Zamorano teme Neymar e Ganso: 'Seria bom que ficassem no hotel'

Zamorano teme Neymar e Ganso: 'Seria bom que ficassem no hotel'

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:51

Ivan “Bam Bam” Zamorano brilhou com as camisas de times de grande expressão mundial, como Real Madrid e Internazionale de Milão. Mas foram os seis meses em que vestiu a camisa do Colo Colo, equipe mais popular do Chile, que fizeram o artilheiro se sentir finalmente realizado. Ele não tem nenhuma dúvida em afirmar que o momento mais marcante de sua carreira foi quando pôde realizar o sonho de seu pai e jogar no "Cacique", como o Colo Colo é conhecido.

Hoje, aos 44 anos, Zamorano é um torcedor ilustre. Um dos maiores jogadores da história do futebol chileno, ele estará no estádio Monumental nesta quarta-feira, para empurrar o seu Colo Colo para cima do Santos. O jogo, válido pela terceira rodada da fase de grupos da Libertadores, começa às 21h50m (horário de Brasília).

Em entrevista ao Globoesporte.com e ao SporTV, no complexo esportivo que comanda em Santiago, Bam Bam falou sobre a relação com o time do coração e também sobre sua carreira. Lembrou a amizade com Ronaldo, com quem formou uma grande dupla de ataque no Inter de Milão, e prometeu estar na despedida do Fenômeno, em junho, no Pacaembu.

Falou também sobre o adversário de seu time. Fez muitos elogios ao Peixe e, sobretudo, à dupla Neymar e Paulo Henrique Ganso. Brincando, disse que seria bom se os dois ficassem no hotel e não aparecessem no estádio...

Revelou ainda que continua muito ligado ao futebol e que, por isso, não acha certo chamar atletas que penduram as chuteiras de "ex-jogadores". Ele afirma que foi, é e continuará sendo um jogador de futebol. E dos bons.

- Quando um médico se aposenta, ele é chamado de ex-médico? – questiona.

A seguir, os melhores lances da entrevista com Zamorano.

Depois de 15 anos jogando no exterior, entre Europa e México, você resolveu voltar ao Chile para realizar o sonho de jogar no Colo Colo. Como foi essa experiência?

Zamorano: Quando estava no América (México), já comecei a sentir saudades de poder voltar ao meu país. Foram dois anos na Suíça, quatro na Espanha, cinco na Itália e dois no México. Senti que estava na hora de voltar. Perdi meu pai muito cedo, com 13 anos. Antes de morrer, ele me disse que gostaria que eu jogasse no Colo Colo. Então, do México vim jogar aqui por seis meses. De graça. Não cobrei um peso. Infelizmente, o clube passava por uma grave crise, mas acho que consegui contribuir. Hoje, tenho certeza de que foram os seis meses mais importantes e maravilhosos de minha carreira como futebolista. Finalmente, tive a oportunidade de sentir o meu pai bem perto. Ao vestir o uniforme, recordei de quando ele me levava ao estádio, quando nos sentávamos no cimento. Não havia assentos. Por isso, me emocionei. Tenho certeza de que, naqueles momentos em que joguei pelo Colo Colo, meu velho estava sentado em um lugar especial do estádio me vendo.

Vai ao estádio nesta quarta? O que sabe sobre o time atual do Santos?

Zamorano: Vou, sim. Tenho um camarote lá e, sempre que posso, procuro apoiar o time. Será um jogo complicado. O Santos tem uma equipe muito bem estruturada, com jogadores que desequilibram. Mais do que fazer gols, temos de tentar, por todos os meios, achar uma forma de deixar Neymar e Ganso no hotel (risos). São grandes jogadores.

E que tal o Colo Colo?

  Zamorano: O time teve um início de ano vacilante (na Libertadores, estreou sendo goleado pelo Cerro Porteño, por 5 a 3), mas já estamos nos recuperando. Fez um grande jogo na Venezuela (venceu o Deportivo Táchira por 4 a 2). O nível está subindo. Além disso, temos um técnico muito experiente (o argentino Américo Gallego), que sabe bem armar a equipe para jogos decisivos.

Você formou uma grande dupla de ataque com Ronaldo, no Inter de Milão. Vocês conversaram depois da aposentadoria dele?

  Zamorano: Sim. Eu lhe mandei uma mensagem. Ronnie é um grande amigo, uma pessoa fantástica. Tive a sorte de jogar com grandes futebolistas, como Butragueño, Suker e Michel, no Real Madrid, com Salas, na seleção do Chile. Mas acho que o maior jogador com o qual eu joguei foi Ronaldo. Sua alegria, sua forma de encarar as partidas com potência, técnica, velocidade e magia é incomparável. Fiquei muito emocionado vendo sua entrevista coletiva na despedida. Espero acompanhá-lo em sua partida de despedida no Brasil (dia 7 de junho, contra a Romênia, no Pacaembu), assim como ele me acompanhou quando eu parei, aqui no Chile.

E como foi formar dupla com o Fenômeno? Aliás, ele ganhou o apelido quando atuava com você (eles estiveram juntos no Inter entre 1997 e 2001. Ronaldo, porém, perdeu quase dois anos por causa de grave lesão no joelho).

  Zamorano: Sim. Era realmente um fenômeno. Quando chegou à Itália, para a temporada 1997 e 1998, ele estava em uma grande forma, no topo. Ele me ajudou a fazer muitos gols, mas eu também o ajudei a marcar os dele (risos). Foram anos bonitos. Éramos vizinhos. Ele vivia no 13º andar e eu no 14º. Havia muita fé, esperança, mas também muito samba (risos). É um rapaz muito especial mesmo e, claro, um jogador espetacular.

Como tem sido a vida após o futebol? Você tem atacado até de modelo (ele e sua esposa estão em vários outdoors de Santiago, fazendo propaganda para uma marca de roupas).

Zamorano: Me parece que eu hoje trabalho muito mais. O futebol é algo que eu sempre amei desde pequeno. Era tudo para mim. Mas eu não fazia nada além de treinar, descansar, comer e jogar. Era só isso. Hoje, tenho uma vida muito mais ampla. Posso me dedicar à minha família, me dedicar a vários outros projetos. Não paro. Quando o jogador se retira, tem mais tempo para passear, para analisar projetos. Agora, consigo cuidar da minha fundação que atende a crianças carentes. No entanto, continuo ligado ao futebol. Tenho a franquia do Showbol no Chile, sempre nos reunimos para jogar. Todo mundo fala que a pessoa vira ex-jogador quando para. Eu não concordo. Quando um médico resolve se aposentar, ele se torna ex-médico?      

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