Se todo mundo merece uma segunda chance, a de Sergio Dias está acontecendo agora. O português era uma das maiores promessas do cross country em seu país. No auge da forma, ele decidiu se preparar para o Campeonato Europeu sub-23 em Tenerife, nas Ilhas Canárias. Antes, fez uma escala em Dakar, no Senegal, onde passou três dias. Na partida, foi pego com cocaína na mala. Ele alega inocência, mas foi condenado a nove anos e seis meses de prisão (assista ao vídeo acima) . - Passaram a mala no raio-x uma, duas, três, quatro, cinco vezes, e perguntaram: "Posso arrebentar a mala"? E foi aí que vi o meu pesadelo... Tinha droga dentro da mala. Tinha um fundo falso e tinha droga dentro da minha mala. Ainda não caí em mim. Eu disse: "Droga? Não pode ser". Até pensei que fosse brincadeira, farinha, e eles: "Não, isso é droga, você está detido". Foi a minha vida toda por água abaixo, só vi minha vida andar para trás - contou o atleta.
A vida na prisão foi dura. No início, Sergio Dias tentou se suicidar várias vezes tomando comprimidos ou se enforcando. Mas o apoio da família o fez ter forças para continuar se exercitando mesmo atrás das grades.
- Eu ganhei vontade de treinar por meio da minha irmã, que foi uma boa atleta, mais nova que eu. Ela mandava-me cartas: "Mano, tenha força, tenha coragem. Nós estamos aqui contigo".
Sergio Dias ficou preso após ter droga escondida na
própria bagagem (Foto: Reprodução SporTV)
Em 2009, Sergio passou o Natal em 2009, beneficiado pelo bom comportamento. No fim do ano, aproveitou o benefício e voltou a competir. Em 2010, já vencia a Meia-Maratona da Ponte, tradicional corrida de Lisboa. Depois de cruzar a linha de chegada, pediu emprego ao vivo em uma emissora de televisão.
- Perguntaram qual o tipo de trabalho que eu queria. Eu disse: "Tudo que tiver a ver com o desporto para mim é espetacular".
O convite partiu de um complexo esportivo. Sergio começou como auxiliar de manutenção e hoje dá aulas de atletismo para crianças e jovens. Ele ainda era obrigado a dormir na prisão, mas, além do trabalho, tinha agora mais espaço para treinar. Em março, venceu novamente a Mini-Maratona de Lisboa. E 23 dias depois da prova, recebeu um telefonema de dentro do estabelecimento prisional de Monsato com a notícia de que tinha ganho a liberdade condicional.
- Foi uma bruta alegria, comecei a gritar aqui por todo o canto: "Sou livre, sou livre"! Fui ligar para todas as pessoas queridas para mim.
Sergio cumpriu cinco anos e quatro meses da pena. Em julho do ano que vem, termina a condicional. Ele espera comemorar com a delegação de Portugal nas Olimpíadas de Londres. Quer disputar a prova dos três mil metros com barreiras.
- Vou fazer tudo. Se não for estes Jogos olímpicos... 2016 vai ser no Brasil. Se não for em uma vai ser na outra, com certeza eu vou lutar.
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