Revelação do polo aquático quer honrar avô que foi a sete Olimpíadas

Revelação do polo aquático quer honrar avô que foi a sete Olimpíadas

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:30

Quando ainda insistia em usar os pés, pensava em Ronaldo. Quando os trocou pelas mãos, imaginava Michael Jordan. Até que a genética falou mais alto e o empurrou na piscina. Dentro dela, Gustavo Guimarães podia ter sido saltador como a avó e mãe, mas preferiu seguir os passos da ala masculina da família. Virou jogador de polo aquático e passou a carregar na touca o mesmo número 11 do sérvio Vladimir Vujasinovic, considerado um dos maiores de todos os tempos. E o único a rivalizar em importância com João Gonçalves Filho, o avô que participou de sete Olimpíadas, foi o porta-bandeira na edição do México-68 e cuja história o neto faz questão de manter viva.

Grummy sonha com uma medalha nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (Foto: Divulgação)

  No ano passado, enquanto os olhos estavam voltados para a Copa do Mundo na África do Sul, João saiu de cena. Mas os ensinamentos ficaram. Grummy, como é conhecido no meio, tem o espírito competitivo e se aventurou em outras modalidades antes de escolher a que mais gostava. O avô se dividiu entre a natação e o polo aquático, chegando a competir nas duas nos Jogos Olímpicos.   - Meu avô tinha orgulho de ter carregado a bandeira, que é o sonho de todo mundo que entra no esporte. Ele foi nas duas primeiras Olimpíadas na natação (Helsinque-52 e Melbourne-56); a terceira no polo e na natação (Roma-60), o que era uma raridade; a quarta e quinta no polo (Tóquio-64 e México-68) e as duas últimas como técnico de judô (Barcelona-92 e Atlanta-96). Ajudou o Douglas Vieira e o Aurélio Miguel e ganhar as medalhas olímpicas deles e também trabalhou com Daniel Hernandes, Tiago Camilo e Leandro Guilheiro. Para mim é um incentivo a mais tentar colocar a terceira geração da família nos Jogos - disse Grummy, que também tem um irmão jogador.

João Gonçalves Filho durante desfile nos Jogos de 68

(Foto: Arquivo Pessoal)

  Na última vez que o Brasil teve um time olímpico, em Los Angeles-84, o pai de jovem atacante acabou sendo cortado na véspera do embarque. Grummy espera ter mais sorte do que o ex-goleiro. Aos 17 anos, já integra a seleção adulta e tem consciência de que um bom resultado para o Brasil em 2016 seria ficar entre os oito melhores. O trabalho vem sendo coordenado pelo técnico croata Goran Sablic, que tem procurado reunir os jovens talentos mais vezes para períodos de treinamento e viagens internacionais. Neste mês, voltaram de Porto Rico com o título do Pan-Americano Júnior conquistado de forma invicta. E se preparam para o Mundial de categoria, que será disputado a partir de sexta-feira, na Grécia.

Quando assumiu o cargo, no ano passado, Sablic tinha feito um retrato do polo aquático brasileiro. Concluiu que o nível dos atletas da base era igual ao das melhores equipes europeias. Só que a distância aumentava na categoria senior, quando o treinamento passava a rivalizar com o trabalho. Por enquanto, Grummy não tem tido problema com isso. Estuda por apostilas e tem tratamento de profissional no Sesi.

Em 2007, ao lado dos avós, João e Wilma, e do irmão

Ricardo (Foto: Arquivo Pessoal)

  - Tenho estrutura, carteira assinada e consegui um bom salário. Não chega perto aos dos jogadores de vôlei, mas dá para viver bem. Não consigo estudar com tantas viagens, fica complicado. Minha família aceita e me dá muita força. Na minha casa esporte sempre foi tão importante quanto o estudo.

E ele leva a sério. Além do treinamento na piscina, a jovem revelação procurou incrementar a sua preparação. Na companhia de medalhistas olímpicos como Tiago Camilo, Grummy faz aulas de levantamento de peso para ganhar mais explosão. Pensou até mesmo em participar de um campeonato por diversão, mas não encontrou espaço na agenda. A rotina é puxada e já incluiu períodos de treinos no Canadá, Estados Unidos e Espanha, onde foi bicampeão nacional com o Barceloneta. Ao contrário de outros talentos da modalidade que buscam a dupla cidadania para defender seleções mais fortes, como foi o caso dos irmãos Perrone, Grummy não quer seguir o mesmo caminho.

Grummy durante treino da seleção antes do Mundial de Xangai, onde o Brasil ficou em 14º lugar (Foto: CBDA)

  - Sou 100% brasileiro e quero ajudar a fazer crescer meu esporte e chegar ao topo com a minha geração. Vejo aquela medalha que meu pai conquistou no Pan no hall de casa e ela me serve de inspiração, como um incentivo para ir até Guadalajara. Tenho que ganhar para ser a terceira geração vitoriosa. Meu avô subiu ao pódio na edição de 1963. Sei que vamos encontrar um time dos Estados unidos que é uma potência. Para irmos aos Jogos de Londres teremos que ser campeões no Pan ou conquistar as poucas vagas que estarão em jogo no Pré-Olímpico mundial. Rio-2016 é um sonho a longo prazo e sem dúvida vai ser um orgulho imenso ver a família torcendo. Mas o sonho mais próximo para mim hoje é o Pan. Quero uma medalha.              

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