Rogério Ceni: 'O momento do futebol brasileiro é para os mais jovens'

Rogério Ceni: 'O momento do futebol brasileiro é para os mais jovens'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:43

      O pontapé inicial para o Campeonato Brasileiro de 2011 acontece no próximo sábado, dia 21 de maio. O São Paulo entra em campo apenas no domingo, contra o Fluminense, marcando o início do 18º Brasileirão consecutivo do goleiro Rogério Ceni. Em entrevista à apresentadora do “Esporte Espetacular” Glenda Kozlowski, Ceni falou sobre sua trajetória e as mudanças no torneio.

Sobre as diferenças entre os atacantes atuais e os de 20 anos atrás, Ceni apontou a parte física como a principal. O goleiro disse, ainda, que o momento do futebol brasileiro é para os mais jovens, mas ressaltou a importância dos jogadores mais experientes como Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Rivaldo e Luis Fabiano. Confira abaixo a íntegra da entrevista:

O que o São Paulo precisa fazer esse ano para conquistar títulos?

Acho que o principal estamos adquirindo que é a formatação de uma equipe, não só um time de futebol, com atletas que você possa substituir dentro de uma partida, enfim, dentro de várias partidas como acontece no Campeonato Brasileiro. Muitos se preparam com um time, nós estamos nos preparando com uma equipe de uma maneira geral para termos opções, porque o campeonato é longo. São sete meses e meio, oito meses de campeonato, 38 rodadas, ou seja, há uma alteração de atletas durante esse período. Se você não tem, no contexto geral, atletas para trocar durante as partidas e nos momentos de expulsões, lesões, dificilmente você consegue fazer nos pontos corridos uma média que seja suficiente para ser campeão.

O Campeonato Brasileiro 2011 vai ser da "molecada" ou dos mais velhos? Difícil você dizer. O jovem sempre tem aquela força física, o desejo, o ímpeto que é da juventude mesmo. E os mais rodados têm a experiência, a técnica, a condição de fazer os mais jovens jogarem. Mas, sem dúvida nenhuma, o momento do futebol brasileiro é para os mais jovens. Os grandes destaques como Lucas, Neymar e Ganso são jogadores de 18, 19, 21 anos. Acho que é natural, mas acredito que o futebol jogado só com esses garotos não teria o mesmo brilho do que jogado com Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Rivaldo, Luis Fabiano e tantos outros grandes jogadores que estão retornando. Esse é o brilho para o torcedor, a marca do ídolo, do cara que não tem mais o ímpeto físico, mas a qualidade técnica mais refinada como tantos que estarão desfilando nos gramados do Brasil.

Quanto Campeonatos Brasileiros você disputará mais? Acredito que mais dois. Esse e o próximo. Eu tenho contrato com o São Paulo até 31 de dezembro de 2012. A não ser que a gente vença muito e aí me faça querer continuar. Mas a princípio, acho que tenho condições físicas e estou preparado mentalmente para o campeonato de 2011 e de 2012. Gostaria de ver o São Paulo novamente campeão em um desses dois campeonatos.

Quantos anos você está aqui no São Paulo?

Farei 21 agora no dia 7 de setembro. Meu primeiro Campeonato Brasileiro como titular foi em 1997, mas eu já tinha participado de outros jogos como reserva, na época do Zetti ainda. Acho que meu primeiro Brasileiro, quando eu entrei em uma partida, foi em 1993. Mas é meu 16º Brasileiro consecutivo.

De 1993, quando você jogou pela primeira vez, para agora, o que mudou no Campeonato Brasileiro?

A principal mudança é na fórmula. Antigamente você jogava a primeira etapa e ia para uma etapa final. Então você tinha muito menos jogos e muitas equipes ficavam até o final da competição e saíam de férias muito mais cedo. O futebol moderno não permite que uma equipe fique 60 dias sem jogar enquanto vê um concorrente jogando. Hoje em dia, com folhas de pagamento altas, as despesas são grandes para os clubes, então eles têm que jogar até o final do campeonato.

Essa foi a principal e melhor mudança, na minha opinião. Mas hoje você também vê melhoras em gramados, alguma melhora em acomodações, estádios que vão sendo reformados, que estão surgindo. Acho que ainda pode melhorar muito, acho que a gente vive um momento econômico muito favorável já há algum tempo e isso faz com que jogadores de grande expressão voltem para o nosso país. Acho que as empresas estão acreditando um pouquinho mais no futebol, nos clubes, há um entusiasmo por parte de quem gosta de esporte, quem gosta de futebol, e tem um retorno de mídia do investimento. Acho que isso está favorecendo ainda mais o campeonato. A grande vantagem do Campeonato Brasileiro é que tem 20 times, sendo que você pode apontar dez com chances reais de título. Essa é a grande sacada, a equiparação.O camisa 1, que no final de março atingiu a marca de cem gols marcados em sua carreira, destacou a evolução do Brasileirão nos últimos anos. Segundo ele, o futebol vive um momento econômico favorável, possibilitando o retorno ao Brasil de jogadores com grande projeção internacional.

Como goleiro, olhando para os jogadores que tentam fazer gol, o que mudou?

A parte física. Isso é o principal. Nos últimos 20 anos, a competitividade dentro do campo aumentou, os espaços diminuíram, as jogadas ficaram mais firmes, mais dura. Não diria desleais, mas o contato físico aumentou muito e parece que o campo diminuiu. Um jogador que corria seis, sete quilômetros em uma partida há 20 anos, corre dez, 12 quilômetros hoje. Os atletas e os preparadores físicos fizeram com que o futebol ficasse muito mais disputado, muito mais jogado, muito mais viril. E isso a cada ano vai evoluindo. Às vezes, as pessoas reclamam que o nível técnico caiu um pouquinho, mas é natural devido à ocupação do espaço ser muito maior.

Por causa disso, seu treinamento mudou alguma coisa?

Meu treinamento mudou muito mais para se adequar à minha capacidade física e à idade do que ao desenvolvimento da nossa função. Eu acho que eu fui um goleiro que evoluiu um pouco antes do tempo, com o trabalho com os pés, a reposição de bola. Eu trabalhei isso em uma época que não se dava tanto valor a isso. Então, hoje a gente já vê uma chegada dos mais jovens que começam com 20, 22 anos a fazer o mesmo que você fazia há anos atrás, quando todo mundo dava chutão para cima. A gente vê uma evolução nos goleiros de maneira geral. O meu trabalho de treinamento é adequado às minhas possibilidades. Eu me preparo bem, eu quero estar bem, mas tenho um grande treinador de goleiros que tem a compreensão dos fatos, que não dá para fazer uma loucura e trabalhar da mesma maneira que um menino de 20 anos, mas que é preciso um treinamento específico para te colocar no mesmo nível de jogo, de formas diferentes, de garotos de 20, 25 anos que estão com 1,90, 1,95 de altura.

Eles (os goleiros) estão crescendo tanto, não é?

É, isso é normal. Na década de 70 os goleiros com 1,70m, 1,75m eram considerados altos. Depois, na década de 90, 1,80m, 1,88m. E hoje já passa de 1,90m, na grande maioria dos goleiros.             

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