Com dois de 'curinga', Guarani bate a Ponte e pega o Santos na final

Guarani bate a Ponte e pega o Santos na final

Fonte: Atualizado: sábado, 31 de maio de 2014 às 9:13

O representante de Campinas na decisão do Campeonato Paulista veste verde e branco. Mas, ao contrário do que esperavam os pouco mais de 13 mil bugrinos que estiveram nesta noite de domingo no Brinco de Ouro, a classificação à final não passou pelos pés do maestro Fumagalli. Machucado e substituído ainda no primeiro tempo, o camisa 10 deu lugar ao reserva Medina, que, em minutos, passou de desacreditado a herói da classificação. Com um gol de Fábio Bahia e dois do lateral, o Guarani derrotou a Ponte Preta por 3 a 1, de virada, e decide o título estadual contra o Santos.

Esta será a segunda final de Paulista da história do Guarani, que, em 1988, perdeu para o Corinthians, no Brinco de Ouro, gol marcado por Viola na prorrogação. Depois de vencer o Palmeiras no Brasileiro de 1978 e ser derrotado por São Paulo (Brasileiro de 1986) e Timão, o Bugre fecha o "ciclo" de finais ante os grandes contra o Santos, que neste domingo passou pelo Tricolor.

A vaga na final coroa o momento de "ressureição" do Bugre. Na temporada passada, o time quase caiu para a Série C do Brasileiro. Os jogadores ficaram sete meses sem receber salários. Houve cassação do mandato do então presidente e, no início deste ano, Oswaldo Alvarez foi contratado com a missão de montar um time às pressas. Deu certo. Desde o início do Estadual, o Bugre esteve nas primeiras colocações. Fechou a primeira fase em quarto, à frente do Palmeiras, e voltou a brilhar contra o Verdão, nas quartas, ao vencer por 3 a 2.

Nos próximos dois finais de semana, o time de Oswaldo Alvarez tentará o primeiro título paulista de sua história. A Federação Paulista de Futebol anunciará na quarta-feira os locais dos duelos - o Peixe sugere duas partidas no Pacaembu, mas o Guarani fará de tudo para mandar a primeira em Campinas. Na primeira fase, curiosamente, o Santos foi o único a vencer o Bugre no Brinco: 2 a 0, gols de Arouca e Ibson.

A vitória no dérbi também deixa o time alviverde ainda mais em vantagem sobre o arquirrival. Em 189 clássicos, o Guarani tem 66 vitórias e a Ponte, 60 - houve ainda 62 empates e um resultado desconhecido, justamente no primeiro encontro entre os times, em 24 de março de 1912.

Se o Guarani tem motivos de sobra para festejar - o time quebrou o jejum de dois anos sem vencer um dérbi e mantém a invencibilidade do técnico Oswaldo Alvarez no clássico -, o mesmo não acontece com a Ponte Preta. Empolgada após passar pelo Corinthians no Pacaembu, a Macaca perde a chance de alcançar sua quinta decisão de Paulista.

Eliminada nas semifinais após passar pelo Corinthians nas quartas, a Ponte agora foca suas atenções na disputa da Copa do Brasil, onde pegará o São Paulo nos dias 2 e 10 de maio, pelas oitavas de final. No Brasileiro, o time estreia dia 20 de maio, contra o Atlético-MG, em Campinas.

Bugre perde Fumagalli, mas manda no jogo

O nervosismo tomou conta das equipes nos minutos iniciais da partida. Mais tenso do que o adversário, pelo fato de ter a maior parte da torcida, o Guarani errou muitos passes entre a defesa e o meio-campo, proporcionando perigo à Ponte. Logo no primeiro minuto, Roger recebeu na área e tentou o chute, mas a bola, prensada por Domingos, ficou fácil para Emerson.

Já mais calmo, o Guarani naturalmente tomou conta da partida. Aproveitando que Éwerton Páscoa vigiava todos os passos de Renato Cajá, o Bugre passou a incomodar, especialmente nas costas de Guilherme e Uendel. Oziel pela direita e Fabinho pela esquerda infernizaram a defesa alvinegra. A esperança alviverde era nas bolas altas.

Aos 17 minutos, Fumagalli lançou Fabinho em profundidade. O atacante passou como quis por Guilherme, perdeu a hora do chuta e rolou para Fumagalli, que, de primeira, arriscou o chute. A bola saiu pela linha de fundo. Em seguida, a melhor chance do Guarani. Novamente Fabinho foi acionado pela ponta esquerda e cruzou para Fábio Bahia, que, de cabeça, tocou para Bruno Mendes livre na área. Bruno Fuso saiu bem do gol e evitou a abertura do placar.

O Bugre controlava a partida e dava sinais de que poderia fazer o primeiro gol a qualquer instante, mas a história da partida mudou aos 28 minutos. Fumagalli tentou jogada pela direita e caiu no gramado. Com dores no tornozelo esquerdo, o camisa 10 e principal esperança do time pediu substituição. Saiu chorando de campo e deu lugar a Medina.

Ponte acorda, faz o primeiro e desespera o Guarani

Sem seu principal articulador, o Bugre caiu de produção. Não havia quem parasse a bola no meio-campo ou lançasse Fabinho em velocidade. Melhor para a Ponte Preta, que, logo após tomar um susto em cabeçada de Domingos, abriu o placar. Renato Cajá se livrou da “sombra” Éwerton Páscoa e deixou Caio livre na área. O meia passou por Domingos e bateu no canto direito de Emerson.

Se o desespero já começava a tomar conta das arquibancadas da torcida mandante, a sensação aumentou com o gol. A bola parecia queimar nos pés dos jogadores bugrinos, que se renderam ao nervosismo. Com a cabeça no lugar, a Macaca quase ampliou em cabeçada de Roger, aos 42 minutos. No último lance, Fabinho quase empatou para o Guarani, mas Bruno e a zaga pontepretana afastaram o perigo.

Guarani volta bem do intervalo e põe fogo no jogo

A volta para o segundo tempo animou novamente os torcedores do Guarani. Mesmo sem alterações, o time retornou completamente diferente para a etapa final e, aproveitando uma bobeira de Rodrigo Pimpão, empatou logo aos oito minutos. Danilo Sacramento disparou como um foguete pelo lado esquerdo e serviu Fabinho, que cruzou. A zaga da Ponte cortou mal e, na sobra, Fábio Bahia bateu no contrapé de Bruno.

A partir daí o Brinco de Ouro deixou o silêncio do primeiro tempo para virar um caldeirão. Se o Guarani mostrava excesso de vontade, a Ponte beirava a sonolência. Por isso, a virada quase saiu aos nove. Danilo Sacramento bateu de canhota e Bruno espalmou. Na sobra, Fabinho tentou chutar entre o goleiro e a trave. A bola explodiu no pau.

Responsável indireto pelo gol de empate do Guarani, Pimpão deixou o campo aos 11 minutos para a entrada de Gerson. A substituição de Kleina visava a povoar o meio-campo e aumentar a marcação em Danilo Sacramento. A estratégia pouco funcionou. O camisa 8 do Guarani seguiu perigoso e, ao lado de Fabinho, tornou-se o atleta mais acionado em campo.

Medina vira herói e garante Guarani na decisão do título

O segundo gol bugrino estava cada vez mais maduro e o bate-rebate na área da Ponte aos 19 minutos mostrou como seria a partida. Empolgado pelo apoio da torcida, o time de Vadão sufocou a Macaca em sua área e só não marcou porque a defesa afastou a bola de todos os jeitos. Era preciso mudar para sonhar com a vaga na final. Por isso, Gilson Kleina tirou o cansado Caio e apostou em Enrico, que havia sido titular no dérbi da primeira fase.

Nem deu tempo de o meia mostrar serviço. Assim que pisou no gramado, o Guarani puxou contra-ataque. Nome do jogo, Fabinho lançou Danilo em profundidade nas costas de Uendel pela esquerda. De direita, o meia rolou para Medina, que bateu de primeira no contrapé de Bruno e pôs o Bugre pela primeira vez em vantagem no marcador.

A virada acirrou os ânimos do clássico. Se os jogadores já se estranhavam em campo, tudo ficou multiplicado assim que Medina pôs a bola na rede. A Ponte, de centrada no primeiro tempo, perdeu toda a tranquilidade e passou a errar passes fáceis e dar espaço ao Guarani, que quase fez o terceiro aos 29. Neto cabeceou e Bruno fez ótima defesa.

As participações de Bruno foram bem mais frequentes do que as de Emerson, e tudo graças a Fabinho. Depois de decidir nas quartas contra o Palmeiras, o atacante se recuperou da expulsão no dérbi da primeira fase em grande estilo. Do outro lado, Roger foi poucas vezes acionado e Renato Cajá muito bem marcado por Éwerton Páscoa. Mas cabia a outro decidir o clássico.

Aos 41 minutos, Danilo Sacramento encontrou Oziel livre pela direita. O lateral ergueu a cabeça e cruzou na medida para Medina. O baixinho subiu entre os gigantes da zaga da Ponte e desviou no canto direito. Bruno Fuso até tentou tocar nele, mas não impediu o terceiro gol bugrino, para a explosão do Brinco de Ouro.

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