Sem chance, Lapolla avisa: 'Juvenal fará o que o Dualib fez no Corinthians'

Sem chance, Lapolla avisa: 'Juvenal fará o que o Dualib fez no Corinthians'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:46

Candidato da oposição, o administrador de empresas Edson Lapolla, de 62 anos, sabe que vai para a eleição à presidência do clube do Morumbi sem a menor chance de ganhar. Porém, ele vai até o fim com um único propósito: mostrar o que tem acontecido de errado no clube nos últimos cinco anos, justamente quando Juvenal Juvêncio assumiu o poder. E acusa: o candidato da situação fará no São Paulo o mesmo que Alberto Dualib fez no Corinthians. Lapolla só não espera que isso tenha o mesmo fim. O dirigente alvinegro ficou no comando do Timão por 14 anos e renunciou após a equipe ter sido rebaixada à Série B do Brasileiro.

Edson Lapolla não esconde a preocupação com o futuro político do São Paulo (Foto: Divulgação)

  Lapolla conversou com a reportagem do Globoesporte.com e deixou clara a sua insatisfação com a administração de Juvenal Juvêncio, a quem chamou de "ditador". Veja a entrevista abaixo.

Globoesporte.com - Como é para o senhor ir para uma eleição sabendo que não tem chance de ganhar?

Edson Lapolla - Sou um cara consciente, sei que as chances são mínimas. Mas ninguém pode esquecer que no dia 27 o juiz vai julgar o mérito do terceiro mandato. Pode ser que o que aconteça na quarta-feira seja anulado pela Justiça. Mas vou lutar até o fim. Quero deixar clara a minha insatisfação com o que está sendo feito no São Paulo. Não tenho nada contra o Juvenal. Só não concordo com essa história de querer se perpetuar no poder. O discurso usado é o mesmo do Corinthians, não tem ninguém preparado. Como não tem ninguém? Eu mesmo conheço umas dez pessoas da situação com total capacidade de assumir a presidência. Eu tenho muito medo que ele faça no São Paulo o que o Dualib fez no Corinthians.     Como assim?

O que o Juvenal Juvêncio está fazendo vai contra a história, os princípios do nosso clube. O São Paulo sempre se destacou pela forma democrática de disputar o poder. Só que, do jeito que ele modificou o estatuto, ele e o grupo dele não sairão do poder nunca. Até mesmo os sócios que querem chegar ao Conselho não têm chance. Hoje, 90% do Conselho do São Paulo pertencem ao Juvenal. E isso não é saudável.

O estatuto não permite que qualquer pessoa lute para se tornar conselheiro?

No São Paulo hoje, dos 240 conselheiros que têm direito a voto, 160 são vitalícios e 80 são eleitos. Desses eleitos, só podem concorrer a 40 vagas os conselheiros mais antigos. Somente 40 são eleitos pelos votos dos sócios. Isso precisa ser modificado imediatamente. Muita gente com ideias boas perde espaço para pessoas que estão lá apenas pelo cargo. Veja o exemplo do Marcelinho, filho do falecido presidente Marcelo Portugal Gouvêa. Ele foi eleito conselheiro em 2006 e, desde então, nunca mais pisou no clube para trabalhar, só vai lá para assistir jogos. Não sabe nem onde fica a piscina. Isso tira o espaço de pessoas com ótimas ideias e que não conseguem se eleger.     O que mais lhe incomoda na gestão do Juvenal?

A falta de transparência. Quando o meu grupo estava na oposição, entre 1990 e 2002, éramos fiscalizadores, o clube tinha por obrigação mostrar todos os contratos de patrocínio, locação de camarotes e obras feitas no estádio do Morumbi. Isso não acontece desde 2006. O pior é que para isso acontecer, eu preciso enviar um pedido por escrito ao presidente do Conselho Deliberativo, que colocará em votação na reunião seguinte. Agora, como o grupo do Juvenal tem 90% do Conselho, sabe quando eu vou conseguir ver esses documentos? Nunca! E isso é um absurdo.

Se o trabalho do Juvenal incomoda, por que a oposição não começou a se movimentar antes?

Isso é uma coisa que eu me arrependo amargamente. Quando o Juvenal estava brigando para colocar o Morumbi na Copa do Mundo, resolvemos não brigar, não fazer oposição, até porque era uma luta maior do clube. Como isso não deu certo, resolvemos nos movimentar, até para mostrar ao Juvenal que existe oposição no São Paulo. Ele foi extremamente infeliz quando falou isso. Hoje na oposição existem pessoas que só querem o bem do clube.

O senhor tentou algum contato com o Juvenal para mostrar a sua insatisfação ou busca de um acordo visando outro nome para assumir o poder?

Não converso com o Juvenal desde 2006. Ele é ditador, assim como o Fidel Castro é ditador, o Kadafi é ditador. Com pessoas assim, não existe diálogo. As pessoas estão hipnotizadas pelo Juvenal. Na eleição desta quarta-feira, o grupo que apoia Juvenal Juvêncio usará uma camisa amarela com o slogan: “Queremos mais JJ”. Por que você acha que o Rogério Ceni usa uma camisa amarela? Mas a oposição estará presente na eleição, com uma camisa vermelha e propaganda parecida: "Queremos mais democracia JaJá". Queremos mostrar com isso que a ideia do terceiro mandato é absurdo, uma afronta. Se ele chegar na eleição amanhã e abrir mão de sua candidatura, eu abro mão da minha e todos chegaremos a um candidato de consenso.      

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