Tite supera vaias, vai ao ápice com título mais importante da carreira

Tite supera vaias, vai ao ápice com título mais importante da carreira

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:19

Quando recebeu um telefonema de Andrés Sanches, em outubro do ano passado, Tite não precisou pensar muito para deixar para trás alguns milhões de reais que receberia no Al Wahda-EAU e ir em busca da realização de um sonho no Corinthians. Neste domingo, após resultados empolgantes e momentos de muita pressão, ele teve a certeza de que tomou a atitude correta. Aos 50 anos, o professor de educação física nascido em Caxias do Sul atingiu o grande ápice da carreira ao conquistar pela primeira vez o título mais importante do futebol brasileiro.

Três vezes campeão gaúcho, uma vez da Copa do Brasil e outra da Copa Sul-Americana, sempre por times do Rio Grande do Sul, Tite reconhecia a necessidade de obter um título de expressão por alguma equipe do eixo Rio-São Paulo. Apesar de ter acumulado bons números nas passagens por São Caetano, Palmeiras e pelo próprio Corinthians, o treinador ainda era visto com certa desconfiança por torcedores e dirigentes.

- Os títulos que eu tenho foram conquistados por times do Rio Grande do Sul. Sei que a dimensão de São Paulo e Rio de Janeiro é muito maior. Esse título vai dar ao profissional um carimbo mais importante. Vão ver a qualidade do trabalho dele, vai dar um respeito maior - disse. Mais que isso, o técnico teve desta vez papel determinante para o Timão chegar ao triunfo. Sem nenhum grande destaque no elenco, o treinador conseguiu administrar a relação dos atletas ao longo de 38 rodadas e montar uma maneira eficiente de atuar, valorizando muito mais o empenho do que a qualidade individual.

- Temos atletas que já passaram dos limites pessoais, mas continuaram jogando porque têm muito caráter, força e fibra. Vão mesmo para dentro. Esse grupo é muito forte, tem uma força mental impressionante - afirmou.

A glória contrasta com as dificuldades que Tite viveu desde que pisou no clube na reta final do Brasileirão do ano passado. Em oito jogos, foram cinco vitórias e três empates. A boa campanha, porém, não foi suficiente para dar o título ao Timão. O terceiro lugar colocou o clube na fase prévia da Taça Libertadores e deu início a um período em que Tite só não foi demitido graças ao apoio do presidente Andrés Sanches, responsável pela contratação dele.

Tite faz o sinal da cruz ao descer do ônibus em

Floripa (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com) Com pouco tempo de preparação no início de 2011, o Corinthians enfrentou o até então desconhecido Tolima-COL em más condições. Ronaldo, a maior esperança, se reapresentou muito acima do peso e foi praticamente uma peça nula nos dois jogos. Resultado? Corinthians eliminado e muita cobrança da torcida, incluindo atos de vandalismo no CT Joaquim Grava. Tite era um dos principais alvos das críticas, mas acabou mantido na função.

Vencer o Campeonato Paulista não apagaria o fracasso, mas amenizaria o clima ruim instalado logo nos primeiros meses do ano. O Corinthians conseguiu reagir nos jogos seguintes, se classificou com tranquilidade, porém, encontrou pela frente Neymar e Paulo Henrique Ganso. Tite voltou a ser questionado com a derrota para o Santos na decisão e, novamente, teve o aval da direção para seguir no comando.

Apesar do título com uma rodada de antecipação e de ficar 26 das 37 rodadas na liderança, o técnico não deixou de balançar no Brasileirão. O Corinthians teve um início arrasador, com nove vitórias e um empate, mas perdeu fôlego no segundo turno e teve de conviver com novos protestos e até uma invasão do centro de treinamentos. Mesmo assim, apesar de ainda acumular alguns tropeços inesperados, o Timão venceu as últimas quatro partidas e arrancou para o título na hora certa.

Paizão no elenco e em casa

Tite com a esposa e a filha

(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com) Mais do que encontrar uma boa formação tática, usando três atacantes e um armador, Tite soube administrar o elenco. A começar pela contratação mais importante desde Ronaldo. Chamado para levar o clube ao título, Adriano sofreu com uma grave lesão no tendão do pé esquerdo e com os problemas de peso. Mesmo com o Imperador fora de boa parte do torneio e cometendo alguns deslizes, o treinador conseguiu integrá-lo ao elenco para participar de momentos decisivos.

O grande problema, porém, veio da defesa. Ao ser barrado por deficiência técnica, o zagueiro Chicão pediu para sequer ficar no banco de reservas na véspera do clássico contra o São Paulo, no Morumbi, e desencadeou um “racha”. Tite mostrou que estava certo: com Paulo André e Leandro Castán, a defesa alvinegra subiu de produção e fez com que o ex-capitão tivesse de se contentar em ser agora apenas mais uma opção no grupo.

O jeito família para contornar problemas Tite exibe também em sua casa. Alheio à badalação da capital paulista, o treinador supera os momentos ruins ao lado da esposa Rosmari e dos filhos Gabriele e Mateus. Na volta a São Paulo, o técnico os encontrará de braços abertos para receber o mais novo campeão brasileiro. A festa está preparada com caipirinha, bebida preferida dele, e claro: chimarrão e churrasco.

Chimarrão estará esperando o campeão Tite em casa (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com) Tite vence o Campeonato Brasileiro com números muito positivos desde que assumiu o Corinthians pela segunda vez: são 71 jogos, sendo 38 vitórias, 19 empates e 14 derrotas, desempenho que resultou em 62,85% dos pontos. Números de campeão!        

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