Adversário do Brasil, Iraque luta para ressurgir no futebol após período "negro"

Adversário do Brasil, Iraque luta para ressurgir no futebol após período "negro"

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 09:10

Luís Araújo

Castigos de Uday Hussein aos jogadores por maus resultados marcaram período conturbado da seleção iraquiana durante os anos 1990

Adversário do Brasil no amistoso desta quinta-feira, o Iraque está bem longe de pertencer ao grupo das principais forças do futebol mundial. Sob o comando de Zico, a seleção asiática briga nas eliminatórias com os rivais de continente para conquistar o direito de disputar, em 2014, aquela que seria apenas sua segunda Copa do Mundo.

A única vez que o Iraque esteve em um Mundial até hoje foi em 1986, na edição sediada no México e que acabou tendo a Argentina como campeã. Curiosamente, a equipe naquela oportunidade era treinada por um outro brasileiro: Evaristo de Macedo. A campanha, no entanto, foi um desastre. Com derrota nos três jogos que realizou, ficou com a lanterna do Grupo B.

Os anos 1980 representam o auge da seleção iraquiana. Além da participação na Copa do Mundo do México, disputou todas as três edições dos Jogos Olímpicos daquela década. Mas o que parecia ser uma curva ascendente do futebol do país foi interrompida por um período conturbado que teve início em 1987, quando Uday Hussain – filho mais velho do ditador Saddam Hussein – assumiu a chefia do Comitê Olímpico Iraquiano.

A participação nas Olimpíadas de 1988 foi o último grande momento do futebol iraquiano antes de uma época marcada pelo terror. Jogador da seleção no período em que Uday Hussain estava no comando, Abbas Rahim Zair afirmou em 2003 que foi castigado em um campo de prisão durante três semanas por ter desperdiçado um pênalti em uma partida contra os Emirados Árabes Unidos. “Muitos se recusaram a tocar na bola, mas depois nos demos conta de que todos seríamos punidos se ninguém aceitasse fazer a cobrança”, disse o atleta.

Os castigios não eram raros no regime de Uday Hussain, que ordenava aos torturadores chicotear a sola dos pés dos jogadores e fazê-los infectar suas feridas com areia e restos de sangue de outras pessoas. Em 1996, o Iraque atingiu a 139ª posição no Ranking da Fifa, sua pior colocação da história. No ano seguinte, a entidade mandou ao país uma equipe para investigar essas práticas, mas não conseguir reunir provas concretas para punir o Iraque.

As guerras nas quais se envolveu também foram determinantes para a crise da seleção iraquiana nos anos 1990. Após a Guerra do Golfo, o país foi proibido de participar de competições asiáticas.

A situação começou a mudar entre 2003 e 2004, depois que Uday e Saddam morreram na invasão norte-americana ao país. Foi nessa época que a seleção conquistou uma das três vagas do continente às Olimpíadas de Atenas. E a campanha nos Jogos da Grécia foi satisfatória: o Iraque ficou em quarto lugar, tendo somado vitórias contra Austrália e Portugal – que contava com Cristiano Ronaldo.

Os iraquianos voltaram a brilhar em 2007, quando venceram a Copa da Ásia. O título rendeu a participação na Copa das Confederações de 2009. A competição disputada na África do Sul e vencida pelo Brasil marcou o retorno da seleção principal do Iraque na elite do futebol mundial após 23 anos. A esperança no país é que o trabalho coordenado por Zico retome a curva ascendente que se desenhava na década de 1980.

 

Confronto inédito

Esta será a primeira vez que as equipes principais dos dois países estarão frente a frente. O único duelo até hoje aconteceu em 2001, pelo Mundial Sub 20, quando o Brasil venceu por 6 a 1. A equipe brasileira naquela oportunidade contava com Kaká, que estará em campo nesta quinta-feira e será escalado como titular no meio de campo ao lado de Oscar.

O técnico Mano Menezes valoriza o confronto. “Vamos aproveitar esse jogo para tirarmos ainda mais conclusões e seguirmos preparando a seleção para as competições que estão por vir. Teremos asiáticos pela frente, muito provavelmente, na Copa do Mundo e na Copa das Confederações. Por isso, enfrentar o Iraque e depois o Japão (amistoso na próxima terça-feira) será muito importante”, disse o treinador, dando crédito ao rival.

O Iraque, por sua vez, encara o jogo como preparação para o duelo contra a Austrália na próxima terça, pelas eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 2014. Zico reconhece que enfrentar o Brasil pode causar um impacto negativo no trabalho.

“Nós sabemos que enfrentar a seleção brasileira sempre tem o risco de uma goleada, o que poderia ter um efeito muito ruim na equipe. Mas estou mostrando aos jogadores que essa é uma grande oportunidade que eles terão na carreira e que pode nunca mais acontecer outra vez. Portanto, que eles precisam jogar com seriedade e empenho, mas sem se sentirem pressionados”, afirmou o comandante do Iraque.

FICHA TÉCNICA - BRASIL X IRAQUELocal: Estádio Swedbank, em Malmö (Suécia)Data: Quinta-feira, 11 de outubro de 2012
Horário: 15h30 (de Brasília)
Árbitro: não informado pela organização

BRASIL: Diego Alves, Adriano, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Paulinho, Ramires, Kaká e Oscar; Neymar e Hulk
Técnico: Mano Menezes

IRAQUE: Sabri Noor, Ahmed Ibrahim, Ali Bahjat, Hammadi Ahmed e Yassen Ahmed; Radhi Ahmed, Ibrahim Khaldoun, Alaa Abdul Zahra e Husam Kadhim; Muthana Khalid e Waleed Salim
Técnico: Zico

*Com Gazeta


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