Paulo Passos e Vicente Seda, iG Esporte
Pelo menos cinco federações desejam Marin convoque um novo pleito. Cartolas dizem que Teixeira prometeu que não iria renunciar
Teixeira deixou a CBF e o COL
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Não chegou a causar surpresa, mas o pedido de renúncia de Ricardo Teixeira acirrou ainda mais a irritação de um grupo de presidentes de federações contrários à sucessão na CBF (Confederação Brasileira de Futebol). Dirigentes como o presidente da Federação Baiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, veem José Maria Marin à frente da entidade máxima do futebol como um aumento do poder nas mãos dos dirigentes paulistas. O novo presidente assumiu por ser o vice mais velho da entidade.
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O que os dissidentes querem é anular a prorrogação do mandato de Teixeira que foi aprovada em 2006. Na época, foi acrescentado no estatuto da CBF que, se o Brasil recebesse a Copa do Mundo de 2014, o mandato que deveria encerrar em 2008, seria prorrogado até abril de 2015, o que ocorreu.
Alguns cartolas alegam de forma velada que o voto pela prorrogação era para a permanência de Teixeira no comando. Não contavam com a saída do mandatário. A assembleia geral para apreciação das contas de 2011, evento próprio para comportar uma eleição na entidade, será em abril. Mas há um obstáculo. O estatuto da CBF, no artigo 102, diz especificamente que a prorrogação de mandato também vale para os cinco vice-presidentes e para os membros do Conselho Fiscal da entidade.
"E ainda tinha gente que duvidava que isso ia acontecer (risos). Eu tinha certeza. Quando Teixeira fez a assembleia ele disse para cada um dos 27 presidentes de federação que não iria renunciar. Alguns acreditaram", afirmou ao iG o dirigente baiano.
Ednaldo Rodrigues faz parte do grupo de dirigentes que defendem uma nova eleição na CBF. O cartola diz que as federações do Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Bahia, Minas Gerais e Pará apoiam a medida.
Com a saída de Teixeira, Marin assumiu o mandato até 2015. Os dissidentes veem um aumento no poder dos cartolas paulistas com o novo presidente. Ex-governador de São Paulo e ex-presidente da Federação Paulista, o novo número 1 da CBF assumiu por ser o vice-presidente mais velho, com 79 anos. Segundo o estatuto da entidade, esse é o critério para definir o sucessor em caso de renúncia.
"Respeitamos as instituições e a hierarquia. Queremos ouvir do Marin o que ele pretende fazer, mas achamos que o mais correto seria um novo pleito", afirmou Ednaldo Rodrigues.
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Teixeira deixou a CBF e o COL
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Questionado sobre um possível fortalecimento dos paulistas junto à CBF, por conta da ascensão de Marin, o presidente da Federação Paulista, Marco Polo del Nero, reconheceu que pode até ser que aconteça uma "ciumeira", mas acredita que Marin ouvirá a todos de maneira igual.
"Se ele administrar como eu, todos são iguais perante a lei. Ele é advogado, compreende isso muito bem. Então ele dará a mim e a qualquer outra federação o mesmo tratamento. Pode ser até que haja essa ciumeira em um determinado momento, mas a melhor maneira de se administrar é tratar a todos igualmente. A Federação Paulista, a do Acre, a do Rio Grande do Sul, todas serão ouvidas da mesma forma", analisou.
Outro fator pode interferir diretamente nessa questão. Era nítido o distanciamento entre o governo federal e a administração da CBF. Indagado se esse quadro pode mudar em um futuro próximo, Del Nero foi evasivo. "O que eu sei é que não houve procura do governo para manter contato com o Teixeira, e nem o interesse do Teixeira em procurar. Ele nunca pediu uma audiência. Sei que ele mantinha contatos com os órgãos governamentais, no caso o Aldo Rebelo (ministro dos Esportes). Certamente no momento oportuno ela se manifestará, chamará o presidente para conversar, como seria também com o Teixeira.
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Sobre um suposto revezamento de vice-presidentes no comando, Del Nero disse não saber qual será a decisão de Marin, tampouco quem indicará para substituí-lo no caso de ter de se ausentar do cargo. "Não cabe a mim decidir. Eu na Federação Paulista faço algum revezamento, mas isso não quer dizer que o Marin deva fazer. O Ricardo Teixeira ficou aqui muitos anos e sempre colocou o Nabi Abi Chedid quanto tinha de se ausentar, e assim continuou com o Marín. É maneira de administrar, não sei como o Marin fará daqui para frente".
Momentos de Ricardo Teixeira
Ricardo Teixeira assumiu a CBF em 1989. Na foto, ele participa de almoço com então presidente da Federação Paulista durante a Copa do Mundo de 1998
Foto: Gazeta Press
Ricardo Teixeira recebeu famosos em eventos com patrocinadores da seleção brasileira de futebol, como a top Gisele Bundchen, em 2005
Foto: Gazeta Press
Em agosto de 2009, Teixeira recebe Abílio Diniz para um acordo com o Pão de Açucar até a Copa do Mundo de 2010
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Em abril de 2007, Ricardo Teixeira se reuniu com o então Presidente Lula para discutir candidatura do Brasil à sede da Copa do Mundo de 2014
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Meses depois, em outubro, Teixeira estava na comitiva que foi a Zurique, na Suíça, no dia que o Brasil foi anunciado como sede do Mundial
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Dois anos depois, em 2009, Ricardo Teixeira assinou documento de comprometimento do Rio de Janeiro com a Copa 2014
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Cartola participou de inspeção em diversos estádios do Brasil. Na foto, ele visita o Mineirão ao lado de Aécio Neves em 2007
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Já em setembro de 2010, Teixeira ganhou até beijo de Jerome Valcke, secretário-geral da Fifa, durante visita ao Rio de Janeiro
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No dia 8 de novembro de 2011, em São Paulo, no anúncio do estádio de Itaquera como sede da abertura da Copa 2014
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Ao lado de Lula e Joseph Blatter, dirigente participa de lançamento do logo do Brasil na a Copa 2014, em julho de 2010
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Ao lado de Pelé e da Presidente Dilma, Teixeira compareceu ao sorteio dos grupos para o Mundial no Brasil, no Rio de Janeiro
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Do lado de fora, protestos pela saída do dirigente. Teixeira teve a imagem desgastada no comando da CBF e foi alvo frequente de manifestações
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Ainda sobre Copa do Mundo, Ricardo Teixeira acompanhou treinos da seleção comandada por Dunga durante Eliminatórias da Copa de 2010
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Antes do Mundial da África do Sul, seleção fez visita a Lula. Teixeira também estava por lá
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Depois de cair nas quartas na Copa de 2010, seleção brasileira trocou de técnico. Saiu Dunga e chegou Mano Menezes no final de julho de 2010
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Dois momentos do lado de Ronaldo. Ainda como jogador, o Fenômeno fez sua despedida da seleção em jogo contra Romênia em junho de 2011 e ganhou um relógio do cartola
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Depois da aposentadoria, Ronaldo foi apresentado como membro do Comitê Organizador da Copa do Mundo no Brasil
Foto: Gazeta Press
Momento de descontração para provar um acarajé durante a Footecon
Foto: Gazeta Press
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