Título do Paulista abre o apetite de Demétrius, que mira em Magnano

Título do Paulista abre o apetite de Demétrius, que mira em Magnano

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 10:00

Em 2007, quando decidiu aposentar a camisa 9, a vontade era passar um tempo longe das quadras. O novo uniforme que passou a usar em nada se aproximava daquele que vestiu durante 17 anos. De camisa, sapato e calça social, Demétrius foi trabalhar numa corretora de bolsa de valores. Dois meses foram suficientes para que o ex-armador da seleção brasileira resolvesse atender ao convite feito por Limeira - que já havia sido recusado uma vez - para voltar ao basquete. Virou treinador da base e auxiliar de Zanon na equipe adulta, erguendo a taça do Paulista em 2008. O grupo foi desfeito no ano seguinte e o retorno aconteceu em 2010. O desafio de comandar um time sem estrelas foi aceito por Demétrius. E a recompensa viria no dia 12 de janeiro, numa quarta-feira que marcou o bicampeonato com a vitória sobre o Pinheiros, e seu primeiro título como técnico principal.

Aos 37 anos, a façanha à frente de um time desacreditado abriu seu apetite. A breve carreira já dá sinais de que deverá ser longa. E, de preferência, vitoriosa como nos tempos de jogador. Para isso, pretende tirar proveito da presença de Rubén Magnano no Brasil.

- Estou entrando nesse mercado de técnicos igual aos tempos de jogador. Eu treinava para ser o melhor. Podia até não ser, mas o que eu buscava era isso. E agora busco o mesmo e vou fazer de tudo para conseguir. Sei que tenho que me aprimorar e seguir participando de clínicas internacionais. Mas também quero sugar o máximo de conhecimento de Magnano. Ele tem um currículo de dar inveja. Não tive tanta oportunidade de ficar muito tempo com ele ainda, mas sempre que conversamos se mostrou aberto e disponível para ajudar. Quero ter um pouco mais de tempo com ele e trocar uma ideia. Nas etapas de treinamento da seleção sub-17 (Demétrius é o treinador) lá no CT de São Sebastião do Paraíso, vou ter mais oportunidade - disse.

A filosofia de trabalho e o estilo de jogo adotados pelo campeão olímpico em 2004 e vice Mundial em 2002 com a Argentina vão de encontro ao que Demétrius considera ideal.

- O Brasil hoje joga com outra cara. Tem outro estilo de jogo e está no caminho certo. E não falo isso só porque também integro uma das comissões técnicas da base. O estilo que Magnano adota é também o meu: defesa forte e ataque organizado e pensado. Foi um passo importante no Mundial da Turquia a seleção poder jogar de igual para igual com todo mundo. Acho também que se esse trabalho nas divisões de base que ele vem coordenando tivesse sido feito antes, o basquete brasileiro estaria hoje em outro nível. Na minha época, a gente fazia uma preparação para um Mundial com poucos jogos e isso dificultava muito. O intercâmbio e o treinamento facilitariam a evolução.

Os olhos do técnico do Limeira também se voltam para um outro desafio: fazer seu time se recuperar no NBB.  A campanha de  três vitórias e três derrotas foi o reflexo de quem teve como prioridade o Estadual.

- Agora o trabalho vai ser outro. Chegar a um título é uma coisa. Agora será um novo desafio. O Phil Jackson diz no livro dele que depois do último gole da champanhe você vira a taça. Sei que agora todos vão querer ganhar do campeão paulista. Os grandes se mantêm no topo, os fracos são lembrados apenas por um título.

Ele acredita que o título irá embalar ainda mais o elenco. As lembranças da difícil caminhada e dos momentos de superação também.  A carreata que estava marcada para esta quinta-feira teve de ser adiada. Se a chuva permitir, o desfile pelas ruas da cidade será realizado nesta sexta.

- A volta do time foi muito difícil. O mercado estava muito inflacionado e era difícil contratar. A ideia era trazer jogadores que queriam mostrar seu potencial e seu basquete para o mercado nacional. Todos eram coadjuvantes em seus ex-times e aqui teriam chance de mostrar trabalho. Cada um entendeu que era importante para a equipe e isso fez uma grande diferença. Como não tínhamos uma estrela, focamos muito no potencial. Eles entenderam a importância de ter de defender, que só assim teríamos alguma chance. O momento mais difícil foi quando perdemos em casa para o Assis. Não dependíamos mais das nossas forças e sim de um tropeço deles para nos classificar entre os seis. A partir dali o time passou a acreditar.

O desgaste ao longo do processo já foi sentido diante do espelho, com a coroinha que vem abrindo no alto da cabeça. O cansaço também voltou a dar sinal. Agora não mais o físico como em outros tempos, mas o mental. Na véspera do jogo do título, Demétrius passou a madrugada editando vídeos para mostrar aos pupilos no treino da manhã. A dedicação foi em tempo integral, mas ele não reclama.  

-  Agora entendo o sofrimento dos meus técnicos. Só que eu fazia as coisas que eles pediam. Às vezes você pede coisas, uma jogada, e o jogador não faz. Então, dá vontade de entrar em quadra para mostrar o caminho mais fácil. Quando você vira técnico tem que canalizar as emoções porque não tem o poder de decisão e isso dificulta. O fato de ter sido jogador me ajudou muito a lidar com a equipe. E acho que o que conquistei como jogador também dá um respeito. Neste primeiro ano já quebrei uma prancheta e um relógio. Não ganhei tantos fios de cabelos brancos. Na verdade, perdi mais do que vi embranquecer - ri.

Por: Danielle Rocha

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