As duas escolas de arbitragem que mais trabalham no Brasileiro não conseguem se entender sobre como se deve dirigir um jogo de futebol.
Os juízes de São Paulo e Rio, que juntos apitaram 69 das 199 partidas da Série A (34,6%), têm filosofias opostas sobre o uso dos cartões.
Cartões de mais incomodam o 'rei da disciplina'
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Almeida Rocha - 21.ago.2011/Folhapress Abade trabalha no clássico São Paulo x Palmeiras Os árbitros paulistas são os que menos apelam a esse artifício no país. Em média, eles distribuem 4,4 amarelos e 0,2 vermelho a cada partida.
O Rio de Janeiro está no outro extremo do ranking. Entre os sete Estados que mais apitaram neste ano, é o com os juízes mais rigorosos --média de 5,9 advertências por encontro dirigido e uma expulsão a cada dois jogos.
O maior disciplinador do campeonato é o carioca Antônio de Carvalho Schneider, que dá oito amarelos por jogo. O paulista Cleber Wellington Abade, o menos rigoroso do país, não chega nem à metade dessa marca: tem uma média de três advertências.
A diferença gritante entre os juízes mais requisitados do Brasil e que ameaça o discurso de padronização do apito feito pela Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol (Conaf) já começa no berço.
São as federações estaduais que formam os profissionais da área. E os responsáveis pela arbitragem dos dois Estados festejaram os resultados dos seus pupilos no levantamento feito pela Folha .
"Isso pode ser reflexo do trabalho que fazemos para que nossos árbitros conversem mais, aprendam a comandar o jogo. Quando o juiz perde o controle, usa cartões para impor autoridade", diz o coronel Marcos Marinho.
"Um árbitro que dá dois ou três cartões por reclamação tem que analisar onde está errando", completou o chefe da arbitragem paulista.
Seu correspondente na federação do Rio não poderia ter discurso mais diferente.
Para Jorge Rabello, o árbitro deve falar pouco e agir bastante. Isso inclui usar cartões para coibir as reclamações e educar os jogadores.
"Aqui só tem juiz corajoso. É tolerância zero", disse o carioca, antes de criticar a linha defendida pelos paulistas.
"Já vi jogo em São Paulo em que a imprensa falou que houve muita violência e que terminou com três cartões."
Procurada pela reportagem, a Conaf desqualificou o levantamento por considerar que ele só seria válido "se ambos os grupos de árbitros dirigissem os mesmos jogos e com as mesmas nuances".
A comissão informou que seus cursos e seminários para padronizar critérios no apito atingem mais de 3.000 árbitros de todo o Brasil.
E ressaltou que os juízes se deparam em uma partida com situações completamente interpretativas, em que "não há como alcançar igualdade absoluta" nas ações.
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