
Há quatro anos sem lutar, Popó, a princípio, estranhou a volta à rotina de treinos.
"No começo dói a mão, tem que pôr no gelo todo dia."
Apesar de ser uma luta de despedida, ele mantém o foco nas sessões de sparring.
"Tem o Beba, um cara de Goiás, de uns cem quilos, que no trabalho controla bois no braço. Ele foi o primeiro que dei socos no fígado e não desceu. E ele me aplicou uma queda", disse o boxeador, que, no papel de político, passou por mudanças sutis que não passam despercebidas, como o cuidado com o uso correto dos pronomes.
A última luta do pugilista aconteceu em 2007, quando Popó perdeu uma unificação de cinturões com o americano Juan 'Baby Bull' Diaz.
Como profissional, o brasileiro conquistou os títulos mundiais dos superpenas de OMB e AMB, além de ter sido duas vezes campeão leve da OMB. O cartel profissional de Popó traz 38 vitórias, 32 por nocaute, e duas derrotas.
"Espero não pegar o gostinho pelas lutas de novo", diz.
Alexandre Rezende/Folhapress Popó posa para fotos em loja no bairro nobre dos Jardins, em São Paulo
Sua avaliação é importante para entregarmos a melhor notícia
O Guiame utiliza cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência acordo com a nossa Politica de privacidade e, ao continuar navegando você concorda com essas condições