Ronaldo, um Fenômeno também em colecionar adversidades

Ronaldo, um Fenômeno também em colecionar adversidades

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:56

Quando saiu de Bento Ribeiro, ainda franzino, de chuteira na mão, para dar os primeiros chutes no São Cristóvão,  Ronaldo não imaginava que ganharia o mundo na forma de Fenômeno.  Na briga com os zagueiros, quando estava bem fisicamente, chegava na frente, seja pela técnica ou pela força física. Foram essas virtudes aguçadas que lhe renderam dinheiro, fama, mulheres, títulos, gols, muitos gols, que o consagraram por três vezes como o maior jogador do planeta, o tornaram bicampeão mundial pela Seleção Brasileira - como calouro em 1994 e herói em 2002 - e ídolo nos clubes por onde passou.

Mas tal como a velocidade com que surpreendia os adversários, o Fenômeno mostrou, em todos esses períodos, a ambiguidade que o marcou. Nos mesmos clubes em que foi ídolo, acabou também contestado. Foi amado e odiado pelas mesmas torcidas. Na Seleção Brasileira, se foi bicampeão mundial, saiu como vilão em outras duas Copas - em 1998, a convulsão horas antes da final contra a França teria deixado o time atônito, e em 2006 os quilos e farras a mais na Suíça e na Alemanha teriam desarticulado a concentração em torno da disputa.

Após os sérios problemas com o joelho, especialmente no Inter e no Milan, foi considerado incapaz para a volta ao futebol. Seja por jornalista, seja também por médicos entrevistados. E se não bastassem os problemas dentro de campo, fora dele o craque mostrava vida de um pop star típico de anos 60. Naquele tempo, as palavras de "ordem" - na verdade, desordem - da rapaziada eram sexo, drogas e rock and roll. O roteiro da vida de Ronaldo daria um filme e tanto de uma figura polêmica: problemas com o peso, no casamento, acusações de envolvimento com travestis e drogas,  discussões com ídolos e dirigentes, mau relacionamento com a imprensa.... O sucesso para Ronaldo não surgiu apenas em forma de glória.

Logo em 1993, quando começou a se sobressair no Cruzeiro e chamar a atenção com apenas 16 anos, Ronaldo viveu paralelamente glória e calvário. Marcou 12 gols em 14 partidas no seu primeiro Brasileiro, entre eles aquele em que enganou o goleiro uruguaio Rodolfo Rodríguez, ao roubar-lhe a bola num lance de malandragem ao melhor estilo de Pelé. Sagrou-se artilheiro da Supercopa da Libertadores, com oito gols. Mas na primeira decisão, pela Recopa Sul-Americana, contra o São Paulo, viveu seu primeiro revés, ao ver o goleiro Zetti defender sua penalidade e os tricolores levantarem o título.

Na Holanda, joelho começa a incomodar

O pênalti perdido, no entanto, não atrapalhou a carreira de Ronaldo. A primeira derrota serviu como lição. Mais gols despertaram o interesse do PSV Eindhoven, e o atacante acabaria trilhando, pouco antes de ser tetra em 1994, o caminho do grande herói daquele título - foi no rival do Ajax que Romário começou a brilhar na Europa. E não foi só nisso que Ronaldo seguiu Romário. A história pública – e polêmica – de Ronaldo com as mulheres começa junto com sua primeira escalação para a Seleção Brasileira.

Em 1994, a modelo Nádia França deixou seu trabalho no Brasil para acompanhar o namorado na Holanda. A mineira afirmou que engravidou do jogador, porém, a paternidade não foi reconhecida. Meses depois do fim do relacionamento, Nádia anunciou que sofreu um aborto espontâneo. Neste momento, Ronaldo já estava iniciando o namoro com a atriz Susana Werner, que, na época, atuava na novela adolescente “Malhação” - hoje, a atriz é casada com o goleiro da Seleção Brasileira, Julio Cesar.

Dentro de campo, Ronaldo marcava gols às pencas na Holanda - foram 67 em 71 partidas oficiais. Bateu Kluivert na artilharia do nacional, com 30 gols. Mas começou a ter problemas com o joelho. A primeira cirurgia foi em fevereiro de 1996, após uma ressonância magnética constatar inflamações nos joelhos, especialmente calcificação no direito, que passou por uma "raspagem" na cartilagem. Recomendado a se submeter a uma lenta recuperação, nem ele nem o comando do PSV tiveram paciência: logo, logo Ronaldo já estava de volta aos campos, só que no banco. E aí, surgiu o primeiro problema com treinador: o holandês Dick Advocaat começou a irritá-lo.

Fenômeno na chegada e saída do Barça

O Barcelona já estava de olho em Ronaldo, que desembarcou na capital catalã para virar o Fenômeno. Voltou a seguir a trilha de Romário, que já saíra do Barça para o Flamengo. Com a camisa azul-grená, Ronaldo começou a encantar o planeta. Fechou o ano de 1996 com 17 gols em 20 jogos. Acabou eleito o melhor jogador do mundo pela primeira vez. Levantou a Copa do Rei e a Recopa Europeia. Os golaços lhe renderam o apelido que levou por toda a vida. Mas não conseguiu o título espanhol e surpreendeu a apaixonada torcida ao trocar, de repente, o Barça pelo Inter de Milão, que pagou multa a rescisória de US$ 32 milhões. De ídolo, passou a odiado pela torcida que o consagrou.

No Inter, Ronaldo voltou a fazer gols sensacionais. Agora com a camisa 10 em vez da 9, marcou 14 gols em 19 partidas ao encerrar o ano de 1997. Voltou a ser eleito o melhor do mundo. Mas o título italiano não apareceu, apesar do bom desempenho - foi o vice-artilheiro, com 25 gols. Em compensação, faturou a Copa da Uefa.

Convulsão na Copa, contusões no Inter, fofocas...

O ano de 1998 tornou-se um pesadelo para Ronaldo. Maior esperança brasileira para faturar o hexa na França, o atacante era um dos destaques da campanha, junto com Rivaldo, até a final contra os donos da casa. Uma convulsão até hoje cercada de mistério e informações desencontradas horas antes da partida mexeu com o emocional do jogador e do time, que viu Ronaldo entrar em campo e cair estatelado no chão após uma dividida. Depois disso, é o que todo mundo lembra: Zidane comandou o passeio na vitória por 3 a 0 naquele 12 de junho, e Ronaldo passou a conviver com as acusações de "culpado" pela derrota.

Foi assim que Ronaldo começou a temporada do calcio 1998/1999. E o Inter acabou perdendo o título para o maior rival, o Milan. O atacante também sofreu com uma tendinite e passou o ano evitando a segunda cirurgia. Mas em novembro, não teve jeito. O joelho estourou em um jogo contra o Lecce, pelo Campeonato Italiano. Foram apenas 36 jogos e 21 gols naquela temporada. De positivo, apenas a conquista da Copa América pela Seleção. Mas o ano terminou com o Fenômeno na mesa de cirurgia.... mas no altar.

No fim de 1999, foi realizado o primeiro casamento do Fenômeno e um fim que seguiu um padrão. A esposa era Milene Domingues, conhecida como Rainha das Embaixadinhas. Com ela, Ronaldo teve o primeiro filho, Ronald. E também surgiram as primeiras acusações de traições, mesmas alegações das modelos Raica de Oliveira e Daniela Cicarelli, com quem teve um casamento-relâmpago de apenas três meses, com cerimônia oficial de união realizada no Castelo de Chantilly, em Paris, no meio de especulações de briga entre a noiva e a ex, a também modelo Ellen Jabour, durante o evento.

A pior contusão

Para quem acha que nada poderia ficar pior... A temporada de 2000 foi a mais dramática da carreira de Ronaldo. A conta não é de mentiroso: sete minutos foi o tempo que o Fenômeno ficou em campo naquele ano. Após cinco meses se recuperando da operação no joelho direito, ele entrou no segundo tempo contra o Lazio, na final da Copa da Itália, no dia 12 de abril. Depois de uma arrancada, o tendão não suportou e se rompeu. As imagens do lance mostradas na TV chocaram o mundo. Ronaldo foi obrigado a passar pela terceira cirurgia. Foram mais 15 meses longe dos campos.

Ronaldo passou mais tempo nas salas de fisioterapia. A recuperação da cirurgia no joelho foi cuidadosa. O atacante disputou três amistosos antes de entrar em um jogo oficial, contra o Brasov, pela Copa da Uefa. No total, foram 13 jogos e oito gols pelo Inter.

No ano do penta, mágoas dos torcedores do Inter

O ano de 2002 começou com o Brasil inteiro duvidando de Ronaldo. Havia campanha até para a convocação de Romário. Mas Felipão optou pelo Fenômeno, chamado para a Copa após ter feito só oito jogos nos primeiros cinco meses do ano. Na Itália, ele fracassara novamente com o Inter no jogo decisivo contra o Lazio, que valia o título nacional, não conquistado pelo clube havia 12 anos. Após atuação apagada na derrota de 4 a 2, que deu o scudetto ao Juventus, Ronaldo chorou diante das câmeras.

Mas, na Copa da Coreia e do Japão, o Fenômeno brilhou. Fez oito gols e foi a estrela do penta. E justamente no ano da redenção, pôs fim ao romance com o Inter. Em alta, não queria mais voltar ao clube. Brigou com o técnico argentino Héctor Cúper, sob a alegação de que o treinador o usava apenas em más condições físicas. No fim, foi negociado com o Real Madrid, que desembolsou 42 milhões de euros. O ano terminou com o título do Mundial de Clubes e o status de ser eleito o melhor do mundo pela  terceira vez pela Fifa. Mas os torcedores do Inter jamais o perdoaram, achando que o jogador foi ingrato, mercenário, e teria agido como "fugitivo".

Vilão no Real e na Copa de 2006

Também no Real Madrid, Ronaldo oscilou: passou de ídolo a vilão. Ganhou a Supercopa da Espanha em 2003 e foi novamente o artilheiro da Liga, em 2004.  Mas a lua de mel começaria a ruir. O clube havia formado o time de "galácticos", que fracassou na disputa dos títulos importantes no biênio 2003/2004, e daí para frente. Apesar de Ronaldo ter marcado 83 gols em 127 partidas disputadas, o relacionamento com a torcida estava abalado graças às lesões musculares e aos compromissos profissionais que não eram vistos com bons olhos pelos espanhóis, para quem faltava profissionalismo.

Em 2005, o atacante viu o "conto de fadas" com a apresentadora Daniella Cicarelli chegar ao fim. O luxuoso casamento no castelo da cidade de Chantilly, nos arredores de Paris, durou apenas três meses. No campo, o Real Madrid novamente decepcionou. Mais um ano sem títulos. E Ronaldo, símbolo da "Era Galácticos", foi visto como um dos culpados. O atacante passou a ser chamado de gordo. Estava dez quilos mais pesado em relação ao início da carreira devido ao trabalho de reforço muscular, essencial devido aos problemas no joelho. Na Seleção, enfrentou crise com Parreira ao pedir para ser dispensado da Copa das Confederações.

No ano da Copa da Alemanha, Ronaldo teve o pior início de ano da carreira. Marcou apenas dois gols em 11 jogos (até 20 de março). Naquele ano, o Fenômeno viveu um inferno-astral, mas foi titular absoluto da Seleção Brasileira. Chegou a Weggis, na Suíça, onde a Seleção se preparou para a Copa da Alemanha, com 95kg, bem acima do peso. Conseguiu perder cinco durante a preparação, mas continuou pesado para a competição. Fora isso, junto com outros jogadores, protagonizou "fugidas" da concentração para curtir a noite.

Brigas com Lula, Pelé e Platini

Na ocasião, Ronaldo começou a disparar sua metralhadora giratória para cima do então presidente Lula, que o chamara de gordo numa entrevista.

- Ele falou que eu estou gordo, todo mundo diz que ele bebe pra caramba. Tanto é mentira que eu estou gordo como deve ser mentira também que ele bebe pra caramba - afirmou Ronaldo, que depois, quando foi para o Corinthians, fez as pazes com o presidente.

Na ocasião, Ronaldo não quis mais papo com Lula. E, longe da melhor forma física, o camisa 9 da Seleção Brasileira ainda mostrou lampejos de craque no Mundial. Com os três gols marcados, passou o alemão Gerd Müller e tornou-se, com a soma de 15 gols, o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo. O gol derradeiro saiu em bela jogada individual em que driblou o goleiro de Gana. A partida, pelas oitavas de final, terminou com vitória brasileira por 3 a 0 e abriu esperanças de revanche contra a França de Zidane pelas quartas de final.

Mas, tal como em 1998, Zizou saiu vitorioso. Além de dar drible de chapéu no Fenômeno, ajudou a eliminar o Brasil no triunfo dos "bleus" por 1 a 0, gol de Henry. Ronaldo acabou como um dos crucificados pelo fim do sonho do hexa, não sendo mais chamado para a Seleção. Recebeu críticas até do Rei do Futebol, durante evento para inaugurar o Festival do Esporte em Viena, na Áustria.

- O problema do Ronaldo é o excesso de peso. Se ele quiser melhorar, vai ter que treinar muito - disse o eterno camisa 10 da Seleção em coletiva, que elogiou Ronaldinho Gaúcho ao mesmo tempo em que não poupou críticas à equipe comandada por Parreira. - O Gaúcho é uma grande figura. Pena que não foi bem na Copa do Mundo. A Seleção não estava bem treinada, não tinha o conjunto de um Barcelona, por exemplo, cujos atletas jogam juntos há três anos.

Pelé pediu desculpas logo depois, mas Ronaldo não escondeu a mágoa com o Rei do Futebol. Em entrevista ao jornal "O Globo", o camisa 9 partiu para o ataque.

- Estou triste com muitas pessoas que se mostravam amigas e agora estão quase me evitando. Mas realmente fiquei decepcionado com o Pelé. Ele é brasileiro, um ídolo nosso. Acho que foi um oportunista barato. As coisas estão complicadas, mas não esperava isso dele, de falar da minha vida pessoal. O Pelé tem família, tem os problemas dele para resolver, para se preocupar. Bem que podia me deixar em paz.

Na mesma entrevista, sobrou para Michel Platini, que o chamara de velho e gordo. "Nem dei atenção. O Platini me é indiferente. Ele já se mostrou ciumento outras vezes. Tenho um amigo francês jogador (Zidane) que o superou em tudo e sempre me disse que ele era invejoso. O que conta para mim é o apoio que o Zico me deu. Ele sempre foi um ídolo e fiquei feliz com o que ele disse.

Em 2006, Ronaldo teve bate-boca com Lula, Platini e Pelé

Curiosamente, foi na Copa da Alemanha que Ronaldo ultrapassou Pelé como o maior goleador brasileiro em Mundiais, ao marcar duas vezes contra o Japão. Mais do que isso, tornou-se o maior artilheiro das Copas, superando o alemão Gerd Mueller.

E foi diante de Pelé, em 2009, que Ronaldo viveu um de seus últimos grandes momentos no futebol. Em uma Vila Belmiro lotada, com Pelé na tribuna de honra, o Fenômeno fez dois gols antológicos na vitória por 3 a 1 sobre o Santos, e o Corinthians seria o campeão paulista daquele ano.

Decepção no Real e no Milan

Ao retornar ao Real Madrid, sentiu que, com a saída do presidente Florentino Pérez, começou a perder força no clube, que contratara o holandês Van Nistelrooy. O atacante manifestou logo o desejo de sair do Real por achar que não tinha apoio dos torcedores. Após vitória por 3 a 0 sobre o Alavés, ironicamente o adversário da sua estreia pelo clube merengue, ele foi vaiado no Santiago Bernabéu, o que nitidamente o incomodou. O atacante afirmou que não se sentia em casa no próprio estádio e não era tratado com carinho.

- Nunca fiquei à vontade onde as pessoas não me desejam - disse o craque, que passou a sonhar com as conquistas do Espanhol e da Liga dos Campeões para amenizar o clima. Mas isso não aconteceu.

Em janeiro de 2007, Ronaldo passou a negociar a sua transferência para o Milan, apesar de o Real relutar num primeiro instante. O clima para a permanência, no entanto, não era nada bom. O atacante não se entendia mais com o técnico italiano Fábio Capello. O excesso de noitadas e, novamente, os compromissos com patrocinadores acabaram selando o inevitável. O Fenômeno deixava a Espanha rumo à Itália, onde se apresentou ao Milan no dia 30 de janeiro. Deixou para trás os 104 gols marcados no Real e ressentimentos da torcida merengue.

O craque voltou a Milão para defender o Milan, rival do Inter, onde fora herói e vilão. por sete milhões e meio de euros. Naquela temporada, o Milan tinha poucas chances de vencer o Campeonato Italiano porque começara a competição com oito pontos a menos, como punição do envolvimento do clube no "Calciocaos" (escândalo de manipulação de resultados). E o pior: na Liga dos Campeões da Uefa, Ronaldo sequer pôde entrar em campo - já atuara pelo Real na competição.

O jeito foi ver das tribunas os colegas serem campeões. De cabelos crescidos, diferente da cabeça raspada dos tempos de Inter, Ronaldo descobriu no Milan que tinha hipotireoidismo, o que o fazia engordar. Tratou o problema e começou a temporada 2007/08 cinco quilos e meio mais magro. Na companhia de Kaká e Alexandre Pato, parecia que recuperaria o seu futebol.

Fora dos campos, voltou ao altar. Casou-se com Maria Beatriz Anthony e teve mais dois filhos, Maria Sophia e Maria Alice. Entre boatos de separações, os dois continuam juntos até o momento, apesar de, em 2010, o jogador ter assumido a paternidade de Alex, um menino de 5 anos, fruto de um rápido relacionamento com a garçonete Michelle Umezu, durante passagem do craque pelo Japão na pré-temporada do Real Madrid, em 2004.

Em boa fase na vida pessoal, Ronaldo viu o sonho acabar nos campos da Itália em 13 de fevereiro de 2008, na partida contra o Livorno. Após entrar no lugar de Gilardino, o Fenômeno, logo no primeiro lance, se lesionou seriamente na hora que deu um salto. Logo em seguida, saiu chorando. Ali, terminava sua breve aparição no Milan, que não quis mais renovar o contrato com o jogador. Foram nove gols marcados em 20 partidas.

Polêmica com travesti

Já casado com Bia Anthony, Ronaldo voltou ao Brasil  e passou pelo momento mais difícil da carreira. Em abril de 2008, o jogador saiu de uma boate no Rio de Janeiro e, segundo admitiu em depoimento na delegacia, procurou serviços de uma prostituta na orla da Praia da Barra da Tijuca. No entanto, levou ao motel um travesti conhecido como “Andréia”, e garantiu que, ao perceber que a pessoa com quem estava não era uma mulher, teria desistido do programa.

O craque afirmou também que Andréia o teria ameaçado de extorsão para não revelar o episódio à imprensa. Na versão do travesti, no entanto, Ronaldo sabia que ele era um homem e, mesmo assim, pediu que convidasse mais duas amigas para o motel. Ainda segundo ele, houve consumo de drogas no local, que teriam sido trazidas a pedido do jogador.

Ronaldo negou uso de drogas e anabolizantes. Depois do episódio com o travesti - que foi acusado formalmente por extorsão contra o jogador e, no início de julho de 2009, morreu devido a uma meningite contraída na cidade de Mauá -, o jogador divulgou uma nota oficial à imprensa negando ser usuário de qualquer entorpecente.

- Diante dos últimos acontecimentos e com o objetivo de esclarecer, o atleta Ronaldo jamais foi usuário de drogas, não teve nenhuma queixa-crime registrada contra a sua pessoa e está sendo vítima de uma tentativa de extorsão. Ele agradece a decência da autoridade que preside o fato e, se necessário, tomará as atitudes cabíveis - escreveu no documento.

Coube ao próprio Ronaldo também afirmar que jamais usou anabolizantes durante sua carreira. A declaração aconteceu após o então coordenador do setor de dopagem da CBF, Bernardino Santi, ter dito que a lesão no joelho esquerdo do jogador poderia ter sido uma consequência de uso dos hormônios para ganhar massa muscular na época em que jogava pelo PSV, da Holanda. De acordo com o médico, demitido da instituição logo após a afirmação, em 2008, os músculos do atacante teriam crescido demais, além do que a musculatura poderia suportar.

A informação também consta na biografia não autorizada do Fenômeno, escrita pelo italiano Enzo Palladini, que chegou às livrarias em 2010. Ronaldo rebateu as acusações no Twitter:

- Quanto ao italiano, vale lembrar que desde do início da minha carreira já existe o exame antidoping. Quero ver falar e provar – escreveu.

Ira do Fla, glória e decepção no Timão

Dentro de campo, o Fenômeno reiniciava, no Flamengo, time para o qual afirmava torcer, a tentativa de voltar aos gramados. O atacante sonhava encerrar a carreira em seu país, ganhar títulos no futebol brasileiro. O clube rubro-negro dava certa sua contratação. Mas, segundo o jogador, não lhe fez uma proposta concreta. Foi quando chegou o Corinthians com um projeto de marketing inovador. Em 12 de dezembro, era apresentado numa festa inesquecível e se dizia mais um louco no bando. No Rio, ganhava a eterna ira da torcida rubro-negra, que o chamava de traidor.

O início no Timão foi avassalador: decisivo no Paulista e na Copa do Brasil, entrou logo para a galeria dos heróis da Fiel. Mas a lua de mel durou apenas o primeiro semestre. Tudo começou a piorar quando fraturou a mão em julho de 2009, em um clássico com o Palmeiras. A partir daí, conviveu constantemente com lesões e com problemas de peso.

Ronaldo jamais voltou a ser o mesmo  Sem a mobilidade de antes, iniciou 2010 se preparando para a Libertadores no ano do centenário. Outra decepção: após uma primeira fase impecável, o Timão encarou o Flamengo nas oitavas e foi eliminado precocemente. Ronaldo, então, viu de perto a primeira crise.

O clube tentou o título brasileiro, mas o Fenômeno, com várias lesões musculares e também uma no púbis, só jogou na reta final, já sem Mano Menezes, sem Adilson Batista e com Tite. O atacante pouco fez pelo time e junto dos companheiros viveu a frustração de perder um título nacional que estava nas mãos do clube. No início de 2011, a derrota para o Deportes Tolima foi a gota d'água para sofrer pressões e até ameaças de parte da torcida. No meio disso, um outro bate-boca, pelo Twitter, com Neto, ex-jogador, ídolo do Corinthians, aborreceu o atacante. Ele se defendia dos ataques afirmando que “jogava somente por amor” quando foi criticado por Neto.

- Se você (Ronaldo) fala que só joga por amor, abra mão do R$ 1,5 milhão por mês. Eu que nunca fui 1% de você, assinava contrato em branco. Eu jogava por amor. Casagrande, Sócrates, Wladimir, Rivelino, Viola jogavam por amor. Para de conversa fiada, vai! – escreveu Neto.

Ronaldo respondeu no mesmo tom:

- Não vou responder a ex-jogador aproveitador. Que vive até hoje com a imagem ligada ao clube, implorando para fazer evento em loja oficial. Muito menos para gente irresponsável que incentiva a violência e que cospe nos outros - disse o atacante, antes de baixar o pano e pôr fim a um carreira de glórias mas também cheia de polêmicas.

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